IMAGEM DESTACADA – Girassol da jardineira em frente à destilaria Terraroma Jaubert.
INÍCIO DE CONVERSA
A Fábrica de Chocolates Puyricard foi nossa primeira parada neste dia. Importante salientar que para conhecer a fábrica é necessário fazer agendamento, e quem providenciou esta visita fantástica foi Anaté Merger – jornalista brasileira residente em Aix que opera turismo especializado no sul da França.
A FÁBRICA DE CHOCOLATES PUYRICARD
Cheguei a pensar com meus botões que visitar uma fábrica de chocolates talvez não fosse interessante, mas, felizmente, me enganei redondamente! Valeu muito à pena. Só em sentir o perfume do chocolate impregnando o ar, já valeu.
A visita à Fábrica de Chocolates Puyricard é interessantíssima e dura cerca de duas horas.
Fomos recebidos em um auditório bem apresentado, confortável e aguardamos até que todos chegassem para então recebermos algumas instruções. Vestimos avental, touca, cobertura para sapatos ,e lá fomos nós.
Confesso que me arrependi até por ter pensado que uma visita dessas não seria atraente. Entretanto, quando me vi cercada de chocolates por todos os lados, me senti uma Alice no País das Maravilhas. Vocês não têm idéia de como tudo funciona.
COMO FOI A VISITA
Paulatinamente, todas as seções da Fábrica de Chocolate Puyricard nos foram mostradas em pormenores. Em cada uma sentia que minha boca aguava cada vez mais, e já corria risco de morrer afogada quando o funcionário anunciou o fim da visita e o início da degustação! Caramba! A hora de ir à forra tinha finalmente chegado e u’a mesa muito bem arrumada nos aguardava com todas aquelas delícias que tínhamos acabado de conhecer. Para completar, “o loxinha” estava aberta à nossa disposição.
E A DEGUSTAÇÃO, COMO FOI?
Não mergulhei de cabeça porque meu colesterol levantou o dedo e num sonoro “Êpa! Perái!” que só eu escutei, me demoveu da idéia de continuar degustando “só mais um bombonzinho” das Maravilhas de meu País – triste Alice.
Imaginei que devido ao movimento constante de visitantes, os funcionários se mostrassem indiferentes à nossa presença, mas cometi outro engano. Todos, sem exceção, foram muito simpáticos e estavam sempre prontos a satisfazer nossa curiosidade.
Surpreendi-me como são elaborados os saborosos calissons e os bombons: manualmente! O serviço é artesanal e requer paciência de copista medieval.
Não há dúvida de que o emprego de mão de obra qualificada é o responsável pela fama conquistada pela Puyricar, respeitável marca francesa de chocolates finos.
Aconteceu que nossa degustação não parou aí. Ao sairmos para o estacionamento nos deparamos com um pé de damascos maduros e o furto (?) a olhos vistos e a céu aberto foi inevitável.
DAMASCOS, PRÁ QUE TE QUERO?
Esses damascos tiveram um sabor muito especial pelos motivos seguintes:
1 – foram colhidos no pé e eram prá lá de doces;
2 – o damasqueiro reinava absoluto em um jardim de uma fábrica de chocolates;
3 – na Provence!
4 – e ainda por cima, foram colhidos “furtivamente”.
Aconteceu que a colheita de frutas não parou por aí, e mais adiante houve outro episódio semelhante. Era o inesperado nos fazendo uma surpresa atrás da outra, tal qual na música de João Gilberto.
OBS: As fotos seguintes não passaram por processo de Photoshop. A Provence é assim mesmo: repleta de luz, cores, aromas e sabores. Ô delícia!,,,
Começamos com chocholates, passamos por damascos, e agora falaremos um pouquinho a respeito do…
PLATEAU DE VALENSOLE – FLORES
Valensole é um dos maiores municípios franceses. Ocupa aproximadamente 12.700 hectares e, merecidamente, é considerado o “Celeiro da Região”, por conta dos 800 km² ocupados por plantações de lavandim e cereais. Por que lavandim? A 500 metros de altitude, onde está situado o plateau, apenas essa espécie híbrida de lavanda e aspic viceja.
Em cada estação do ano a paisagem varia de acordo com a colheita. Em março, os cumes nevados dos Alpes e as amendoeiras em flor cedem lugar às plantações de lavandas e trigo; em novembro, o ocre da terra arada contrasta com o azul do céu de inverno, recomeçando o ciclo.
PLATEAU DE VALENSOLE – TRUFAS
No Plateau de Valensole podemos distinguir diversos tipos de vegetação, e dentre elas destacam-se o Pinheiro de Alepo (originário do Mediterrâneo que cresce em baixas altitudes – até 200 m) e florestas de Azinheira – uma espécie de carvalho que produz a trufa comestível, fornece madeira excelente para a construção de barris e de barcos, além de vigas e pilares para a construção de habitações.
Em minhas pesquisas acabei encontrando um blog bastante esclarecedor a respeito de trufas. Para saber mais clique aqui.
COMO SABER ONDE ENCONTRAR AS TRUFAS?
Uma curiosidade: os verdadeiros caçadores de trufas são cachorros treinados para essa finalidade. Algumas regiões adotam porcos, embora sejam proibidos para executar esse serviço.
Vale uma visita ao blog citado acima, cuja autoria é de uma brasileira apaixonada por trufas.
Em conversa com nossa guia Leonor comentamos que nunca havíamos saboreado uma trufa, mas ela não comentou nada. Pelo contrário, ficou quietinha.
