EL CALAFATE . CERRO FRIAS – Cá estou novamente neste país pelo qual sou apaixonada – a Argentina. Só que desta vez, apesar de ter revisitado alguns lugares, estas novas localidades tiveram gosto de festa porque eu estava em companhia de familiares queridos e tudo ficou mais animado
FOTO EM DESTAQUE – Um Dos Pontos Mais Altos do Cerro Frias.
O esquema saiu como o planejado. Nem chuva pegamos. Minto. Certa noite, quando voltávamos para o hotel após um jantar no La Posta, sentimos no rosto uns pingos de chuva geladiiinnnhos, mas que nem serviram para aumentarmos os passos. E nem adiantava porque quem está na chuva é para se molhar, já diz o velho ditado. E quem deixaria de passear por conta de chuva e frio? Pegamos 02º em El Calafate e menos ainda no alto do Cerro Frias, nosso primeiro passeio pelas redondezas.
Mas, antes de qualquer comentário, gostaria de alertá-lo para o abacaxi que a empresa Brasileiros em Ushuaia nos fez descascar.
AINDA NO AEROPORTO
tivemos, de cara, a única surpresa desagradável do circuito: assim que entramos na van que nos levou ao hotel, o motorista entregou-me a programação a ser cumprida e o melhor dos passeios não estava relacionado: o Glaciares Gourmet.
Chegando ao hotel nem entrei no quarto. Pedi à recepcionista que me comunicasse com a Criollos Turismo – esse era o nome que constava nos vauchers -, e o funcionário brasileiro Marcelo confirmou que não estávamos incluídos no rol de passageiros. Como, se esse passeio e mais dois estavam pagos deste 26/10/2017?
Peguei minha gorda pasta de anotações, botei-a embaixo do braço e saí em campo. Lá fomos nós – eu, minha cunhada e meu escudeiro – atrás da agência Criollos.
Resumindo: na Brasileiros em Ushuaia digitaram equivocadamente o nome desta operadora, que tinha a ver parcialmente com a história.
Felizmente o funcionário de nome Matias – jovem educado, de boa vontade e ético – logo descobriu o erro. Não disse palavra a respeito do assunto; apenas pediu-nos que o acompanhasse e nos levou até sua vizinha, a empresa responsável pela pequena viagem que faríamos três dias depois.
Saímos da Marpatag com tudo acertado, é verdade, mas ainda sob efeitos do aborrecimento causado única e exclusivamente por falta de atenção do funcionário da Brasileiros em Ushuaia. Ah! E ainda a funcionária desta empresa, Sra. V… , a me escrever o seguinte: “Acredito que tenha sido erro de digitação no vaucher” – observação que me leva a crer que qualquer erro cometido é normal.
Mais tarde, a gerente desta empresa , Sra B…, que desdobrou-se em desculpas pelo transtorno, explicou em mensagem que o brasileiro Marcelo não poderia nos ter dito que não constávamos da lista de passageiros.
Ciente da parceria existente entre Marpatag e Criollos, ele deveria ter confirmado nosso programa e não o fez. Ou seja: erro nos vauchers da Brasileiros em Ushuaia, erro de parte do funcionário da Criollos. Erro prá todo lado que nos fez perder preciosos momentos de nossa estada em El Calafate. Foram duas horas e meia na rua, literalmente, “correndo atrás”. Fica o alerta!
Esse esquema diferenciado de passeio – Glaciares Gourmet – que a empresa Brasileiros em Ushuaia oferece é bom. Certamente teria sido bem melhor se não o tivessem envolvido em tanto contratempo. Sofre mais o emocional dos passageiros que o físico. Foi desgastante demais e decepcionante.
Bom, agora que relatei a sucessão de descuidos envolvendo funcionários desatentos de duas! empresas que participaram diretamente em nossa viagem, posso contar e ilustrar nossa primeira saída pelos arredores de El Calafate: o Cerro Frias.
Marquei esse passeio na empresa causadora do citado embroglio sem o menor entusiasmo. A descrição confere com a realidade, mas não empolga; e por isso não levei fé.
