IMAGEM DESTACADA: Girassol fotografado em frente à destilaria de lavandas Terraroma Jaubert, em Valensole.
Em 2013, aos 66 anos de idade – já bem crescida e com direito a levar na bolsa a chave de casa -, decidi lançar voos mais altos e sair do confortável espaço aéreo brasileiro, traçando eu mesma um roteiro. Antes disso, viajava em companhia de amigos ou em excursão.
Até então, minha insegurança me tolhia e eu me crivava de perguntas transbordantes de “mas…”, e de “se…” que só reforçavam minhas dúvidas. Ora, se eu traçava roteiros pelo meu Brasil!…sil!…sil!… afora, por que não pensar em além mar?
Foi aí que, ao começar a delinear minha aventura na internet, apareceu um site maravilhoso sem que eu tivesse que chamar por qualquer gênio de lâmpada (de led) que fosse mochileiro prá me dar um help: www.conexaoparis.com.br! Pronto! Estava tudo resolvido.
No Conexão Paris descobri restaurantes, cafés, brasseries e exposições, além de como adquirir bilhetes por antecipação para diversas atrações – Tour Eiffel e Museu do Louvre são exemplos.
Aprendi que podemos fazer passeios de um dia às cidades mais próximas utilizando o melhor dos meios de transporte: o trem.
Anotei endereços de lojas de roupas e calçados a preços convidativos e onde comer o melhor chou ou o melhor chocolate; enfim, tudo já selecionado, mastigadinho para o leitor. Ah! E até um passeio de bicicleta à noite, descolamos quase na véspera de voltar a Lisboa!
Pelo CP cheguei à Ana Tereza Antunes de Araújo-Merger, Anaté, do www.naprovence.com e ao Marcos Arroyos – brasileiro que trabalha com transfers e passeios em Paris e arredores, de mais elegância em gestos, palavras e vestimenta que um príncipe.
Com Anaté, em 2013 e 2014 alugamos apartamento em Aix-en-Provence, em frente à Mairie (melhor, impossível) e percorremos – eu e meu fiel escudeiro, grande amigo e parceirão de viagens Morlaix Nogueira – algumas cidades da Provence em companhia de nossa estimada guia Leonor.
Em 2013 choveu muito e, apesar de termos chegado à Aix-en-Provence na época certa para ver os campos floridos de lavandas e girassóis, por conta desse aguaceiro as flores abriram mais tarde e não conseguimos vê-las. Mesmo assim, foi maravilhoso. Marcou e deixou a saudade expressada em um texto que escrevi para Anaté e que transcrevo a seguir:
“Minha alma canta…
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade”.
(Antonio Carlos Jobim)
Após 43 dias de viagem retorno ao Rio de Janeiro – terra natal, útero aonde ainda vivo, asa que me abriga, meu cais – e mato a saudade impiedosamente.
Mas… o que fazer com a saudade que sinto da Provence e de todos os lugares por onde andei? E como viver agora sem o perfume dos jasmins de Aigues Mortes que sobem paredes sem pedir licença, e sem as rosas que estão por toda parte disputando molduras de portas e janelas? Como ficar sem sentir o perfume do tomilho do Gorges du Verdon?… E agora?
Mal esfriam as rodinhas de minhas malas e me surpreendo a pensar em novos caminhos pela Provence e a rabiscar estradas nos mapas, como cobria um desenho quando criança.
A distância que nos separa é grande, é verdade. Mas… e se eu fosse a Mulher Aranha? Cobriria todos os mares e oceanos com uma imensa teia e mataria “as saudades” de todos os continentes que quisesse, sem o menor esforço!… De bagagem, apenas o peso de meu corpo. Nada de malas, aduanas, passaportes… Livre, assim.
Adoro esta força que me impulsiona a carregar sempre uma mala. Uma coisa inexplicável que vem de dentro, sabe? Como uma teimosia, uma birra de criança, que fecha os olhos, grita, infla veias, bate pé e insiste. Mas, insiste em quê? Em viajar, claro!…
E viajar tem seu preço; que por mais alto que seja, sempre valerá à pena.
