Nosso comprovante de itinerário informava como alvo de nosso passeio apenas o Vulcão Osorno. Não imaginávamos que fizéssemos uma parada em uma localidade pitoresca para o apreciarmos a distância, tomarmos um bonito café em uma graciosa cafeteria, e ainda apreciarmos uma criação de lhamas e alpacas.
IMAGEM DESTACADA – Clique na subida do Osorno.
1- LHAMAS e ALPACAS, GUANACOS e VICUNHAS – QUAIS AS DIFERENÇAS?
Nem precisávamos perguntar nada porque nosso cativante guia logo satisfazia nossas curiosidades.
Negó seguin: as quatro espécies representam a família “camelódromo” na América do Sul.
Guanacos e Vicunhas são selvagens e Lhamas e Alpacas são domésticas.
1.a) GUANACOS
têm a cor cinza na face, orelhas pequenas, em pé, abdômen e tórax com pelos brancos e olhos grandes, castanhos, que lhe servem para dar alertas. Vivem em planaltos áridos em nível de 4.000 metros de altura e são abundantes no Peru. Podem passar até 4 dias sem beber água.
1.b) VICUNHAS,
por conta de seu pelo fino, cuja lã é muito valorizada no comércio, esteve à beira da extinção. Tal qual o guanaco, habita terrenos áridos entre 3.000 e 5.000 m acima do nível do mar.
1.c) LHAMAS
Trata-se de outro mamífero ruminante, mas com uma grande diferença dos guanacos e vicunhas: é de pelagem longa e lanosa.
É utilizado para transporte de carga, produção de couro, carne e lã. É o mais explorado. Seu habitat é a Cordilheira dos Andes. Animal calmo, mas facilmente irritável. E quando isso acontece, espirra um muco na direção do objeto provocante. Pode também valer-se do mesmo recurso para chamar atenção. Alimentam-se de mato e capim.
1.d) ALPACA
é a mais fofa de todas por assemelhar-se a um bichinho de pelúcia. É toda roliça. Animal oriundo do norte da Argentina, de pelo mais longo e macio que a lhama, é criado para produção de lã, unicamente.
Trata-se de animal manso, mas, tal qual a lhama, espirra muco para defender-se ou agredir.
O pelo da alpaca pode variar de cor, chegando a 22 cores.
Terminada essa etapa fomos visitar a…
2 – LAGOA VERDE,
escondidinha no Parque Nacional Vicente Pérez Rosales.
Até o momento em que nosso guia RRo-RRe* anunciou o passeio, desconhecia a existência dessa lagoa.
(*Era assim que nosso guia Jorge pronunciava seu nome e fazia questão de ser chamado – com todos esses “erres”, só para mexer conosco. Era puro gargarejo. Jorge caprichava na emissão gutural dos “J”, “G” e “R”, pronúncias que nada a ver com nosso idioma.)
RRo-RRE conquistou-nos assim que foi nos buscar no hotel. Pessoa tranquila, simpática, engraçada, de boa vontade, e profundo conhecedor de sua profissão. Deixou saudade. Brincou conosco o tempo inteiro, a ponto de vez ou outra nos lembrarmos de alguma expressão que usava ou de uma brincadeira que fazia. E as expressões faciais? Quando me viu gravando suas aulas – sim!… RRo-RRe é um baita professor! – foi uma comédia. Rimos prá valer.
3 – O PARQUE NACIONAL VICENTE PÉREZ ROSALES
é famoso por nos oferecer um leque de acidentes geográficos de incomparável beleza, tais como o Lago Todos Os Santos, a vista inconfundível do Vulcão Osorno (2.652 m) com seu cume eternamente nevado, o Vulcão Pontiagudo (2.493 m), belíssimo, que me faz lembrar o Everest, o Cerro Tronador, poderoso, com 3.491 m de altura, 7 glaciares e três picos, localizado na fronteira entre Argentina e Chile, e ainda os Saltos de Petrohué – pequenas quedas d’água formadas pelo leito bastante irregular do Rio Petrohué. Rio que tornou-se atração imperdível, próxima de Puerto Varas, em razão da cor verde esmeralda de suas águas. O rio exibe 36 km de rara beleza. Sua cabeceira fica no Lago Todos os Santos que, por sua vez, tem origem glaciar. Essas são as jóias mais apreciadas no parque.
Muitos desconhecem, mas as Cachoeiras de Petrohué podem ser admiradas de perto, desde que se contrate um circuito de jet boat.
4 – CAMINHADAS
Esses são os pontos cinematográficos mais admirados pelos visitantes, mas isso não é tudo. Nesse parque é possível praticar vários tipos de esportes e caminhadas pelas trilhas talvez seja a opção mais cômoda. O visitante poderá optar pela trilha Los Enamorados, Véu de Noiva, Rincón de Osorno e Desolación.
