RIVIERA FRANCESA – Mônaco, Èze e Villefranche-Sur-Mer são localidades que fazem parte da Riviera Francesa ou Côte d’Azur. Melhor dizendo: é uma parte do litoral do sul da França que corresponde à Provence-Alpes-Côte-d’Azur, banhada pelo Mar Mediterrâneo.
ANTES DE ESCREVER A RESPEITO DESTE PASSEIO
pesquisei quais cidades banha aquele mar de indescritíveis transparência e cor, e encontrei informações destoantes.
Diante dessas estatísticas conflitantes consultei uma fonte que todos conhecem: o Google Earth. Este programa definiu como Provence-Alpes-Côte-d’Azur, uma extensão superior à 400 km. Esta faixa litorânea abrange desde Aigues Mortes, França, até Menton – uma cidade fofa, na fronteira com a Itália.
IMAGEM DESTACADA – Porto de Fontvieille, visto do observatório.
A RIVIERA FRANCESA
compreende cidades que conquistaram fama por serem balneários de mar tranquilo e de azul incomparável. Nice, Saint Tropez, Antibes, Le Lavandou, Saint Raphael, Villefranche-sur-Mer ajudam a compor este cenário.
Cannes conquistou fama por seus festivais de cinema. Menton é famosa pela farta colheita de limão e, como resultado, anualmente, desde 1928, comemora sua produção com a Festa do Limão.
Montecarlo é conhecida pela corrida de F-1, por seus cassinos, pelos moradores ricaços, marinas com belos iates, e pela realeza. E não nos esqueçamos da cidade que conquistou fama pela fabricação de perfumes: Grasse.
E em Sainte-Marie-de-la-Mer comemora-se a festa em louvor à Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos católicos.
No geral, a fama de Mônaco se deve mesmo ao fato de ser o lugar de divertimento e/ou moradia para os mais ricos do mundo – São 10 bairros em Mônaco, ressaltando-se Monte Carlo.
AIX-EN-PROVENCE
foi nosso ponto de partida para duas idas a Mônaco. A primeira foi em companhia de Leonor – guia e amiga que nos conduziu ao volante de seu carro pelos caminhos da Provence.
NOTA
Para o viajante dependente de transporte público como nós, o ideal é “acampar” em um hotel de alguma cidade que possa lhe servir de base – seu QG – e se movimentar com ônibus, bondes, taxis e trens. Nunca pensamos em alugar carro por falta total de habilidade, e porque seria uma grande preocupação. É esse nosso esquema sempre que viajamos por conta própria.
Nesta viagem tivemos um QG em Nice, outro em Marseille, e o terceiro em um prédio onde alugamos apartamentos em Aix-en-Provence, por dois anos seguidos.
Neste último esquema contamos com o profissionalismo da jornalista e escritora Anaté Merger, autora do naprovence.com, e da guia e motorista Leonor Gonçalves – pessoa acolhedora, de boa vontade, simpática e conhecedora dos caminhos provençais como ninguém. Leonor é formada em Turismo e deste contato nasceu uma valiosa amizade.
A VANTAGEM DESSE ESQUEMA
é que facilita sua movimentação pelos arredores das cidades onde você permanecerá por mais tempo.
UM SIMPLES PASSEIO
AS DESVANTAGENS
Nesse esquema você terá que escolher: ou vê mais atrações passando por elas com a rapidez de quem furta, ou vê menos, mas com tranquilidade. Estivemos duas vezes em Mônaco e saímos frustrados por mais dois motivos. Vamos lá:
1 – ao visitarmos Mônaco em companhia de Leonor, caminhamos por pouquíssimos lugares porque tínhamos que almoçar e ainda visitar Èze e Villefranche-sur-Mer. Não vale! Escolha apenas um lugar!…
2 – retornamos dois dias depois, passeamos muito mais pela cidade, fomos ao Museu Oceanográfico, mas também não foi suficiente. Mônaco oferece muito para o turista e o ideal é permanecer na cidade ou em alguma localidade próxima.
MÔNACO
é uma cidade-estado fundada em 1297 pelos Grimaldi – família originária de Gênova, Itália. Arrisco dizer que poucos sabem que a realeza monegasca descende de franceses e que o Príncipe Rainier III era neto de uma cantora de cabaré. Nada pejorativo, se levarmos em consideração tratar-se de um local de divertimento onde se pode beber, comer, dançar, ouvir música, e/ou assistir a algum show.
O desenho do Brasão de Armas alude à conquista de Mônaco, cujo relato pareceu-me ser “coisa de cinema”.
O TURISMO e OS CASSINOS
sustentam a cidade onde ninguém paga impostos sobre rendimento individual, a não ser os habitantes franceses que pagam impostos ao governo francês.
Mônaco prima pelo luxo de seus moradores, evidenciado nos automóveis caríssimos, nos iates majestosos que substituem moradias, arquitetados com o máximo de conforto e altas tecnologias.
E por falar em arquitetura, o luxo também é espelhado nas construções históricas, verdadeiros monumentos, bem como na ostentação de prédios modernos.
Aquele que é considerado o mais caro edifício de moradia do mundo foi erguido em Mônaco, de frente para o mar. Chama-se Tour Odéon, cujo metro quadrado custa o equivalente a 75 mil €uros – uma bagatela para quem dispõe de um pouco mais de grana que eu.