Mas… e daí? Como matar então esta “saudade” da Provence? Pagando o preço e voltando aos lugares de onde acabei de chegar.
E voltei no ano seguinte! Em 2014, independentemente de termos chegamos à Provence um pouco mais tarde, não choveu tanto e pudemos nos integrar e desfrutar, finalmente!, da lindeza dos campos floridos do Sul da França.
Que planeta é esse, dotado de tanta beleza? Que mundo é esse, que nos faz arrepiar a pele e sentir que há uma Força Estranha – tão cantada por Roberto Carlos -, orquestrando todas essas paisagens, definindo cores, formas e perfumes que inalamos à beira das estradas? Jasmins, rosas, lavandas, tomilhos… sem contar o delicioso cheiro da terra molhada pela chuva!
E o passeio de balão, outro achado, agendado por Anaté? Quer ter uma idéia? Clique aqui.
Pelo Conexão Paris, onde tudo começou, descobrimos o Sul da França e o deixamos descoberto – motivo de sobra para voltarmos com qualquer desculpa, claro.
Por intermédio de Anaté conhecemos Leonor, nossa querida guia e dublê de motorista; uma pessoa prá lá de especial que não media esforços para nos contentar. Desdobrava-se em gentilezas e boa vontade o tempo todo. Uma profissional ímpar que nos cativou sobremaneira ao deixar aflorar, sem constrangimentos, seu lado criança com o qual nos identificamos.
Descobrimos o profissional simpático e obsequioso Marcos Arroyos que nos pegou na Gare de Lyon, em Paris, na porta do vagão do TGV ao chegarmos de Aix. Marcos é imprescindível para nós. Recentemente, colocou no ar sua página maravilhosa em famosa rede social, de onde explica tim-tim por tim-tim os serviços de que dispõe para os turistas. Marcos está aprimorando cada vez mais sua atividade e isso é ótimo para todos nós.
Essa cadeia de contato com brasileiros foi fundamental para mim e Morlaix, dois idosos meio aventureiros com alma de criança. Sentimo-nos seguros. Essas pessoas que não por acaso estiveram presentes em nossos caminhos foram verdadeiros achados.
Agora, vacinados, e conhecendo o caminho das pedras, não há quem nos segure…
Obrigada a todos que fizeram parte dessa aventura!
Marília querida. Belíssimo texto. Aguardo com impaciência os próximos. Um grande abraço.
Maria Lina! Obrigada! Quem tem muito a lhe agradecer sou eu.
Fica combinado: todas as vezes que postar o CP em meu “bebê”, comunico-lhe, certo?
Abraço cordial e muito obrigada.
Quem lhe agradece sou eu. Foi o Conexão Paris que ampliou minhas asas. Obrigada, Maria Lina!
Nunca me canso de admirar esse vídeo, quanto mais o assisto mais me sinto presente nessa aventura, lindo, absolutamente deslumbrante em todo a sua riqueza de detalhes criativamente abordados.
Rosa Silva
Rosinha, você, como sempre, amiga, me empurrando prá frente. Só tenho a lhe agradecer. Mais um pouquinho e você verá mais cores da Provence. Da minha Provence. Bjks.
Rosinha, realmente, foi um passeio que guardarei na memória. Uma oportunidade que não poderia deixar escapar. Bjks.
Oi Marilia, a matéria ficou ótima! Muito obrigada pelo que toca a Na Provence. Um grande abraço e até proxima visita.
Anaté, minha querida.
Foi com grande satisfação que fiz esta merecida postagem.
A Provence é muito mais que isso, sabemos nós. E graças a você tivemos o privilégio de saboreá-la.
Beijocas e até a próxima.
Outras referências virão lá na frente. O agradecimento é todo meu. Abraço cordial e até a próxima.