No inverno o visitante poderá praticar: caminhadas na neve, montanhismo, passeios de bicicleta, de caiaque no rio, escaladas, rafting, além de pesca recreativa e observação de aves e animais. Dentre estes, figuram os Pudus (o menor cervo do mundo, lindo!), as Pumas (onça parda), as Doninhas (texugo, furão). E mais: caminhadas em florestas de bambus, olmos, oliveiras e cinamomos.
5- LAGOA VERDE
Diante das atividades supra citadas, a caminhada pelo sendero até a Lagoa Verde chega a ser perda de tempo. O tempo dispendido nesse item do roteiro poderia ser somado ao de nossa subida ao Vulcão Osorno, a próxima parada.
6- VULCÃO OSORNO
Na primeira vez em que lá estivemos, não tivemos tempo para apreciar tudo que nos emoldurava – míseros 20 minutos, um absurdo!
Desta vez nosso guia foi mais benevolente; tivemos mais tempo para desfrutar das paisagens e do próprio vulcão, mas ainda não foi suficiente para nos aproximarmos de uma das crateras, localizada bem próxima de onde estávamos – o ponto de descida do teleférico. O Osorno é para ser degustado.
6.a) COMO CHEGAR
Nas duas vezes em que lá estivemos, optamos por uma empresa de turismo; nesse caso, sabemos, há limitação de tempo para o visitante retornar à base – a meu ver, essa é a desvantagem.
Caso opte por alugar um carro, você disporá de seu tempo como bem entender – a vantagem. Entretanto…, no inverno…, todo cuidado na estrada é pouco!
Nossa operadora foi a LS Travel Puerto Varas, excelente, a começar por nosso guia RRo-RRe. Não descarto a possibilidade de a contratarmos novamente em outra oportunidade.
A estrada é íngreme, cheia de curvas, e devido a isso provocou-me tontura, pressão no ouvido e náusea. Tudo bem rápido, mas é bom avisar que isso poderá acontecer. A base de apoio aos turistas fica a 1.240m de altitude!… Não é “logo ali”!… Sobe-se muito e é justamente nesse ponto que fica a bilheteria para aquisição dos tickets dos teleféricos, que o visitante poderá fazer no seguinte esquema: caso opte por chegar ao ponto mais alto, 1.700 m, deverá adquirir dois bilhetes; caso opte por descer na primeira estação, compra apenas um. Este primeiro estágio fica a 1.450 m de altitude e o passageiro leva aproximadamente 12 minutos no percurso.
Caso desista de subir no teleférico, poderá fazer um bonito lanche na cafeteria ou almoçar no restaurante. Há estacionamento, banheiros e ainda loja de lembranças.
VISITAÇÃO
O vulcão está aberto à visitação durante todo o ano e, no inverno, funciona como estação de esqui. Poucos sabem, mas há uma caminhada guiada até ao glaciar e uma descida de tirolesa até ao ponto de apoio.
O Osorno me emociona. Primeiramente, não são todos que têm oportunidade de visitar um vulcão, inda mais eternamente nevado em seu cume. Cume?! Ou seria sua coroa, tamanha sua majestade?
Sou privilegiada por tê-lo sentido em minha pele duas vezes. Sim, sim!… Pele! Subir o vulcão, é arrepiante! Mas, o que tem de tão especial o Osorno? Tudo.
Por mais eufórico e sem foco que o visitante esteja e não sabendo para que lado olhar primeiro, haverá um momento em que será surpreendido pelo silêncio. Um silêncio que se impõe e que o obriga a afinar-se com ele e ouví-lo!…
Ouvir o impressionante silêncio que ouso chamar de o barulho do tudo e do nada é mágico! E no momento em você se der conta, estará totalmente envolvido por ele…
É como se você estivesse solto no Espaço! É uma sensação in-des-cri-tí-vel. E não importa quantas vezes você a vivencie, será como se fosse a primeira vez e esta vez será sempre única…
De seu ponto mais alto, em dia ensolarado, vemos a Cordilheira dos Andes quase que ao alcance de nossas mãos e bem ao lado do Osorno!
Podemos admirar o Lago Llanquihué, lááá embaixo, competindo em majestade com o poderoso Vulcão Calbuco que, por sua vez, rivaliza em beleza e pujança com aquele que é considerado o mais belo do mundo – o “meu” Osorno.
Nosso guia RoRR-RRe informou quantas crateras tem o Vulcão Osorno, mas não me recordo exatamente do número. Na descida vimos duas que não tivemos tempo para visitar, mas, em uma próxima visita ao vulcão...