Hein?
UM POUCO DE HISTÓRIA
A ocupação desse território pelos romanos deu-se no ano II a.C.
Sua vizinha Marseille foi ocupada pelos romanos em 49 a.C. e pelos gregos em VII a.C. Ambas começam a contar sua história muito antes de Cristo, baseadas em achados arqueológicos que provam que a região de Marseille já era habitada há mais de 30.000 anos. Marseille e Mônaco foram ocupadas desde a pré-história!
INSTITUTO OCEANOGRÁFICO
Em nossa primeira visita à cidade só passamos pela entrada do Instituto Oceanográfico. A visita ao Templo do Mar aconteceu poucos dias após e mesmo assim não foi como desejávamos.
Em seus 6.500 m², preserva cerca de 6.000 espécies de plantas e animais marinhos. Não se trata apenas de uma exposição, mas de uma escola, um santuário de preservação de espécies. Há muito o que dizer a respeito desse museu que encanta crianças, jovens e adultos desde sua inauguração, em 29 de março de 1910. Jacques-Yves Cousteau, célebre oceanógrafo, documentarista, cineasta, inventor e mergulhador o administrou por décadas, a partir de 1957.
O JARDIM SAINT-MARTIN
está localizado no bairro Monaco-Ville e possui área de 11.200 m². Foi construído em 1816 com a finalidade de oferecer trabalho aos habitantes da cidade, abatidos pela fome que derrubava o Principado.
A cidade é o que se vê nas fotos: bonita, limpa, organizada. Prédios limpos, sem rachaduras, mofo ou qualquer tipo de sujeira que comprometa suas aparências.
O movimento das ruas era intenso e os restaurantes mais populares estavam cheios. Almoçamos e partimos para…
ÉZE-SUR-MER
HAJA FÔLEGO!
Èze cresceu entre Mônaco e Beaulieu-sur-Mer. Devido sua localização – ocupa um penhasco cujo ponto mais alto está a mais 400 metros -, parece que foi espremida pelas vizinhas.
Èze começa sua história por volta de 2000 a.C. Também foi ocupada por romanos e mouros, e só foi designada território francês a partir de 1860.
Leonor estacionou o carro no pátio de um restaurante onde tomamos um café. Um “aditivo” que aumentasse nossa força muscular, era tudo o de que precisávamos naquele momento. Demos meia-volta, respiramos fundo e começamos a subir.
Ficou claro que o destino da mala era o Chèvre d’Or, conceituado hotel onde o estimado chef David Jaubert, proprietário do Le Bistrôt du Cuisinier e L’Atelier du Cuisinier, mostrou sua arte. Para quem ainda não conhece Monsieur Jaubert, ele está no Bistrôt nos seguintes dias e horários:
JANTAR: de 3ª a 5ª de 19 h às 22:30 h; 6ª e Sábado das 19.00 h as 23.00 h;
ALMOÇO: Domingo das 12h as 15:30h;
FECHADO: às segundas-feiras e feriados.
VILLEFRANCHE-SUR-MER
Gostamos tanto do balneário em nossa rápida visita de 2013, que retornamos no ano seguinte. Faz alguns anos que lá estivemos, mas isso nada tem a ver com as imagens e comentários postados. Basta pensar que tudo que importa está no mesmo lugar desde 1295, ano da fundação do balneário.
COMO CHEGAR
Clique aqui e saiba que ônibus tomar e aonde. Caso prefira viajar de trem, há uma estação de onde ser descortina bela vista da Plage des Marinières.
Villefranche-sur-Mer conta com um porto chamado La Darse, que não aparece nas fotos. Segundo nossas guias, a profundidade do mar é muito grande nessa área, o que resulta na ancoragem de grandes transatlânticos afastados do cais. Por isso o porto utiliza balsas para transportar os passageiros.
A Igreja de Saint-Michel de Villefranche-sur-Mer foi construída no início do século XIV e reformada no final do século XVIII. Localiza-se no Centro da Cidade Velha e faz parte do arquivo de monumentos históricos.
VIAJANTE INVETERADO
QUANDO TUDO VALE À PENA.
Viajar dá trabalho, mas na hora em que nos surpreendemos com alguma coisa e soltamos aquele baita Óóóóh!, compensa.
Reviver cada momento é também uma viagem e momentos desgastantes viram até piada!
Viajamos em imagens de fotos e de vídeos…Somos viajantes em nossas próprias viagens e naquelas que não são nossas. Também viajamos em filmes, em novelas, em livros e até em um Contos de Fadas ou em uma revista em quadrinhos.
Viajar é “varrer” o que estiver ao nosso alcance, naquela cidade que marcamos no mapa.
A RECOMPENSA
É sentir que nosso trabalho foi recompensado em mínimos detalhes: no descanso em um banco de praça, em uma obra de arte que admiramos em um museu, em um pãozinho crocante e saboroso que abre um almoço ou jantar, em uma chuva que nos surpreende sem um jornal que nos sirva de chapéu, e até em um cafezinho que seja motivo só para usarmos o banheiro do bar.
O viajante inveterado é aquele que chega, limpa sua mala e encosta-a em um canto da casa, prometendo a si mesmo guardá-la “amanhã”. Mentira! No fundo, sabe que a mala, logo, logo, estará novamente na rua…