Caso queira assistir a um resumo do que foi esse passeio inimaginável, clique aqui.
Às 9.30 h a van nos pegou no hotel, e após 23 km de navegação pela RP 11 chegamos à entrada da Fazenda Alice, onde está a colina.
Havia feito muito frio durante a madrugada e por conta dessa baixa de temperatura os cumes de cerros e montanhas ficaram cobertos de neve, o que enriqueceu bastante a paisagem e nossa experiência.
Em 2016, eu e meu escudeiro estivemos nessa mesma época em El Calafate, mas pegamos temperaturas bem mais amenas. Desta vez enfrentamos 02 º no Centro da cidade.
Logo que chegamos, o gentil Sr. Tito foi nos receber ainda na perua e nos apresentou o restaurante onde mais tarde seríamos contemplados com um lauto almoço: churrasco de carnes variadas e linguiças, assadas em forno à lenha e acompanhadas por legumes. Almoço prá botar água na boca de quem assistir ao vídeo que incluí na postagem.
Ele mesmo apontou a casa que se vê na foto como sendo sua, e pelo rumo da conversa durante o percurso, concluímos que estávamos sendo conduzidos pelo simplíssimo proprietário da Estância Alice.
É o próprio Tito quem traça e prepara novos caminhos para os visitantes desfrutarem do melhor do cerro.
ESCOLHA O QUE FAZER na FAZENDA:
Há outros tipos de atividades na propriedade, tais como: trekking, cavalgadas, ou deslizar na tirolesa considerada a mais extensa da América do Sul.
O Jeep Tour 4×4 à Margem do Lago Argentino promete muita aventura a partir de 5 km de Calafate.
Esses passeios têm horários de saída e época certa para acontecer; por isso convém dar uma olhada no site clicando aqui.
A visita ao Cerro Frias, por exemplo, tem dois horários: pela manhã e à tarde, às 15.00 horas.
Imagine-se neste confortável sofá, desfrutando dessa vista fantástica em companhia de familiares e/ou amigos, e tomando um ferrinho para esquentar.
O PASSEIO
Começamos a subir o cerro e logo Tito parou e anunciou que dali prá frente ele engataria a tração nas 4 rodas – mero detalhe. Com ou sem tração nada mudaria ao nosso redor: já estávamos encantados com a paisagem que aos poucos começava a se desnudar…, com os comentários de nosso condutor…, com os animais, enfim, com tudo! Até com o vento gelado e o frio.
Um pouco mais para frente e Tito saltou para abrir uma das porteiras.
Desse ponto para frente as surpresas começaram a se atropelar. Dois guanacos foram responsáveis pela primeira delas.
O respeito pela fauna é fundamental e por isso a marcha empregada no veículo é lenta. A prioridade é dos animais, claro, e mais precaução começa assim que são avistados, mesmo que estejam bem afastados da beira do caminho. Segundo Tito, os animais podem correr a qualquer momento e por isso é preciso cautela. Toda atenção é pouca.
Abaixo: Repentinamente – daí os cuidados a que me referi anteriormente -, essa raposa saiu de detrás da moita e sentou-se justo no caminho.
Tito parou o Land Rover e ficamos observando o espetáculo por algum tempo. A lindeza bocejou, coçou-se, levantou-se, deitou-se novamente e rolou no capim. Fomos privilegiados neste passeio não só por isso, mas por tudo que vimos e mais ainda pelo que nos aguardava no cume do cerro.
Vez ou outra o Lago Argentino disputou nossa atenção com fauna e flora do Cerro Frias; não sabíamos o que era mais belo. O passeio é fantástico!
O ALAGAMENTO em EL CALAFATE
Chegamos a El Calafate em 14/3/18, dois dias após ter acontecido a ruptura do Perito Moreno, outro espetáculo fantástico para quem tem a sorte de testemunhar o desmoronamento dessa ponte.
Trata-se de atração que atrai milhares de curiosos e que depende unica e exclusivamente da natureza.
