ARGENTINA . El CALAFATE – Ponto de Partida Para Diversas Atrações da Patagônia (parte II)

IMAGEM em DESTAQUE: Trecho da RN11 – El Calafate/Cerro Frias. Clique efetuado de dentro da van.

Voltei. Desta vez, acompanhada pela família – pessoas festeiras, de bem com a vida, que não reclamam de nada. Nem do frio patagônico. Também, para quem mora há mais de 30 anos em Florianópolis e pega o famoso vento sul pela proa, já tá acostumado.

Antes de seguirmos para El Calafate, ficamos dois dias em Buenos Aires hospedados em um hotel de categoria abaixo de zero; de pomposo, só o nome: Grand King Hotel.

EL CALAFATE: A SURPRESA DESAGRADÁVEL DA CHEGADA.
Assim que me aboletei na van que foi nos buscar no aeroporto, a primeira notícia sem graça veio no envelope que me foi entregue pelo motorista: no rol dos passeios não constava o melhor deles, pago meio ano antes!
Nem entrei no quarto para baixar as tralhas. Na recepção do Don Quijote Hotel pedi encarecidamente à recepcionista que me contatasse com a operadora de turismo responsável pela execução do tal Glaciares Gourmet, a Criollos, cujo funcionário de nome Marcelo, brasileiro, afirmou que não estávamos incluídos no rol de passageiros. Não pestanejei. Passei a mão nos comprovantes e saí quente atrás do prejuízo. Batemos pernas (eu, minha cunhada e meu escudeiro) por mais de 1 hora até encontrarmos a agência.
Em lá chegando, para nossa sorte, fomos atendidos por um funcionário super atencioso de nome Matias. Foi esse jovem que rapidamente constatou o erro e nos informou que estávamos, sim, incluídos no tal passeio. O brasileiro deveria ter consultado a programação da empresa Mar Patag, para quem também a Criollos trabalha, mas não o fez. O programa Glaciares Gourmet é uma criação da Mar Patag.
Matias nos conduziu até lá (empresa vizinha muito próxima da Criollos), informou o ocorrido à recepcionista e, com a rapidez de quem furta, ficou tudo resolvido.
A besteira, na verdade, começou na empresa Brasileiros em Ushuaia aqui do Rio, que errou na digitação dos vauchers.
Por conta dessa falta de atenção inconcebível perdemos mais de duas horas de nossa preciosa tarde.
Concluo que o viajante que contrata serviços de uma empresa de turismo, deve desconfiar de tudo; para começar, deverá ler atentamente os formulários que preenche. Ficar ligado em datas, em preços e em formas de pagamento é fundamental, e mesmo assim ainda corre riscos.
E como dizia Juca Chaves em uma de suas piadas, “Não dá prá confiar nem nas batatinhas.”

1) O CERRO FRIAS
foi nossa primeira saída em El Calafate. Passeio tranquilo que nos permitiu dormir até mais tarde e tomar tranquilamente nosso café da manhã até o transporte chegar.

Não apostei neste programa, mas, felizmente, me enganei. Impressiona pelas paisagens, pelos animais que atravessam tranquilamente a frente do 4×4 e, principalmente, pelo aprendizado.
O respeito pelos animais é prioridade. Caso um guanaco, por exemplo, resolva deitar no caminho, é só desligar o motor do veículo e aguardar.
Uma raposa nos ofereceu um espetáculo que transcendeu nossa expectativa. Imaginamos que a beldade fosse dar uma paradinha e seguir caminho, mas não foi isso que aconteceu.
O animal era lindo! Seu pelo dourado, tal qual a cor do capim queimado pelo frio, poderia camuflá-la. Não tivéssemos a sorte de a beldade atravessar o caminho de chão escuro, provavelmente a fofura não seria percebida.
A raposa bocejou, coçou o pelo, deitou, rolou, esfregou as costas no capim, levantou, deitou novamente… Deu um show! Parecia saber que havia uma platéia lhe pedindo mais tetéias. Mas…, cansou, e em determinado momento sumiu, protegida pela relva tão loura quanto seu pelo.

