O dia era de aventura para as crianças e jovens que estavam no passeio. Nada a ver com dois idosos como nós – bem dispostos, felizmente, mas não muito animados para topar qualquer parada. Valeu para recomendar os LAGOS ESCONDIDO e FAGNANO para crianças, que viverão um dia de aventura na floresta.
FOTO EM DESTAQUE – O abrigo onde ficamos.
AVISO AOS NAVEGANTES
Antes que você inicie a leitura desta postagem, é preciso alertá-lo para o seguinte: nem todos que escolhem este destino passarão pelas mesmas situações. Meu amigo e viajante afincado, Rodrigo de Souza Cardoso, comentou o seguinte em minha página de uma rede social:
“Fiz o seu roteiro por Ushuaia de modo semelhante, onde fiz uma parada próxima de Cerro Castor para curtir o trenó de cães e uma churrascaria onde pude comer um cordeiro divino. A principal diferença foi o tempo, que me permitiu ver ambos os lagos com um céu de brigadeiro.”
A foto maravilhosa que me enviou confirma seu relato.
O INÍCIO DA AVENTURA e DA FRIA EM QUE ENTRAMOS.
Embarcamos em uma Land Rover Defender em direção ao norte da ilha e alcançamos a famosa Ruta Nacional nº 3 – estrada valorizada por seu percurso e pelas paisagens que se descortinam em seus 3060 km de extensão. Esta rota alcança de Buenos Aires à Terra do Fogo.
Para que tenham idéia, Nossa BR-101 tem aproximadamente 4.542 km, onde o quilômetro zero está em Touros, CE, e seu final está no Rio Grande do Sul (RS) em São José do Norte.
Aproximadamente a 22 km de Ushuaia paramos em um centro invernal para esticarmos as pernas e tomarmos um café. O nome do lugar chama-se Valle Tierra Mayor.
O carro não era confortável. Mas, em compensação, em matéria de força e resistência pode ser comparado a um animal jurássico. É o carro ideal para se embrenhar por lugares que jamais imaginei conhecer.
Até passarmos pelo Cerro Castor (outro centro invernal de Ushuaia) e cruzarmos a Cordilheira dos Andes, estava tudo ótimo porque estávamos trafegando no asfalto.
*{ TRAFEGANDO POR UMA FENDA COM UM MOTORISTA DUBLÊ DE GUIA TURÍSTICO, ATOR DE CINEMA E CHURRASQUEIRO }*
Aconteceu que em dado momento, nosso guia e exímio motorista – um jovem simpático, animadíssimo e gentil ao extremo – deu uma guinada para a direita e saiu da zona de (nosso) conforto. Foi aí que começou a aventura.
O caminho, se é que podemos defini-lo assim, era o mais rústico que se possa imaginar. Bem comparado, tratava-se de um sulco provavelmente cavado pela força de águas pluviais e/ou pelo degelo das montanhas. Foi por essas fendas que nosso guia se embrenhou floresta adentro.
CENA DE CINEMA!
Sem exagero algum, houve um momento em que o veículo quase deitou por completo do lado esquerdo. O jovem passou com as duas rodas (dianteira e traseira, obviamente) por uma fenda tão profunda, que só mesmo sua exímia habilidade ao volante não permitiu que aquele tanque de guerra deitasse. Como eu e meu fiel escudeiro estávamos sacolejando prá valer naqueles banquinhos lá de trás – houve até momentos em que conseguimos permanecer sentados, acredita? Mas, fora esses raros segundos, nos agarrávamos onde podíamos -, achei até que levaríamos vantagem caso ele conseguisse deitar aquele touro domado.
NOTA
Apesar de os solavancos serem contínuos e “poderosos”, não são em nada se parecem aos que sofremos nas “jegueneiras” de Barreirinhas, segundo meu irmão, quando trafegamos no Parque dos Lençóis Maranhenses.
MOMENTO FLANELINHA!
Voltando ao assunto: em determinado momento o motorista (o tal dublê de guia turístico e churrasqueiro) engrenou u’a marcha lentíssima, saiu do carro em movimento e deixou-o andar sozinho.
Correndo por aquelas fendas, parou em determinado ponto e começou a chamar o veículo para acompanhá-lo, assim como quem chama o cachorro de estimação.
Era seu momento flanelinha, em que exibiu aos chacoalhados passageiros as manobras radicais que seu estimado filhote de dragão era capaz de executar.
LAGO FAGNANO
Chegamos finalmente à beira do Lago Fagnano, mas ainda não era ali a principal atração. Nada disso. O guia trafegou pela beira d’água por aproximadamente 50 m, apresentando agora uma versão acanhada do “Monstro do Lago Ness” aos passageiros.
Pelo que pude testemunhar, o veículo estava preparado para enfrentar algumas modalidades olímpicas, tais como: corrida com obstáculos, 50 metros livre, alguns quilômetros rasos (e mais alguma coisa), sem contar o “rally da floresta” do qual estávamos participando.
CASTORES – BONITINHOS, PORÉM DESTRUIDORES
Nas fotos acima e abaixo vê-se o trabalho destruidor dos castores, considerado uma praga que altera de modo espantoso o ecossistema.
Há quem diga que os animais foram introduzidos no Chile em 1946, com o propósito de aquecer o comércio de peles.
Sem predadores naturais, os castores começaram a ganhar espaço e ultrapassaram fronteiras. Castores têm destruído florestas inteiras!
O ABATE NECESSÁRIO DE CASTORES
Há uma matéria muito interessante que você poderá acessar clicando aqui e ainda outra do G1 clicando aqui.
Neste terceiro link (clique aqui), a revista VEJA publica uma reportagem a respeito da decisão de a Argentina abater perto de 100.000 castores. Todas as matérias são atraentes e não deixam dúvidas a respeito dessa graciosa praga – são animais lindos – que já destruiu, na Patagônia, área maior que duas vezes a da cidade de Buenos Aires.
A porta que lhes foi aberta é assunto do passado. O problema agora é contê-los e recuperar o que destruíram. O assunto é de tamanha gravidade que já pensam em abatê-los para comer.
Após a modalidade “Nado Defender” sacolejamos mais um pouco e, finalmente, chegamos a um ponto em que estacionaram os veículos e seguimos a pé até encontrarmos uma cabana na beira do Lago Fagnano.
Rapidamente os guias das duas caminhonetes providenciaram um saboroso churrasco. Mesa bem arrumada, fartura de carnes, chorizos, pão, vinhos, refrigerantes e água mineral, salada. Éramos aproximadamente 15 pessoas, incluindo os dois guias animados e de boa vontade. Nunca vi nada igual.
A CABANA
HORA DO ALMOÇO
CHAVE NA PORTA DA CABANA, PRÁ QUÊ?
Terminada a refeição os jovens guardaram rapidamente todos os objetos utilizados para o almoço, e deixaram na cabana algumas garrafas de vinho, lenha cortada, e uma chaleira sobre a salamandra ainda a fumegar. “Pode ser que alguém precise de abrigo e por isso a porta não tem chave e a lenha já fica cortada” disse-nos um dos guias. E também porque facilitaria seu trabalho no dia seguinte.
Achei que esse programa não era frequente e fiquei surpresa quando me disseram que o fazem diariamente e que adoram esse roteiro! Não tivemos dúvidas porque a satisfação de ambos era aparente. É indiscutível de que há gosto prá tudo.
A falta de Sol não tirou o brilho das paisagens, mas, convenhamos, teria sido muito melhor se o tempo não estivesse tão nublado.
LAGO FAGNANO VISTO DA CABANA
OBSERVAÇÃO
Essa aventura é aconselhável, sem restrições, para crianças e adolescentes.
Valeu a experiência, apesar de o passeio ter sido cansativo. Caso tivéssemos nos inteirado a respeito deste programa, não teríamos entrado nesta fria. E como dizia Chico Anysio, “jovem é outro papo”.
Vídeo Lago Fagnano: clique aqui (2 ‘ 13 ”)
OBS: O passeio anunciava os lagos Escondido e Fagnano, mas não nos aproximamos do Lago Escondido. Vimo-lo do ponto de vista e mais nada.
Mas que aventura, para ninguém botar defeito, me pareceu que valeu mais o caminho que a chegada ao lago desescondido. Ufah!
Isso mesmo, amiga. Para nós ficou cansativo por conta do quanto tivemos que esperar até que o churrasco saísse do fogo, almoçássemos etc.
O programa é indicado para crianças e adolescentes por se em ritmo de aventura. Valeu pela experiência.
Bjks e obrigada! Marilia.