IMAGEM DESTACADA: Galeria Vivienne, a mais elegante da cidade.
Adoro galerias. Aqui no Rio me encanta a Galeria Menescal. Não me canso de admirá-la e sempre que posso dou um pulinho até lá. Falando sério, sinto-me em Paris. Em proporções bem menores, mas…sinto-me em Paris. Há, há.
A Menescal é uma passagem da Av. N. S. de Copacabana para a Rua Barata Ribeiro. É espaçosa, alegre, bem iluminada, movimentada e dotada de excelente comércio. Há uma loja onde servem refeições, doces e salgados árabes que vive cheia. Difícil você chegar e não enfrentar uma fila. Vale à pena enfrentá-la? Claro! Inda mais que o atendimento é rápido. Adoro comida árabe. E alemã. Italiana também. E a francesa? E a portuguesa? A Tailandesa! Nossa… a Japonesa, a Chinesa, a Mexicana… E a Brasileira? Aquele tutuzinho com couve à mineira? Adoro comer, perceberam? Comer bem. Não quantidade, mas qualidade. Mas isso já é outro papo. Não entrarei em pormenores agora, porque pretendo incluir a Galeria Menescal em uma postagem caprichada.
GALERIA VIVIENNE
Voltemos à Galeria Vivienne, linda de viver.
São três entradas: uma fica no número 6 da rue Vivienne; outra, no 4 da rue des Petits Champs; e mais uma no número 5 da rue de la Banque.
Leonor, nossa estimada amiga e guia de Aix-en-Provence, foi quem nos ensinou a pedir o café gourmet – idéia que adoramos e adotamos até mesmo pela surpresa que cada cafeteria nos reservava.
Paris contava com 150 dessas passagens cobertas e hoje restam entre 15 e 20.
Obras de expansão da cidade promovidas pelo Barão Haussmann foram responsáveis pelo desaparecimento dessas charmosas galerias, na proporção em que outro tipo de comércio começava a florescer: as lojas de departamento, fortes concorrentes.
As galerias sobreviventes a essa época ainda são destinadas ao comércio e continuam atraindo clientela.
A requintada Vivienne, estilo neoclássico, por exemplo, foi construída em 1823. O piso é trabalhado em mosaicos minúsculos, obra de um italiano de nome Giandomenico Facchina, que assina sua arte em um dos corredores. Para a sorte dos franceses, no século XIX o artista deixou belas heranças .
A elegante galeria abriga excelente comércio e, dentre eles, a famosa boutique de Jean-Paul Gaultier pelo lado da própria rue Vivienne.
Outro destaque é a a casa de chá/restaurante À Priori-Thé.
L’APARTÉ
Agora, linda mesmo é a loja L’Aparté, exclusiva em artesanato feito com papel. São incríveis! e por mais que seja detalhista em minha descrição, jamais conseguirei me aproximar da realidade.
A loja é um delicado cenário. Ao entrar, imaginei que a qualquer momento fosse ver a Fada Sininho voando entre as dezenas de flores e guirlandas iluminadas que a decoram. É tudo tão delicado, lindo e colorido, que você se perde nas escolhas.
Todas são moldáveis graças a arames finíssimos colados nas peças. São embaladas uma a uma (que nem o comercial de uma antiga marca de drops) para que não se danifiquem. A delicadeza é tanta, que qualquer descuido pode danificá-las.
Antenas e asas são moldáveis ao gosto do freguês. O arame maior serve para prendê-las onde acharmos melhor, ou fazer as vezes de hastes para colocá-las em vasos.
Testemunhei a aflição de um senhor que já estava na loja quando entramos. Ele precisava comprar um presente – sem querer, ouvi-o comentar -, mas ele não sabia o que comprar. A dúvida era tamanha, coitado, que a vendedora resolveu ajudá-lo perguntando o perfil do presenteado. Visivelmente, o senhorzinho estava aflito! Múltipla escolha é fogo. Ó dúvida cruel!
Não posso afirmar, mas me pareceu termos sido atendidos pela proprietária da loja – uma senhora simpaticíssima, de gestos e voz suaves, amável, e tão graciosa quanto os artigos expostos na loja.
Foi a mesma que atendeu o senhorzinho que saiu feliz da vida da L’Aparté com um embrulho para presentes tão lindo quanto seu conteúdo.
Como eu já havia me encantado por aquelas maravilhas, para não ficar na mesma sofreguidão que o senhorzinho, foquei nas borboletas e acabei saindo da loja com uma coleção de tamanhos e cores distintas de fazer inveja a qualquer floresta de desenho animado. Loja de sonhos inesquecível que pretendo rever quando retornar a Paris.
Antes que me esqueça, você poderá começar esse passeio entrando pelos jardins do Palais Royal. Salte na estação de Metrô Palais Royal-Musée du Louvre. De um lado está o museu e do outro, o Palais. Seu primeiro encontro será com as Colunas de Buren onde você poderá sacar belas fotos.
Depois dê uma olhada nas lojas das galerias; tome um bonito café ao ar livre se o tempo permitir e depois atravesse o jardim. Lá no final há uma saída discreta para a rua de Beaujolais. Atravesse-a e entre na rue Vivienne, única perpendicular neste quarteirão.
Nesta rua você encontrará duas galerias, uma quase ao lado da outra: a Colbert, no número 2 – onde você poderá almoçar longe do burburinho da cidade em uma brasserie que ainda conserva o mesmo charme desde sua inauguração, em 1926 -, e a Vivienne no número 6.