El País noticiou que os trovões provocados pelos sucessivos desprendimentos aconteceu de madrugada. Caso você tenha curiosidade em saber como se forma a ponte e o que provoca seu descolamento, basta clicar aqui.
Como o Parque Nacional dos Glaciares fecha às 22.00 h, o espetáculo não foi presenciado por ninguém.
As toneladas de gelo desprendidas derretem e acabam causando a subida do nível do Lago Argentino, a ponto de suas águas alcançarem estradas e propriedades particulares. Testemunhamos um alagamento no perímetro urbano, bem próximo ao Centro de El Calafate.
A foto abaixo mostra uma área submersa não muito longe da estrada.
Conforme avançávamos, cenários cada vez mais instigantes pareciam nos convidar a desvendar seus mistérios.
Ora o capim queimado pelo frio cobria de dourado as montanhas e parecia iluminá-las…
…ora sentíamo-nos envolvidos pelo tempo fechado, o solo escuro, a névoa e o uivo do vento. Era o próprio mistério do qual estávamos fazendo parte, momento inesquecível de nossas vidas.
Atirei no que vi ao optar por esse programa, e acertei no que não vi. Divinas surpresas…
Felizmente, estávamos preparados para enfrentar qualquer inesperado…
Abaixo, um dos carros da frota do Sr. Tito, nosso condutor e narrador dessa aventura fantástica.
A foto não deixa mentir: quem diria, que ainda teríamos um contato tão íntimo com um pedacinho da moldura do Lago Argentino?
Momento de sentir a paisagem, sem tentar descrevê-la…
DE VOLTA À ESTÂNCIA, NOSSO PRÊMIO:
Éramos os únicos no amplo salão aquecido. O que iríamos comer? Não sabíamos e nem nos interessou perguntar. Curiosidade é doença da qual nenhum de nós sofre. Felizmente. Assim, quando nosso prato chegou, antes de qualquer garfada já sentíamos sabor de festa na boca. E que festa!
A abertura de nossos trabalhos ficou por conta de gordas empanadas recheadas com carne de cordeiro, temperada do jeito que gosto.
Seguiu-as um creme de abóbora muito bem condimentado. Um toque sutil de especiarias foi somado às ervas secas -o resultado não poderia ser melhor.
Legumes assados na brasa foram servidos como complemento do suculento churrasco misto que só aparece no vídeo. As pranchas foram prá mesa fumegantes e com aquele barulhinho bom de se ouvir: o dos legumes e das carnes ainda fritando no calor da chapa. Melhor, impossível.
De sobremesa, ele! O famoso, delicioso e imbatível doce-de-leite argentino.
Iguarias que nem Zeus alguma vez degustou no Olimpo, mas que nós, simples mortais, tivemos o privilégio de saborear neste pedaço de Paraíso – o Cerro Frias.
CONTATO: clique aqui.
Como eu gostaria de ficar naquele sofá, só com um chá ou chocolate quente, lendo qualquer coisa até cair num cochilo, sem qualquer compromisso. E como eu amo essas cores da Patagônia/Terra do Fogo. O verde que se mistura com o amarelo queimado e o caramelo. O vento tem um cheiro único. Minha parte favorita no mundo (até agora)!
Apesar da chatice do primeiro dia, vocês tiveram a sorte e o privilégio de terem encontrado tantos animais no caminho. Uma raposa! Sempre tão ariscas e tímidas. Que sorte. No máximo, vi algumas lebres que corriam tão rápido que pareciam fantasmas.
E eu não sabia que o nível do lago chegava a subir tanto depois do desprendimento. Que loucura.
Saudade daquele pedaço de chão. Um dos melhores almoços que tive na vida foi assim, numa fazenda em El Calafate, chamada Nipebo Aike, fundada por imigrantes croatas. Lugar deslumbrante! A comida era super simples e feita por pessoas igualmente simples. Cordeiro, salada de pepinos, tomates e folhas, e crepe de doce de leite de sobremesa. Ninguém faz empanadas, carnes e doce de leite melhor que os argentinos.