Pelo vídeo que exponho a seguir, é possível se ter uma idéia do programa e do almoço que nos foi servido em ambiente acolhedor, construído com o objetivo de propiciar aos visitantes um cenário de singular beleza.
O visitante poderá optar ou não pelo almoço. Incluí-lo no roteiro é excelente escolha. Clique aqui para assistir ao vídeo.

2) SAFARI NÁUTICO 
Em 2016 embarcamos em um catamarã atracado em um pequeno porto – Puerto Bajo de Las Sombras  no Lago Rico, bem próximo à parede sul da geleira Perito Moreno.
Este porto é particular. Está localizado a 6 km de distância do mirador e pertence à empresa Hielo e Aventura, responsável pelas caminhadas no Perito Moreno. Tivemos oportunidade de vivenciar essa aventura; chegamos a pagar a caminhada mas, devido ao cansaço, acabamos desistindo. Lamento até hoje.

Paredão sul do Perito Moreno

O Safari Náutico promovido por essa empresa dura aproximadamente 1 hora. Assista ao vídeo clicando aqui.

Retornamos ao porto, embarcamos na mesma condução e rumamos em direção ao Restô del Glaciar – um restaurante com capacidade para 140 pessoas (era o que anunciavam, mas, pelo movimento que encontramos, penso que havia muito mais que isso), que oferecia vários tipos de refeições: desde um simples café a um buffet livre com bebidas incluídas.
Esse local foi desativado e os comes e bebes estão agora em localidade antigamente acessível por taxis que paravam nas proximidades desse restaurante, ou… pela viação canelinha – as pernas. É tão bom quanto.

Além da fartura de cardápios, desfrutava-se de um cenário impactante de qualquer lugar do restaurante onde você estivesse.

Por que escrevi “oferecia”? Porque agora, em março de 2018, passei por lá e vi o Restô vazio! Não estaria mais funcionando? Não entendi. Afinal, é justamente neste ponto que começa a passarela quilométrica que leva os mais resistentes ao mirante do Perito Moreno. Movimento não falta!… O que teria acontecido?

3) A CAMINHADA PELA PASSARELA
é longa e com muito sobe-desce de escadas. Cansativa demais, e por isso voltamos sem que tivéssemos atingido o mirante. Optamos pelo caminho mais fotográfico, porém é o que requer mais resistência do caminhante.

Haja passarela até chegar ao mirante!… Entretanto, é deste caminho beirando o Lago Argentino que o visitante desfruta de todo o paredão norte do Perito Moreno, e a cada passo poderá lhe render belíssimas fotos.

4) O MIRADOR de LOS SUSPIROS
é a primeira parada estratégica a fim de que os visitantes tenham uma idéia do colosso que é a geleira. Todas as empresas de turismo que se destinam ao Perito Moreno, param neste mirante.

À direita, o porto pertencente à empresa Hielo & Aventura.

O cais de onde partem as embarcações que navegam no Lago Argentino – lado Norte do glaciar Perito Moreno. Por este lado a paisagem é mais aberta e, consequentemente, mais iluminada.

5) 2016: NAVEGAÇÃO PELO LADO SUL DO PERITO MORENO
Neste lado, o destaque fica por conta da moldura de montanhas nevadas que circundam o lago.

6) – 2018: NAVEGAÇÃO PELO LADO NORTE DO PERITO MORENO

Lado Norte do glaciar.
O paredão Norte do glaciar.

Na foto acima, o catamarã se aproxima do paredão Norte do glaciar. Nas proximidades do glaciar boiavam blocos de gelo que formaram a ponte do Perito Moreno. A ruptura aconteceu quatro dias antes de nossa chegada a El Calafate.

Paredão norte da geleira Perito Moreno.