No dia seguinte, ao nos despedirmos na gare de Aix, indo para Paris, ela nos fez uma surpresa: colocou dentro de uma embalagem térmica duas trufas! Nossa! Um presente e tanto de nossa querida Leonor que já havia nos cativado com sua delicadeza, simpatia, atenção e carinho.
TRUFAS NO JANTAR DE PARIS – QUE CHIC!
Em Paris, a receita que me passou rapidamente na gare de Aix foi a estrela de nosso jantar. Finalmente!, fomos apresentados às magníficas e caríssimas trufas do Sul da França. Bien sur!
As trufas são espécies de cogumelos que brotam nas raízes de determinadas árvores, tais como o salgueiro, o carvalho, a azinheira, a sobreira, os álamos e as tílias.
São tão especiais, que até hoje não se conhece nenhuma técnica de como cultivá-las em estufas ou outro método tal quais cultivam os cogumelos.
Terminamos o jantar com um brinde emocionado ao nosso Deus, à Leonor, à Anaté, e a tudo que vivemos intensamente na “nossa” Provence.
LAVANDAS – O ALVO DOS TURISTAS
Acontece que nenhuma dessas riquezas atrai o turista para o Sul da França. Nem os girassóis! O domínio é das lavandas, indiscutivelmente, e muita matéria há na internet a respeito do assunto. Escrever mais alguma coisa seria redundância até mesmo de outras postagens que fiz aqui no blog. Portanto, seguem apenas algumas fotos.
Eu lhe havia dito que gostaria de trazer alguns vidrinhos de óleo essencial de lavanda e ela então se prontificou em nos levar a uma destilaria onde os produtos são mais em conta.
NOTA IMPORTANTE!
Aqui abro um parêntesis para esclarecer o seguinte: os guias de Anaté não têm nenhum interesse em levar o turista para lugares onde obteriam vantagens financeiras. Isso não existe! Pelo contrário, Leonor nos levava onde adquirir produtos de qualidade a preços convidativos. SEMPRE! Assim foi quando compramos azeites, sabonetes, geléias e souvenires. A mentalidade é outra, muito diferente daquela que conhecemos.
NOSSA ÚLTIMA DEGUSTAÇÃO In Natura DO DIA
Nossa guia e companheira Leonor, sempre atenta, percebeu uma plantação de amendoeiras afastada alguns metros da beira da estrada, e não teve dúvida: atravessou-a com o carro, guiou alguns metros em uma estradinha de barro e parou junto a uma cerca. Só nos demos conta do que se tratava quando nos aproximamos do arame farpado.
Via amêndoas verdes para vender na feira ao lado do apartamento que alugamos em Aix, mas jamais imaginei que pudéssemos comê-las neste estado. São macias e de sabor ainda mais delicado que quando secas. Foi outra experiência maravilhosa que tivemos na Provence graças à Leonor.
FARTAS COLHEITAS. É NÓÓÓIS!
Em terrenos alheios também colhemos lavandas algumas vezes, os damascos acima citados, ração para tartarugas e o que mais tivesse na beira das estradas que despertasse atenção.
Nessas horas, mesmo aos 68 anos de idade, soltava aquela criança criada em duas chácaras com toda liberdade e me divertia prá valer. Convenhamos, travessuras cometidas em idade avançada são muito mais divertidas, e além do mais, a fruta do vizinho é sempre mais saborosa. Sem culpas e arrependimentos.
SAUDADE DO SUL DA FRANÇA
No Sul da França passei momentos únicos e inesquecíveis de minha vida em companhia de meu amigo de infância e de nossa estimada e incansável Leonor.
Da Provence guardo lembranças que incluo entre as mais emocionantes e significativas que tive a satisfação de viver, e das quais, certamente, minha alma jamais esquecerá...
Como sempre elucidativo, com texto leve, agradável e bem humorado,
Queria vestir o avental para comer chocolates e roubar frutas no pé. Já vou ficar com saudade das postagens da sul da França. Bjus,
Rosa
Rosinha, esse nosso dia foi maravilhoso! Estou elaborando um pequeno vídeo desses lugares fantásticos.
A Provence “entra” na alma da gente sem pedir licença e se aloja. Para sempre…
Beijocas da miga.
Amiga, sua experiência na Provence foi incrível, tanto que eu a quero para mim. Mais ainda essas surpresas agradáveis no passeio (o caso da fábrica de chocolate), quando pretendemos que algo fique despercebido de nossos olhos e na verdade passamos a ser enfeitiçados por ele. Passei uma experiência semelhante e inesquecível com o Jardim Japonês de Buenos Aires.
Abraço!
Rodrigo, meu amigo Alex (leia-se Alex Tour) já está preparando novo roteiro para 2018, época de floração de lavandas e girassóis. Serão 7 dias na Provence. Tentarei convencê-lo a não repetir o que já conhece, à exceção de duas atrações imperdíveis que ele manterá no programa. O esquema é o mesmo que eu fiz: motorista falando português, guia brasileira (Ana Tereza trabalhou como repórter da Rede Globo e é ela uma das pessoas que guia os grupos), as cores e os aromas da Provence, incluindo uma visita ao Museu da Lavanda e outra ao Chateau d’Estoublond, onde você ficará encantado e alucinado com o luxo da boutique onde vendem vinhos e azeites fabricados na propriedade do próprio castelo.
Pretendo, diariamente, publicar uma página dos lugares por onde andei no sul da França.
Querido amigo, sinto-me honrada em tê-lo como seguidor de meu humilde blog. Muito obrigada.
Abraço da amiga Marilia.