IMAGEM DESTACADA: Fazenda Marinha Paraíso das Ostras • ROD. Baldicero Filomeno, 20600 • Caieira da Barra do Sul • CEP 88064-002 • Florianópolis/SC - Fone 48 9961.5050 • 8408.5309 • Email: contato@paraisodasostras.com
Ônibus – Descer no ponto final da linha 561 – Caieira da Barra do Sul – e andar em direção ao final da ilha.
Obs.: A fazenda de vieiras e ostras fica um pouco mais adiante da entrada da trilha para Naufragados e é o local de embarque para quem deseja chegar à Praia de Naufragados por barco.
A escolha do nome da empresa não poderia ser mais feliz: o paraíso não é apenas das ostras e vieiras, mas para quem vive na fazenda. As fotos nos dão uma idéia da maravilha do lugar, principalmente esta do destaque, a sede da fazenda marinha.
Vinícius é o nome do proprietário do Paraíso das Ostras, que conta em seu site onde adquire as sementes, como lida com o berçário e seleciona lanternas para cada fase de crescimento, além de como opera a “colheita”, a separação por tamanho, enfim… todo o processo evolutivo desses minúsculos seres até a chegada em nossas mesas.
As ostras são da melhor qualidade: saborosas e macias. Não é à toa que fornece os moluscos para vários restaurantes da cidade. Veja o vídeo e surpreenda-se com o número inimaginável de dúzias de ostras que produz por dia!
Em março próximo estarei novamente em Florianópolis e pretendo obter pormenores a respeito de como tudo começou. Por enquanto, ficamos apenas com as fotos.
E conforme havia planejado, em 25 de março lá estava eu, mais uma vez, conduzida por meu abre-alas – meu irmão carioca e manezinho assumido -, a fim de obter informações a respeito do que ocorre na produção de ostras.
Tenho certeza de que após estas informações você estará apto a julgar se o preço cobrado pela dúzia do molusco no Paraíso das Ostras condiz com o trabalho beneditino para cultivá-las, e se os preços praticados pelos restaurantes são justos – até mesmo os de Florianópolis, berço da maricultura.
PARTIU MARICULTURA:
A criação de ostras como fonte de renda surgiu da opção de a família de Vinícius permanecer mais tempo na casa de praia, onde antes passavam apenas fins de semana.
Vinícius estudava administração e trabalhava, quando decidiu, em comum acordo com a família, adotar o caminho inverso do que normalmente as pessoas fazem: permanecer em dias úteis à beira-mar e apenas em fins de semana “voltar prá casa.”
Não demorou muito, começou a pensar em aproveitar essa permanência no Ribeirão da Ilha para exercitar alguma atividade que lhe trouxesse ganhos financeiros, e daí veio a idéia da fazenda marinha.
Vinícius largou a faculdade e o trabalho, ingressou em cursos especializados em maricultura, e assim surgiu o Paraíso das Ostras. Uma decisão corajosa, diga-se de passagem.
A fazenda trabalha com 5.800 lanternas. Não, não me enganei: são cinco mil e oitocentas lanternas que ao fim de 60 dias aproximados têm que estar totalmente revisadas.
A finalidade deste trabalho é retirar os moluscos mortos pela ação de predadores naturais e consertar as redes danificadas por cortes de facões de inescrupulosos que as danificam para furtar. Quantidades expressivas de ostras e/ou lanternas inteiras com carga adulta são embarcadas durante a madrugada ou até mesmo em plena luz do dia.
REVISÃO DE LANTERNAS:
A Gamela (nome do barco do Paraíso das Ostras) sai com alguns funcionários para recolhê-las. Estas peças quando estão com a carga adulta pesam muito, e por isso exigem muita força da rapaziada para puxá-las para dentro do barco.
Na praia, são retiradas da embarcação, colocadas em um chassi de quatro pneus, e transportadas para dentro de um enorme galpão. Um carretel acionado por motor enrola e desenrola a corda que está amarrada a essa estrutura.
Novamente as lanternas são retiradas do chassi e a vistoria começa. Terminada a tarefa de revisão, inicia-se o trabalho inverso: as lanternas, devidamente limpas de ostras mortas e de seus predadores naturais, são recolocadas no chassi, transportadas para o barco, levadas ao largo e, uma a uma, voltam para o mar. No que a Gamela volta para a praia, já vem com nova carga de lanternas, e assim, sucessivamente, são revisadas as 5.800 peças existentes em 2015! É muuiiito trabalho…
Muitas lanternas ficam tão danificadas que é preferível substituí-las; e para que se tenha uma idéia, cada uma tem o custo aproximado de R$100,00 (cem reais). Some-se a esse prejuízo a quantidade assustadora de ostras mortas que são retiradas das lanternas, diariamente.
Essa tarefa exaustiva é executada por oito funcionários na baixa temporada. No Verão, como a demanda pelas ostras é maior, Vinícius é obrigado a contratar mão de obra temporária o que é vantagem para ambas as partes.
AS OSTRAS MORREM POR QUE?