Assim que você adentrar os Jardins do Palácio Royal, atravesse-o. Passar por esse corredor é relaxante. Dependendo da época em que você o visitar, ele estará com as árvores coloridas – é a Natureza pintando nosso Planeta Terra com suas belas cores.
O jardim do Palais Royal é silencioso e transmite tranquilidade. Muito bom caminhar e escutar o barulhinho da sola do sapato apertando os grãos de areia…
VISITA À VIVIENNE em abril/2019
Queríamos rever a galeria, passar pela L’ Aparté – quem sabe, não descolaria mais alguma obras de arte da gentil senhora?
Duvido que você, ao visitar essa loja, não pense que entrou em um sonho. A loja deslumbra até os mais desatentos. É linda demais…
Em 2014 comprei as delicadas borboletas de papel das fotos acima. Em 2019 as maravilhas expostas nas vitrines eram caras demais para meu bolso. Mas, eu volto.
Para chegarmos à Galeria Vivienne cumprimos o mesmo roteiro. Passamos pelas Colunas de Buren…
Atravessamos o Jardin du Palais Royal (Muito diferente de quando o conheci em 1985; naquela época, era lindo!) e o vimos sendo cuidado…
Cruzamos a Galerie de Beaujolais, saímos na rue de mesmo nome e a atravessamos para passarmos em uma pequena rua (um tipo de beco) e saímos justamente em frente à rue Vivienne, onde há uma entrada para a galeria no número 6.
A Galeria estava em reforma e sendo restaurada por mulheres jovens. Vi pelos menos quatro.
Por alguns momentos parei para observar o cuidado excessivo com que delineavam as figuras das paredes em paredes já recuperadas.
Os pisos – outra obra de arte executada em mosaicos com pequenas pedras – estavam totalmente forrados.
Andaimes, baldes de tintas pelo chão, restauradores andando de um lado para o outro, nenhum vaso de plantas adornavam os corredores por motivos óbvios, mas mesmo assim a Galeria Vivienne não perdeu suas beleza e nobreza.
Daí, para recordar outro momento lindo, entramos em uma cafeteria e tomamos um bonito café muito bem acompanhado por dois doces fantásticos. Doce de griffe, enfeitado folha de ouro. Chic, assim.
PASSAGE DES PANORAMAS
LOCALIZAÇÃO: Boulevard e rue Montmartre.
Caso você esteja interessado em visitá-la, basta continuar pela rue Vivienne e alcançar o Boulevard Montmartre. Em lá chegando vire à direita até encontrar o número 11, uma das entradas. A outra está no número 164 da rue Montmartre, onde você poderá chegar caminhando por seus corredores.
A Panoramas é uma galeria simpática e movimentada, onde podemos desfrutar de um saboroso café gourmet em algum de seus bares, bistrôs e restaurantes, ou saborear um perfumado chá em uma casa especializada. O comércio de selos também atrai colecionadores.
Estação de Metrô mais próxima: Grands Boulevards.
ONDE ALMOÇAR NA PANORAMAS
Endereço: 62 Passage des Panoramas, 75002 Paris, França –Telefone:+33 1 42 36 89 62 – La Crêprerie. Lugar excelente. Ambiente acolhedor e atendimento simpático.
PASSAGE JOUFROY
Basta atravessar o Boulevard Montmartre. A Joufroy é como se fosse a continuação da Panoramas, só que do outro lado da rua.
Endereço: começa no 10, Boulevard Montmartre e termina no 9, rue de la Grange Batelière.
Essa passagem fica ao lado do Museu de Cera Grévin, assunto para outra postagem.
A Galeria abriga dois hotéis: o Ronceray (dê uma olhada naquele conhecido site especializado em reservas de hotéis que você vai se surpreender) e o Chopin, escondido no fundo da galeria, em funcionamento desde a época da inauguração da Joufroy, em 1846. Neste último, a tranquilidade anunciada de suas dependências deve-se ao fato de não haver janelas para a rua…
Na Joufroy o que chama atenção são duas lojas de brinquedos diferenciados, paraísos para a gurizada. Quer dizer: a loja também encanta adultos, começando por mim. A-do-ro brinquedos e não escondo minha paixão por bichos de pelúcia; e a prova disso é que aos 68 anos ainda me presenteio com esses mimos.
Brinquedos me fazem regredir até a infância. Não entendia o porquê de o Papai Noel nunca ter trazido os brinquedos que pedia nas cartas. Bem mais tarde me dei conta do motivo: tempo de vacas magras de meus pais, mas que também me deixaram muita saudade.
PASSAGEM VERDEAU
Saindo pela rue de la Grange Bateliére, atravesse-a e entre na Passage Verdeau, no número 6. Essa galeria é bastante simples – termina no 31, rue du Faubourg Montmartre.
Dois pormenores me chamaram atenção: o tratamento de alisamento de cabelo à brasileira e um manequim superantigo anunciando uma loja de nome “A Felicidade das Senhoras”. Amei ambos os detalhes.
No canto à esquerda, o Hotel Chopin. Em frente, o Museu Grévin.
Passeio que você não poderá deixar de fazer em Paris. E o melhor: andamos por todas essas galerias em um só dia e sem pressa. O roteiro segue abaixo.
Realmente de dar inveja de quem pode ir, as galerias mencionadas são umas preciosidades, que, como sempre, você nos dá o prazer de conhecer.
Obrigada, amiga! Realmente, são todas preciosas, independentemente de serem luxuosas ou não. Bjks.