ARGENTINA EL CALAFATE . Estância Cristina, OK. PONTO DE VISTA DO GLACIAR UPSALA: Tremenda Furada!

IMAGEM DESTACADA: antiga roda d’água da Estância Cristina.
Roda de água sub axial – como o próprio nome indica, neste tipo de roda a água passa por baixo de seu eixo.

Simples esclarecimento: em lugar de caixinhas – outro sistema de captação de energia -, essas rodas possuem “lemes”, ou aletas, que ficam em contato com a água de um rio ou de outra fonte que tenha correnteza.
A qualidade da energia gerada por essa fonte em movimento está diretamente ligada a sua velocidade. Foi este rio que gerou energia (cinética) para alimentar a estância durante muito tempo.

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No mapa do Google Earth fiz a marcação da Estância Cristina

A saída do hotel é em torno de 7.30 h da manhã, rumo ao Puerto de la Cruz, em Punta Bandera.  Pelo que se vê na foto abaixo, entende-se que o cais e as embarcações são exclusividade da estância.

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A estrada por onde trafegamos margeia o Lago Argentino – oportunidade de assistir ao despertar do Sol e ao renascer da cor verde da água do lago, que vai ficando cada vez mais suave.

O catamarã é bem confortável e lhe afirmo com segurança que desse conforto se desfruta muito mais na volta do passeio: turistar também cansa e sempre rola um cochilo.

Às 8.30 horas já estávamos navegando. Clique aqui e assista a um vídeo rápido dos primeiros momentos de nossa partida.
Até nossa chegada ao cais da estância foram 3 horas de navegação entre icebergs – um espetáculo indescritível que tento lhe mostrar aqui neste outro vídeo.
Essa demora é explicável: o piloto diminuía a velocidade da embarcação ao se aproximar dos icebergs mais atraentes, a fim de que todos pudessem registrá-los à vontade.


Onde permaneceu por mais tempo foi no bloco de gelo que você verá a seguir clicando aqui.

Jamais pensei que fosse me aproximar tanto de um iceberg! Foi o mais impactante, o que permitiu ao piloto encostar, com maestria, em um de seus lados – momento de deslumbramento por ver tão de perto, quase ao alcance de nossas mãos, essa escultura única, talhada pela mágica natureza.

Após a atracagem no cais da estância fizemos uma caminhada de aproximadamente 20 minutos até chegarmos ao restaurante. De lá seguimos até o Rio Caterina – nascente no Lago Anita e desembocadura no Lago Argentino – onde a guia nos apresentou à antiga fonte de energia que nutria a estância: a roda d’água que você vê na foto em destaque e aqui embaixo.

Aqui abaixo, um pé de calafate – uma frutinha que nasce em arbusto extremamente espinhento.

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Almoçamos, fizemos uma visita a um antigo galpão de tosqueamento de ovelhas transformado em museu, e de lá seguimos em veículo 4×4, por 10 km, até ao Refúgio Upsala.  

No restaurante, objetos preservados ajudam a contar a história da estância fundada em 1914.

Para quem procura isolamento para descansar é o lugar ideal: a propriedade conta com um hotel (Estância Cristina Lodge) de acomodações muito confortáveis, espaçosas e decoração digna de nota.  Não tive tempo para visitá-lo, mas pesquisei a respeito e as indicações são positivas e elogiosas.

A decoração rústica do restaurante chama atenção pela originalidade: a quantidade significativa de utensílios destinados a uso doméstico, conservação da propriedade e locomoção de seus habitantes, mostram aos visitantes que quase nada mudou desde então. Explico: houve, sim, aprimoramentos e empregos de novos materiais para determinados instrumentos tais qual o esqui, considerado o meio de transporte mais antigo de que se tem notícia.
O garrafeiro preso na parede, outro exemplo, é antigo!… Mas, quem há de dizer que não se trata de design atual?!
A título de curiosidade: fósseis encontrados na Sibéria e no norte da Escandinávia apontam que em 8000 A.C. o esqui já era utilizado como meio de locomoção. Mais informações a respeito do assunto, clique aqui.

O restaurante é amplo, limpíssimo e de aconchegante simplicidade. De qualquer lugar onde você esteja, terá a natureza como companhia.

O almoço foi soberbo: pães quentes e deliciosos (fabricados na própria estância) abriram os trabalhos. Como entrada, a única empanada que comi na vida que estava deliciosa. Massa fina como se fosse folheada. Ah, se todas fossem iguais a essa.

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Fartura na entrada para uma pessoa!

Como prato principal escolhemos massa – a outra opção era o tradicional e famoso Cordeiro Patagônico, que não chegamos a experimentar. Muito bem temperada, ao dente, veio fumegante para a mesa. Delícia!

De sobremesa, fomos contemplados com essa torta maravilhosa que dispensa qualquer comentário. Uma dose de glicose na veia, mas… fiz um sacrifício e abri uma excessão.

Após o almoço fizemos um rolê pelo galpão de tosqueamento de ovelhas, que hoje abriga um museu.

A seguir da visita ao museu rumamos para o ponto de vista do Glaciar Upsalla. Na volta fizemos uma parada no refúgio a fim de assistirmos a uma palestra a respeito de tudo que você possa imaginar referente à estância. O assunto despertou tamanho interesse nos visitantes, que só ouvíamos o forte assobio do vento cantando lá fora. Nota dez para o palestrante.

Essa caminhada até ao “ponto de vista” nós dispensaríamos numa boa. Primeiro, porque o vento frio e cortante incomodou na caminhada; o terreno é irregular e em aclive – lindo, mas cansativo demais. Pode ser muito interessante para os mais jovens, mas para nós foi sacrificante. E mais: não nos deixaram permanecer onde estacionaram os jipes: tivemos que embarcar nessa canoa furada mesmo contra nossa vontade, e ainda por cima… à beira de um enfarto.  A paisagem é linda, mas não valeu o esforço.

Na foto abaixo, o Glaciar Upsalla visto à léguas de distância do ponto em que estávamos – pura enganação. Por isso citei acima que essa parte do mirante não foi compensatória.

O ponto positivo ficou por conta do discurso do jovem guia. No mais… se você pensa que verá o Glaciar Upsala tal qual vê o Perito Moreno, vai “mofar com as pombas na balaia”*.
A geleira, repito, está muito distante, e por isso acho que deveríamos ter sido avisados. Incluem na programação um atração “pega-turistas” justo no final, claro.

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O Upsalla visto pelo zoom de minha máquina fotográfica que não é lá essas coisas; ou seja, não adiantou nada.

Sem receio de exagerar: nem com o auxílio do mais recente lançamento da Hitachi – o microscópio MET – seria possível apreciá-la satisfatoriamente do ponto em que estávamos.
Voltamos para sede da estância e de lá retornamos para El Calafate. Felizmente os jipes nos levaram até ao cais, o que ajudou bastante: poupou-nos daquela caminhada de 20 minutos. Excluindo esse arremate do glaciar, o passeio valeu.


E como não poderia faltar uma “foto mico”, aqui estão algumas. Publico-as sem constrangimento. Afinal, tivemos o privilégio de mastigar uma pedra de gelo de um iceberg de quantos anos?

Maquete do que seria nosso Pão de Açúcar coberto de gelo…

E como diriam os “quiriduxx” manezinhos da Ilha de Santa Catarina: “Dázumbanho”, Argentina!

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