A criação desses moluscos, além de ser muito trabalhosa, depende de fatores alheios aos cuidados diários dos fazendeiros.
A variação da temperatura do mar, por exemplo, é um fenômeno natural de suma importância na criação de ostras.
Águas frias são propícias ao crescimento dos moluscos, que diminuem consideravelmente de tamanho quando a temperatura do mar aumenta, chegando a matá-los. Quanto mais aquecida está a água do mar, maior o prejuízo. Por este motivo há uma determinada época do ano em que as reclamações nos restaurantes são constantes devido ao tamanho pequeno das ostras.
Além da ação do Homem, há predadores a quem a própria natureza dotou de recursos para sua sobrevivência. São eles: o caramujo (o mais atuante e o mais agressivo), o ouriço, o polvo, o caranguejo, a estrela do mar, a polidora (broca-de-ostra) e o siri, todos dotados de poderes extraordinários para se alimentarem do molusco, prato predileto de todos. Convenhamos, sabem o que é bom.
O caramujo peludo, por exemplo, libera larvas que penetram na ostra quando estas se abrem para se alimentar. Essas larvas crescem dentro da casca da ostra e transformam-se em pequenos caramujos que acabam por devorá-la.
Outro tipo da espécie, o caramujo liso, mata a ostra de duas maneiras muito interessantes: ou pela perfuração da concha por intermédio de uma substância que secreta e desmineraliza a casca facilitando sua ação, ou então, forçando sua abertura com o pé.
Aqui me cabe uma explicação antes que você pergunte:
– Ué? Caramujo tem pé? Não sabia…
Tem! Caramujo, ostras e mexilhões têm pé, mas não calçam sapato. Trata-se do nome popular de um músculo muito forte que fica entre as duas valvas (as duas partes da concha).
Imagem obtida na internet, no site que você poderá visitar clicando aqui.
E também tem “pulmão”: são sifões que funcionam como inalantes e exalantes da água de onde o molusco retira oxigênio e alimento.
E mais: ostra tem boca, intestino, estômago, coração, ânus e guelras.
Outro predador, a polidora (broca-de-ostra), age de maneira impressionante: ela fura a concha exatamente onde está o estômago da ostra, suga-lhe o alimento e acaba matando-a.
O processo é sofisticado (três etapas) e não me compete entrar em pormenores, apesar de Vinícius ter- me colocado à vontade para revelá-lo.
No site da fazenda, cujo link está no início da postagem, Vinícius apresenta os restaurantes que trabalham com sua produção e ainda ensina algumas receitas.
E se você quer saber mais a respeito da criação dessas gostosuras, clique aqui.
Ribeirão da Ilha.
Caminho à beira do Paraíso das Ostras, que leva a uma propriedade particular – uma residência na ponta sul da Ilha de Florianópolis. Um luxo!
As ostras adquiridas na fazenda de Vinícius, prontas para serem degustadas em casa. Oitenta moluscos para três pessoas e dois “beliscadores” foram consumidos de uma tacada só. Delícia…
Na tabela de preços, o telefone de onde a coruja dorme e a campanha educativa. Os preços não estão atualizados.
Ribeirão da Ilha – Paisagem ao cair da tarde.
Como sempre, belíssimos recantos de Floripa.
Rosinha, a parte sul da ilha é totalmente diferente da norte. O sul é bucólico. Bjks e obrigada pela visita.
Marília boa tarde,eu me aposentei e fui procurar o que fazer da vida, aí fui vender ostras pelos restaurantes das cidades à beira-mar.Conheci alguns produtores de ostras que trabalhavam na UFSC, nesta área de sementes de ostras.Deram-me alguns conhecimentos sobre a criação,como tempo de ,vida útil fora da água, tratamento(limpeza) , etc,etc.Eles me inscreveram e me registraram para produzir ostras no CIDASC, órgão do estado que regulamenta este e outros tipos de produtos.Ai veio minha cirurgia do coração e eu parei com tudo,mas não tinha me envolvido com a produção,precisava de uma costa de mar.Hoje gosto de desgustar e fazê-lo ,tenho até livro de receitas especializado em ostras do pacífico.Bjs.
Evaristo, meu querido!
Que bom me corresponder com você por aqui! Fico muito feliz!
Sua experiência com as sementes de ostras deve ter sido interessante sob o aspecto que mencionou: a criação, o tempo de vida fora d’água…
Realmente, você precisaria estar junto ao mar para poder cultivá-las. “E vô-te dizê uma côza”: pelo que Vinícius nos passou no dia em que lá estivemos para colher dados a respeito do cultivo de ostras, trata-se de uma tarefa árdua demais, Evaristo. Sem contar o prejuízo que os criadores têm, quando chega a maré vermelha. Daí, mô-quiridu, eles perdem tudo!
Quanto ao seu coração, que bom que você se recuperou e que está tudo certo.
Agradeço por seu comentário. Saiba que a casa é sua. Gosto que as pessoas comentem, acrescentem seus conhecimentos, exatamente como você fez agora. Muito, muito obrigada, querido! Volte sempre!
Abração e beijocas da amiga
Marilia.