COMO CHEGAR a SAINT PAUL-DE-VENCE partindo de NICE
O Ônibus 400 vai até Vence. Porém, como a maioria das pessoas destina-se a Saint Paul-de-Vence, deverá observar se no visor do ônibus está escrito Vence “PAR” Saint Paul.
Para ver itinerários e horários clique aqui, aqui > LINHA 400 – LINHA NICE VENCE, e ainda aqui > LINHA 400 NICE – VENCE.
FOTO EM DESTAQUE – Bouganville em residência de Saint Paul-de-Vence.
UM POUCO DE (minha) HISTÓRIA
Comecei a viajar em setembro de 1985 e desde então, dentre tantos momentos que me marcaram, dois me deixaram belas e profundas cicatrizes.
O PRIMEIRO MOMENTO
Foi no Chile, quando, do alto do Vulcão Osorno coberto de neve, vi a Cordilheira dos Andes emoldurando Santiago. O momento foi indescritível não só pelo fato de eu estar com meus pés enfiados na neve até quase os joelhos, em um vulcão adormecido, mas também por estar cercada por uma cadeia de montanhas poderosa cujos picos estavam em nível abaixo do ponto em que eu estava no Osorno.
NOSSA REAÇÃO
Em companhia de familiares e um amigo ficamos em silêncio por alguns instantes para ouvir o misterioso silêncio do TUDO e do NADA que sustenta nosso planeta no Universo.
Nosso silêncio foi espontâneo. Brotou da necessidade de cada um de meditar por alguns instantes diante de um poder que não sabemos de onde vem; de calar diante de um grande mistério que nos rodeia e observa cada um de nós em tempo integral; necessidade de orar; de agradecer e retribuir com admiração e quietude aquele encontro com a natureza.
PASSADO O IMPACTO
Vivenciamos instantes de uma paz inexplicável que nos pegou de surpresa!… De comunhão de almas interrompida em minutos seguintes por nossa esfuziante alegria, por nossos rápidos comentários, e pela felicidade de estarmos ali, apenas os quatro!, abraçados naquele ponto do planeta – um baita e famoso vulcão.
Diante de tanta grandiosidade, pergunto: – Quem somos, afinal?
Quero voltar ao Osorno!… E voltei!!! alguns anos depois.
O SEGUNDO MOMENTO
foi quando, com familiares e amigos, tivemos a sorte (não é mais permitido) de atravessar os Lençóis Maranhenses em quadriciclo, navegando de Barreirinhas até Atins.
Eram cinco máquinas vermelhas desenhando um balé espetacular dunas afora. Ambos os momentos foram indescritíveis, emocionantes e inesquecíveis.
AS EMOÇÕES MAIS RECENTES,
mas não tão profundas, ficaram por conta de alguns minutos em dois passeios que fizemos. Uma, foi quando me vi em Biot diante da escultura de dois dançarinos de autoria de Kees Verkade, intitulada L’Envol; e a outra, em Saint-Paul-de-Vence, na Chambre aux Confitures.
As impressões que me deixaram os lugares que visitei sensibilizaram-me de jeitos diferentes, claro, e eu não poderia excluir Saint-Paul por um detalhe por demais tocante para mim. Resgatei momentos felizes de minha infância passados na fazenda de meu avô materno, em Santa Catarina. Essa memória devo à Chambre aux Confitures, da qual falarei um pouco mais abaixo.
No Café De La Place, à direita de quem acaba de chegar à St. Paul, mofamos com as pombas na balaia e ninguém nos atendeu. Saímos, obviamente, e fomos nos deliciar com um café quentinho em outro lugar.
Outro aspecto que chama bastante atenção na parte antiga da cidade são os becos, as ruas estreitas, as fontes, o calçamento de algumas ruas, as passagens estreitas, que são muitas, e as roupas penduradas na janela.
LA CHAMBRE AUX CONFITURES
GELÉIA e CONFITURE. QUAL A DIFERENÇA?
GELÉIA
Antes de mais nada é preciso dizer que geléia não é a mesma coisa que confitures (marmelade). Geléias são elaboradas apenas com o sumo das frutas e nem todas culminam em bons resultados.
Para que uma fruta tenha a aparência de gel no final de seu cozimento é necessário que seja rica em pectina, tais como: pêssego, maçã, mirtillo, framboesa, amora, morango, cassis, groselha, limão, laranja, tangerina e outras.
CONFITURE
E confiture (marmeladas) são doces de frutas que minhas tias e avó, todas de origem germânica pelo lado materno, faziam em casa e chamavam de schmier. Chimíer ou, mais aportuguesado, “chimia”. Nesses doces as cascas de algumas frutas são aproveitadas, tais como a da laranja (cortada bem fininha), a da uva e a do pêssego.
A chimia mais comum era a de banana, deliciosa, que ficava horas sendo mexida no tacho sobre o fogão à lenha até ficar bem vermelha.
As framboesas eram colhidas nas cercas quilométricas que separavam duas imensas propriedades e uma delas era a de meu avô.
QUAL A MAIS VALIOSA?
A geléia, por motivos óbvios.
Quando vi esta boutique não resisti e entrei. E à medida que percorria os olhos pelas prateleiras eu regredia no tempo e lembrava de minha infância “nas terras” de meus avós maternos.
Revi as dezenas de vidros de conserva arrumadinhos nos armários da imensa cozinha, e me lembrei que ficava admirando aqueles vidros coloridos pela miscelânea de legumes, alguns, e de frutas, outros.
Como minha avó fazia para que ficassem tanto tempo ali sem estragar? Tinha curiosidade…, perguntava…, mas a resposta era sempre a mesma, curta e aplicável para os netos mexeriqueiros: – Não precisa saber! Ou então, na melhor das hipóteses, vinha um “mais tarde você aprende”. Realmente aprendi, fiz algumas, mas nem todas deram certo.
Tenho desses vidros em meus armários de cozinha, mas agora me servem para guardar biscoitos, farinhas, cereais. Felizmente, ainda encontramos esse tipo de “conserva” para vender em algumas localidades de Santa Catarina, e quando os encontro costumo comprar algum.
E foram esses vidros que momentaneamente vi diante de meus olhos naquela rica estante da boutique e me emocionei. Voltei no tempo em fração de segundos e vi uma parte de minha infância em que eu transbordava de felicidade.
MUSEU FRAGONARD, em Grasse:
A mesma emoção tive no Museu Fragonard quando vi na vitrine vidros de perfume que minha mãe usava e nos quais não podia tocar.
NA CHAMBRE,
diversos sabores, cores e aromas estavam ali na minha frente. Todos “chuntos e reunitos” – com este “erre” bem vibrante como quem imita o barulho de um motor com a língua -, pronúncia que ainda ouço de familiares quando estou em Santa Catarina.
A escolha foi difícil porque os vidro contêm diversos sabores de uma só fruta, de mistura de frutas e de frutas temperadas com especiarias. Bateu aquela vontade de comprar a loja inteira, mas quem daria conta do peso?
A boutique trabalha também com chás, calisson e diversos tipos de doces.
Uma jovem senhora simpaticíssima nos atendeu e disse-nos que duas outras brasileiras haviam estado na loja, fotografaram-na, prometeram divulgar a loja, mas que até aquele momento nada havia acontecido.
Provavelmente, ela não botou fé de que faria esta postagem, mas… aqui está.
Mais informações clique aqui.
ONDE COMER?
Seu texto leve e agradável nos conduz a como diz você: “não se descreve: sente-se!” sentir cada beleza das localidades fotografadas.
Inda mais quando a gente sente “aquela” energia nos atingindo… é demais. Bjks.