Amo El Calafate e El Chaltén, retornaria mil vezes!
Abraços!
Alexandre… seus comentários são Divinos!… Com letra maiúscula, claro – nem pensar que poderia ser diferente. São poesias de versos brancos (ou soltos), meus prediletos, mas isso é mero detalhe. A cor não importa.
Também amo a Argentina. Paixão. Quando me coloquei no chão, no alto daquele cerro, a emoção foi grande. Muito grande, mas me contive. Quero voltar em outra época e acrescentar El Chaltén e Torres del Paine, no Chile.
Obrigada, mais uma vez, por ter me oferecido a oportunidade de ouvir a voz de seu coração.
Abraços.
Que isso! Que exagero! Eu que agradeço a chance de revisitar lugares que amo através das suas postagens, sempre muito bem descritas.
Eu também não conheço Torres de Paine, é um dos meus sonhos. Quase fui, pois fica a três horas de El Calafate. Sempre digo que se ganhar na mega sena, compro uma cabana em El Chaltén para passar os verões. Uma cidadezinha de 15 ruas. Vale muito a pena conhecer o Lago del Desierto, um lugar especial, que é a razão da existência de El Chaltén, quando Chile e Argentina disputavam a autonomia do lugar.
Preciso voltar à Argentina, mesmo que só para Buenos Aires. Enquanto isso, vou matando as saudades por aqui!
Um abraço!
Verdade, Alexandre. Verdade. Adorei a dica de El Chaltén.
Você não sabe: em 2016 perdi duas oportunidades: uma, foi fazer um trekking pelo Perito Moreno; outra, foi um passeio à Torres del Paine. Eu e Morlaix estávamos cansados demais e desistimos dos dois. Se arrependimento matasse…
Abraço, Alexandre. Vamos nos comunicando.
Eu perdi a chance de ir pra Torres porque não reservei antecipadamente. Dei muito mole. Mas em compensação fui para Nipebo Aike, o que amenizou o arrependimento. E o trekking no Perito foi inesquecível!
Mais um motivo para voltar!
Alexandre, essas duas bobeadas que demos foram imperdoáveis! O trekking, não temos mais oportunidade de fazê-lo por conta da idade. Estou caminhando para 72 anos. Em 2016 já abriram excessão. Daí, amigo, resta-me Torres. Outro lugar que achei impressionante foi o Cerro Tronador. É forte! Muito forte! E outro passeio que estou alinhavando para voltar é no Chile: a subida até a cratera do Osorno. Passeio imperdível que ainda não postei. Vale demais!
Vamos nos falando. Gosto muito desse nosso papo.
Abraços, Alexandre! Tudo de bom da vida é o que lhe desejo.
Marilia.
Eu te desejo o mesmo! Muita saúde, viagens e risadas!
Conheço o Osorno, vice-campeão no Mister Vulcão, perdeu pro Fuji na categoria simetria. Uma besteira, porque os dois são lindos! No dia que fui, o tempo não ajudou nem um pouco. Como choveu em Puerto Varas, e mesmo assim eu adorei a cidade. Pessoas muito gentis e simpáticas. Fui também a Frutillar, que fica perto e de onde se tem a melhor visão do lago e do Osorno.
Não cheguei a fazer a travessia dos lagos até Bariloche, mas um dia farei para poder jogar um pouco das cinzas da minha mãe – era uma das viagens que ela sonhava em fazer.
Bem que poderiam construir um aeroporto em Puerto Natales e facilitar a nossa vida para pisar em Torres del Paine!
Um abraço!
Olá, Alexandre! Tudo bem?
Também pretendo fazer essa travessia. Deve ser maravilhosa. Gostei de Frutillar; em Puerto Varas permaneci por pouco tempo. Quem sabe, na próxima, curto mais a cidade?
Concordo com você: um aeroporto em Puerto Natales facilitaria demais os desejosos de conhecer Torres del Paine.
Outro abraço!