O DICIONÁRIO MANEZÊS trata de vocábulos herdados dos colonizadores portugueses que também aportaram na Ilha de Santa Catarina, capital Florianópolis, dentre outras cidades do Estado. Esta herança lusitana fincou raízes na ilha e rendeu frutos que até hoje não deixam dúvidas a respeito da origem dos manezinhos. Saiba muito mais clicando aqui.
SIGNIFICADO DO TÍTULO
Primeiramente, gostaria de explicar o que significa “Istepô”. Trata-se de uma palavra muito utilizada pelos habitantes da Ilha de Santa Catarina, onde fica a cidade de Florianópolis, meu segundo berço, parte de mim.
ISTEPÔ, ISTEPOR, ESTEPÔ, IXTEPÔ ou ESTEPÔR,
não importa, significa aquele sujeito mala e também o que é do contra; é o chato de galocha que ninguém faz questão de ter por perto. Muito pelo contrário, é aquele que quando diz que vai viajar todos comemoram. Este é o ISTEPÔ que o presente blog manda viajar.
Por outro lado, também é dito em tom de brincadeira. Exemplo: quando o istepô faz troça ou prega uma peça com alguém.
O título do blog foi batizado por meu irmão – Istepô DOC -, A. Boos Gomes, carioca por nascimento assim como eu e habitante da ilha deste 1984. Sente-se diplomado como autêntico “manézinho”, como faz questão de dizer, e de cujo título muito se orgulha.
Fora da capital Florianópolis alguns vocábulos atravessaram a ponte Hercílio Luz e foram adotados por colonizadores que não os portugueses. Mas, é na Ilha de Santa Catarina onde o dialeto manezês é mais fluente.
A bem da verdade, estas palavras significam uma gota d’água em um oceano de expressões utilizadas pelos “manezinhos da ilha”, os antigos “Manoéis” procedentes dos Açores.
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ARROMBASSI
Normalmente acompanhado pela palavra “istepô” (arrombassi, istepô), possui vários significados.
Interessante ressaltar a versatilidade da expressão, que tanto pode significar um feito grandioso – Guga Kuerten pode servir de exemplo: “Arrombassi, guri” -, quanto uma “chamada de atenção”; uma “reprovação”. Em uma má situação, pode-se dizer: “Arrombassi! Queres que eu me dane todo?”
Alguns termos do Dicionário Manezês são mais utilizados que outros. Este, é bem popular.
BOCA MÓLI
é o indivíduo meio apatetado, atrapalhado; diz-se para quem não é esperto.
BUCICA
Cadela.
CAGAÇU
Susto
DÁZUMBANHO!
trata-se de uma expressão usada para dizer que a pessoa acertou em cheio em algum feito; conseguiu uma faceta; alguém muito inteligente e que define algo com precisão de relógio suiço. Um mestre em alguma coisa. Trata-se de outra citação bem popular.
DEU
Virou sinônimo de “está bem”; “está bom”; “é suficiente”; “já chega” e do termo carioquês “pó pará por aí”.
DIJAÔX
Literalmente, significa “hoje”, mas no sentido de algo ocorrido pouco tempo atrás daquele momento. Seria o “ainda há pouco” ou o “agora há pouco”.
ÉZUM MÔNXTRU!
é dito quando a pessoa faz alguma coisa além do normal. Uma pessoa altamente capacitada naquilo que faz.
INTICAR
É o mesmo que dizer para alguém não implicar com outra pessoa ou consigo mesma. Ex.: “Pára de inticar comigo!”
IXTROVÁ
O mesmo que estorvar ou atrapalhar. Atarantar, perturbar.
MANDRIÃO – Preguiçoso, indolente.
MANEZINHO
Apelido bem humorado dos nativos da Ilha de Santa Catarina. O Manezinho, literalmente, é aquela pessoa de aparência humilde e de vestes simples, que enfatiza o vocabulário manezês. Esse dicionário diferenciado, somado ao sotaque do ilhéu, muitas vezes confunde quem não está acostumado a ouvir um autêntico manezinho falar. Por incrível que lhes possa parecer, a letra S é pronunciada tal qual fazem os portugueses. Por este motivo, as palavras do dicionário estão escritas com X e CH com o objetivo de ressaltar a pronúncia.
MATASSI A PAU – Acertou em cheio. Deu um banho.
MÓFACH C’AS POMBAS NA BALAIA
Aquele que “cria raízes” de tanto esperar por alguma coisa.
Segundo sabedoria popular, a expressão foi utilizada por uma consumidora ao discordar do preço cobrado por um vendedor de pombas, que as expunha em um balaio. Como após algum tempo não chegaram a um acordo a respeito do preço, a senhora desiste da compra, mas antes de ir embora lhe diz em alto e bom som: ” Vaich mofar c’as pombas na balaia!”
Expressão muito utilizada na Ilha de Florianópolis, para dizer que se a pessoa não mudar de opinião, não agir, não progredirá. Vai cansar de esperar por alguma coisa.
Mô QUIRIDU – É o óbvio “meu querido”. Termo carinhoso (ou debochado), também muito utilizado pelos habitantes da ilha.
NÃO TEM? – Muito utilizada por meu mano, significa uma confirmação daquilo que se diz. É o conhecido “sacou?”
ÓI-ÓI-Ó! ou Ó-LHÓ-LHÓ! – Termo versátil, usado quando alguma coisa ou alguém causa admiração, surpresa, indignação.
RENAR – Não rene! Ou, mais popularmente, “não rena!”. Não emburre! Não faça birra!
TÁS TOLO? – Expressão que indica reprovação por alguma besteira cometida por outra pessoa.
TANSA/TANSU
“Tu és uma tansa” ou “Tu és um tanso”. Um abobado; alguém sem iniciativa. Quem é muito “parado”. Ingênuo; pateta. Termo do Dicionário Manezês muito utilizado.
TIARRANCA! – É o “rapa-fora”, o suma, sai da minha frente, desapareça, “vaza!”
TOLERÃO – é o indivíduo tolo demais; o abestado.
UMA NABA
Dificuldade pela qual uma pessoa passa na vida. Falta de dinheiro, por exemplo; diz-se que o indivíduo está numa naba. O trânsito estava uma “naba”.
Estas são algumas das centenas de expressões próprias do vocabulário manezês, ainda empregado pelos habitantes da Ilha de Santa Catarina.