7) – A RUPTURA DO GLACIAR:
Na foto abaixo vemos o vão deixado pelo desabamento da ponte – espetáculo bastante veiculado na mídia e aguardado por milhares de pessoas.
Desta vez, segundo noticias de jornais e TV, o rompimento da ponte aconteceu de madrugada e ninguém o presenciou. Não entendi. Na volta para o Brasil, o passageiro que sentou-se ao lado de meu escudeiro mostrou-nos um vídeo que ele mesmo fizera da ruptura da ponte, e ainda nos disse que havia cerca de 5.000 pessoas assistindo ao espetáculo.  E agora? Em quem acreditar? 

Lado Norte do Glaciar Perito Moreno.
Lado Norte da geleira.

O que mais me impressionou foi testemunhar o resultado desse desprendimento aparentemente simples: conseguiu elevar o nível do Lago Argentino (área superior a 1.400 km² e profundidade entre 150 m e 500 m) a ponto de suas águas invadirem casas, ruas e até a principal avenida de El Calafate. Vimos uma casa nessas condições: a seu redor, tudo alagado. Casa construída bem afastada da beira do lago!
É inacreditável que a queda desta ponte de gelo, que imaginei tão pequena, tenha conseguido fazer tamanha alteração em um lago com essas dimensões.

8) – No PARQUE NACIONAL LOS GLACIARES, cinzeiros especiais (contêm um ralinho para o fumante apagar o cigarro) foram colocados em pontos bem planejados, onde a concentração de turistas é maior – como nos estacionamentos, por exemplo, próximos a restaurantes.

9) – O MIRANTE
Era neste ponto que eu e meu fiel escudeiro imaginávamos chegar em 2016, mas desistimos depois de muito caminhar. Para quem não sabe, a passarela tem 4 km.
Nessa época não imaginávamos que dois anos depois estaríamos diante do alvo que não conseguimos atingir.
Vários caminhos o levam à Roma e ao ponto de vista mais próximo do glaciar.


9.1 – COMO CHEGAR PRÓXIMO À GELEIRA
As passarelas foram construídas de maneira tal, que o visitante pode optar por diversos pontos de vista.
Percorrer toda essa estrutura leva cerca de duas horas; por este motivo é aconselhável o visitante não se prender a horários estabelecidos pelas empresas de turismo.
Alugar um automóvel no centro de El Calafate e deixar-se seguir pela vontade, sem se incomodar com a passagem do tempo, é uma boa. Afinal, só há uma estrada que o leva para todas as atrações da cidade.
Chegar ao ponto mais próximo da geleira e fotografá-la bem de perto deve ser emocionante.
Ao chegarmos ao início das passarelas a guia informou as diversas opções de descida, incluindo a que não possui escadas. Mesmo assim, o tempo não seria suficiente para chegarmos próximo ao glaciar, voltar, almoçar e embarcar na van para retornar ao hotel.

Um aviso chama atenção para o que você pode fazer e o que não deve. Outro, indica as tais opções de descida. Com tempo disponível, é possível lê-lo com atenção e vagar e escolher por onde trilhar. Chegamos a descer até determinado ponto e voltamos por nos sentirmos satisfeitos com a visão fantástica dessa obra divina que só a natureza é capaz de criar.

10) O RESTAURANTE NATIVES DE PATAGÔNIA
localizado no mirante mudou bastante com relação ao Restô del Glaciar.
Neste, havia cardápio e o pedido era feito diretamente ao garçom ou optávamos pelo buffet. A cobrança era pelo método tradicional; ou seja: na própria mesa.

Agora, ficou mais fácil. O espaço do Natives de Patagonia pareceu-me menor que o Restô, mas funciona perfeitamente. Não há mais cardápio. As ofertas estão nas vitrines: sejam pratos frios ou aqueles que requerem aquecimento – basta entregá-los em um balcão para serem colocados no microondas -, sobremesas, bebidas. A pessoa pega o que deseja, passa no caixa e vai para a mesa. Ficou bem mais rápido.

Dia seguinte partimos para o GLACIARES GOURMET, o pivot de todo aborrecimento causado pela Brasileiros em Ushuaia.


 

2 comentários em “ARGENTINA . El CALAFATE – Ponto de Partida Para Diversas Atrações da Patagônia (parte II)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *