CASA DO BARREADO
Ó, istepô! Não pense que você encontrará restaurantes em profusão em Paranaguá porque vai dar com os burros n’água. O que existe de melhor (e que melhor!) está sob a batuta de Dona Norma: a Casa do Barreado.
IMAGEM DESTACADA – A Casa do Barreado.
Pelo roteiro rascunhado, sairíamos de Florianópolis, de carro, em uma segunda-feira com destino a Paranaguá; mas, como às segundas-feiras os restaurantes e as poucas atrações da cidade fecham (?), não seria desta vez que visitaríamos o aquário, e passaríamos pelo restaurante de D. Norma.
Em um site de viagens havia visto informações de que a chef só abria a Casa do Barreado em fins de semana e feriados; portanto, nosso desejo de saborear o prato mais famoso da cidade seria adiado.
CORRIGINDO AS INFORMAÇÕES
Acontece que as informações estão equivocadas: Dona Norma só não abre sua Casa às segundas-feiras! E além do famoso prato, a chef também trabalha com cardápio à la carte; aí, sim, é preciso fazer reservas – apenas isso.
Como o panelão de barro fica fumegando na fronteira entre a varanda e a cozinha, quem se destina a esse voo não precisa reservar bilhete: é só chegar e optar pelo “autoatendimento” ou solicitar ajuda ao pessoal da casa.
E que viagem! Quem teve a infeliz oportunidade de provar aquela gororoba triste de Morretes (refiro-me a um conhecido restaurante que recebe ônibus de turismo) nem desconfia do que seja o verdadeiro Barreado!
Explico: em Morretes, prá fazer graça, os garçons do citado restaurante costumam fazer um pirão consistente e seco com o objetivo de colá-lo no fundo do prato. O grude é insuportável e é justamente essa massa de vidraceiro que há anos tiveram a coragem de nos servir. Pior: mais coragem tiveram ao nos dizer que o “ponto” do pirão é exatamente esse. Cai fora, istepô! Tás tolo?
VOLTANDO À VACA FRIA…
Sairíamos de Florianópolis em direção ao Rio em uma segunda-feira; mas, como tivemos que adiar nossa viagem, decidimos sair no domingo seguinte só pensando no Barreado. Liguei para o restaurante, conversei com D. Norma, e acertamos que da estrada iríamos lhe telefonar para mantê-la informada de nossa posição. A Casa do Barreado fica aberta até as 15.00 horas e não sabíamos se chegaríamos a tempo.
Pois bem: era quase uma hora da tarde quando chegamos à fila da balsa de Guaratuba para atravessarmos para Caiobá/Matinhos. De lá fiz nosso primeiro contato e concluímos que ainda faltava muito chão até chegarmos a Paranaguá. Prometi então à Dona Norma que ainda faria outra comunicação caso tivéssemos alguma oportunidade de chegar a nosso destino antes das 15.00 h.
Mãs…, quis o destino, óh!, que entrássemos na cidade às 14.30 horas e nosso prato estava salvo! Liguei uma segunda vez confirmando presença e lá fomos nós, felizes da vida, ao encontro do famoso e autêntico Barreado.
O RESTAURANTE
Trata-se de uma casa cercada por muito verde, onde você poderá estacionar seu veículo sob uma frondosa árvore e deixá-lo aberto. Uma varanda grande e dois salões estão à disposição dos comensais. Tudo é muito aconchegante, e a proprietária nos deixou muito à vontade.
Dona Norma é simpaticíssima, receptiva, gosta de conversar, e eu cá, interessadíssima na história do Barreado e também me entregando de corpo e alma a um bom papo, só fui dando corda. E, ói… muita conversa rolou nesse encontro. Barreado prá lá…, Barreado prá cá…, acabamos iniciando nossos trabalhos com uma recheadíssima casquinha de siri – sugestão da dona da casa. Su-pim-pa! Logo após, Dona Norma nos presenteou com uma “amostra” do barreado, o motivo para nossa pressa.
Segundo meu fiel escudeiro, a amostra foi tão substanciosa que só ficou faltando “partir” sobremesa, pagar a conta e ir embora.
Não foi bem assim, evidente, e partimos foi em direção àquela fronteira. Saboreamos nossos pratos, honrados pela presença de Dona Norma que, ao nosso lado, colocou-nos a par de toda a história dessa apetitosa iguaria.
A ORIGEM DO BARREADO
Dona Norma x Revista Quatro Rodas.
Segundo seu relato, o prato é herança dos portugueses; e quem segue a receita tal qual os patrícios a preparavam são os parnaguaras. como “nas redondezas” – e sei bem que redondezas são essas… – estavam desvirtuando o preparo original, Dona Norma topou abrir um restaurante com o único objetivo de resguardar essa maravilha da arte culinária, que prima pela simplicidade de ingredientes e modo de preparo.
Na Wikipédia encontrei uma receita que, pelo que ouvi de D. Norma, acho que coincide com a preparada pela Casa do Barreado, mas com uma sensível diferença: a receita de Dona Norma mantém o lume por 24 horas e não 20, conforme a receita que segue no final da postagem.
Mas o ápice de nosso papo foi após a sobremesa, quando a chef nos mostrou sua foto em um livro de fino acabamento intitulado FARTURA – Expedição Brasil Gastronômico – obra sen-sa-ci-o-nal a respeito da paixão de seus escritores pela gastronomia.
Nesse livro Dona Norma conta como preparar o prato, como lacrar a panela e muito mais.
De acordo com a chef, não vale substituir a panela de barro por panela de pressão porque altera o gosto. Concordo plenamente: um feijãozinho preparado em fogão a lenha, por exemplo, é indiscutivelmente mais gostoso que outro preparado em fogão a gás. E se quem o estiver preparando for minha cunhada Sonia Maria (uma irmã que Deus me ofereceu de presente) aí, istepô, só lhe resta ir prá galera e comemorar. Não há quem faça feijão melhor que minha cunhada. Não há! Da mesma forma, não há quem faça Barreado melhor que Dona Norma. A revista Quatro Rodas que o diga.
IMPORTANTE: Caso você esteja em Morretes poderá, tranquilamente, dar um pulinho em Paranaguá e conhecer a Casa do Barreado. Apenas 13 km separam as duas cidades.
A RECEITA DO BARREADO
Abaixo segue a receita que encontrei na Wikipédia:
“O prato consiste em um ou mais tipos de carne bovina de segunda e magra, como a paleta, a maminha e o patinho, temperados com cebola, alho, toucinho de porco, pimenta-do–reino, louro e cominho e cozida até desmanchar. O preparo é misturado à farinha de mandioca (até receber a consistência que dá nome ao prato), e servida com arroz e banana-da-terra fatiada. O modo de servir pode ser diferente de acordo com a região do Brasil, Portugal e Espanha, bem como da Inglaterra onde o prato também é apreciado. O segredo na preparação é o tempo de cozimento na panela de barro – cerca de vinte horas – o suficiente para desfiar toda a carne e mantê-lo no fogo sempre. Depois de cozida, as fibras da carne se soltam resultando em um caldo grosso e saboroso e temperado a gosto regional. Para manter o sabor da carne é preciso vedar a panela com uma massa de farinha e água para manter o vapor dentro da panela (Caldeirão).
A aguardente de banana pode ser servida como aperitivo, sendo o Vinho a bebida tradicional para o acompanhamento do prato, bem como o suco de Uvas.
Os locais tradicionais do Estado do Paraná onde encontra-se com facilidade o barreado são as cidades de Morretes, onde o prato é mais conhecido, porém também encontra-se nas cidades vizinhas: Antonina e Paranaguá“.
1- Conheça Antonina, a 58 minutinhos de Paranaguá!
Mas que trabalhão que dá fazer o barreado, mas deve ser dos deuses esse de Paranaguá e que casa mais linda e agradável é o local.
Miga, bom dia! Você não sabe!!! Fiz um Barreado ontem aqui em casa. Ficou em panela de barro, fogo baixíssimo de 20.00 h de sábado às 20.00 de domingo, como manda o figurino. Delícia!!! Estou saindo daqui para congelar o conteúdo do panelão. Bjks.