HOLANDA . AMSTERDAM . Museu da BOLSA e da CARTEIRA – Se Pensa Que O Assunto É Só Para Mulheres, Enganou-se.

“O desenvolvimento do design de bolsas é fortemente influenciado pelo mundo da moda. A bolsa não é apenas usada para acessórios de roupas: é um fenômeno da moda que muda a cada estação e também reflete o status e o sucesso da mulher que a possui.

Esta é uma das frases que encontramos logo de cara no MUSEU DA BOLSA E DA CARTEIRA de Amsterdam, para explicar as constantes mudanças deste acessório tão importante para nós, mulheres.”

FOTO DESTACADA – O vitral criado especialmente para o Tassenmuseum.

 

O QUE INFLUENCIA UM DESIGNER DE BOLSAS E CARTEIRAS?

“Os designers têm vários pontos de partida individuais, a saber: funcionalidade, forma, material, moda e emoção.
Existem designers influenciados pela arquitetura, que fabricam bolsas em formas geométricas combinadas com composições de cores ousadas.
Para outros desenhistas, a bolsa deve ser um acessório durável. Eles estão especialmente interessados na função prática que a bolsa deve cumprir e por isso fazem uso de materiais fortes, além de incluir compartimentos úteis para telefone e chaves.
As emoções desempenham um papel para alguns designers. Retratos, fotos de artistas e anjos transformam malas em declarações pessoais.” 

UM MUSEU SURPREENDENTE

Há muito o que comentar a respeito deste museu. A maior parte do público é feminina, mas os acompanhantes se deixam conquistar pela criatividade e ousadia dos desenhistas de bolsas. Meu fiel escudeiro, por exemplo, vira e mexe deixava escapar um “Mas como é que pode?”
Uma carteira, em particular, chamou-me atenção porque tenho duas delas: é retangular e estampada com capa de revista. É uma tetéia que que uso apenas uma vez ou outra.

 

CARTEIRA OU REVISTA?

No início da década de 70 comprei a primeira carteira deste tipo de uma senhora que vendia artigos importados onde eu trabalhava.
A outra, comprei-a no Algarve, em Portugal, muitos anos depois. As duas continuam em perfeito estado de conservação e não chamam atenção exatamente por conta da estamparia. Como assim? É o seguinte: por parecer que a pessoa está com uma revista dobrada nas mãos ou embaixo do braço – é como costumo carregá-la -, a lindinha acaba sendo levada em conta de uma revista.

 

COMO MANTÊM O ACERVO

Interessante ressaltar que o museu dispõe de tantas peças (mais de 4.000), que trocam-nas com certa frequência a fim de mantê-las em bom estado; e a fim de não desbotá-las, a iluminação das vitrines é fraca. Essas vitrines expõem bolsas e carteiras que pertenceram a várias personalidades conhecidas mundialmente.

 

Modelos originais de bolsas e carteiras.
O modelo de carteira do qual tenho duas, é este que parece uma revista dobrada. Não usaria muitas bolsas que vi no museu, mas admirei a criatividade e o trabalho de quem as criou. Adorei essa vitrine. Não compraria uma bolsa com feitio de carruagem e nem de telefone. Agora, a carteira em formato de envelope é um charme, bem como aquela que parece uma revista dobrada – é dessa, tenho duas.

 

A HISTÓRIA DA RESIDÊNCIA

“A família De Graeff, extremamente rica e influente em Amsterdam, foi a primeira a habitar esse prédio.
Tudo começou com Cornelis de Graeff, que comprou dois lotes no Herengracht. Entretanto, faleceu antes de sua construção, em 1665.

Seus descendentes, sim, viveram na casa até 1835. Cornelis foi prefeito de Amsterdam e, por 50 anos, foi o administrador mais poderoso da cidade. Foi casado com uma jovem de 18 anos de idade, Catharina Hooft, com quem teve dois filhos: Pieter e Jacobus.

A Árvore Genealógica de quem habitou o casarão.
A Árvore Genealógica de quem habitou o casarão.

 

Os lotes foram herdados pelo filho mais velho, Pieter, que se tornou o primeiro a viver nestes terrenos onde foi construído o prédio.
Devido ao comércio com o leste holandês e uma série de grandes heranças, Pieter de Graeff esteve cotado entre os 50 homens mais ricos da Era do Ouro.

 

DE PAI PARA FILHO ATÉ 1835

Pieter casou-se com sua prima Jacoba Bicker, também de família rica. Ambos sempre pensaram em uma decoração opulenta para a residência.
Em 1707 a residência foi passada para seu filho Johan e, mais tarde, para seu neto Gerrit. Este, foi tão conhecido por sua riqueza quanto por sua avareza. Após 1835, a casa não pertencia mais à família De Graeff.

 

DEZESSETE ANOS DEPOIS…
BENDITAS MULHERES!

Em 1852, Jeronimo de Bosch Kemper mudou-se para a Herengracht, 573 com sua segunda mulher e mais 6 crianças de um casamento anterior, dele. Ele foi, dentre outras coisas, jurista e membro do parlamento.
Sua filha mais velha Jeltje de Bosch Kemper era uma mulher inteligente e comprometida socialmente, a quem não era permitido estudar e nem trabalhar. Estando aborrecida em casa, ela começou a se interessar pelo trabalho de seu pai.
Em 1891, ela fundou a Escola Amsterdam para Ciências Domésticas no Princegracht. Ela ficou conhecida como advogada da independência financeira das mulheres.

 

DE RESIDÊNCIA DE LUXO a UM DOS MUSEUS MAIS INTESSANTES QUE VISITEI

No final do Século XIX a residência foi comprada por Maria Van Eik pela soma de 44.000 guildes, o equivalente à 20.000 Euros. Ela foi a última residente particular no prédio.
Após sua morte, em 1907, vários escritórios passaram por lá. Em 2006, o prédio foi comprado e reformado por um benfeitor, e por isso o museu pode ser instalado lá. Até então, o museu estava localizado na casa da família Ivo, em Amstelveen.” E foi Hendrikje Ivo que acumulou malas, bolsas e carteiras por aproximadamente 35 anos. 

 

 

 

O QUE MOSTRAM AS PRIMEIRAS VITRINES DO MUSEU

 

Logo que o visitante entra no museu, as primeiras vitrines mostram peças menores – bolsas de passeio, bolsas e sacolas sofisticadas – as chamadas soirées -, além de pochetes e niqueiras.

 

Determinadas bolsas surpreenderam pelos formato, material utilizado em sua confecção e adornos. Esta que vemos à direita na foto é um exemplo.  Enfeitaram-na com uma cabeça de boneca! A figura é bonita… Porém, vista de perfil, esta cabeça fica excessivamente projetada prá frente. Realmente, há gosto prá tudo.

 

 

São mais de 4.000 peças que contam a história deste acessório desde o final da Idade Média (1453) até nossos dias.

 

Um vídeo (iluminação redonda) mostra pormenores de trabalhos executados em algumas peças expostas nas vitrines. É um deslumbramento!

 

Bolsas cujos fechos foram moldados em prata.
Os fechos destas bolsas, moldados em prata, valorizaram ainda mais estas verdadeiras jóias!

 

Nesta outra vitrine o museu expôs peças mais valiosas que as da foto acima. Estas peças, tais como fechos, alças e adornos, enriqueceram bolsas e carteiras.

 

Por se tratar de um museu diferenciado, o ideal é o visitante apreciar as peças com tranquilidade. E como o Tassenmuseum conta com um Café e um restaurante, na hora em que bater a vontade de fazer um bonito lanche ou almoçar em um restaurante histórico, você não precisará sair do museu.

 

Alças e fechos que dispensam comentários.

 

À medida que avançávamos pelos corredores, os modelos de bolsas e carteiras iam se tornando familiares. Porém, há exceções, e o modelito da foto abaixo confirma isso. 

 

Um tatu com alças! Há de se ter muita personalidade para exibir uma peça dessas. Particularmente, não dispenderia nem um centavo na aquisição de uma bolsa deste tipo.

 

Nota: Imagem desta bolsa foi obtida no Jornal O GLOBO de 31.8.2007. Explico: minha foto ficou tão feia, que a imagem desfocada ficou muito pior que estas que publiquei. Cliquei-a pelo alto e aconteceu algo inacreditável: a imagem ficou indecente! Foi por este motivo que desisti de publicá-la e procurei uma substituta na internet.

Esta bolsa é tão extravagante, que ontem mesmo comentei com parentes que ela serviria para assustar alguma criança que não quisesse fazer alguma coisa por ordem de seus pais. Tranquilamente, uma frase do tipo ” Se não quiser tomar o remédio, a bolsa da mamãe vai te pegar!” provocaria aceitação imediata.

 

O USO DE PELES EM CASACOS

e estolas, antigamente, denotava status. Apenas pessoas “chics” tinham condições financeiras para adquirir esses bens.
Nas décadas de 50 e 60 havia uma loja no Rio de Janeiro, na Avenida Rio Branco – a Casa Canadá –, onde apenas mulheres do high society – as chamadas “locomotivas” – gastavam fortunas em um traje.
Manequins famosos desfilavam apenas para essas clientes, que não repetiam roupas em ocasiões especiais.
Uma vizinha que trabalhava na Canadá contou-me que lá havia um “frigorífico” especial para conservar essas peças de pele. Esse serviço era muito bem pago.

O museu mostra que não só os crocodilos viram bolsas. Cobras e lagartos, além de tigres e tatus, também. 

 

Bolsa de couro de crocodilo exposta na vitrine do Tassenmuseum de Amsterdan.
Esta bolsa cascuda pode ser valiosa, mas é tosca demais.

 

Nesta outra, quem parece dormir? Uma onça pintada ou um guepardo?

 

A PROIBIÇÃO DA MATANÇA DE ANIMAIS

A matança de animais para utilização de suas peles na fabricação de artefatos tais como cintos, bolsas, sapatos, encadernações, pastas, chapéus, estofamento de automóveis e outros, foi e ainda é motivo de muita discussão. Saiba mais a respeito clicando aqui.

 

O couro de cobra, mais elegante, acho que confere um certo requinte aos acessórios. Mesmo assim não os compraria, só em pensar em sua origem.

 

Foto de bagagens de antigamente.
Os milionários da época não se importavam em levar dezenas de malas em suas viagens, até mesmo porque havia quem as carregasse. Pelo contrário, quanto mais bagagens, melhor. Aparelhavam-se com tudo que pudessem transportar, a fim de mostrar a costumeira elegância e poder durante suas longas viagens.

 

O QUE LEVAVAM EM TANTA BAGAGEM?

As malas, maletas e baús de viagens em couro, aparelhados com apetrechos que você nem imagina, também estavam lá. Di-vi-nos! Por outro lado, pensar que passageiros carregavam toda essa bagagem e mais roupas, sapatos, sombrinhas, meias, luvas, cartolas, coletes etc… etc…, dá arrepio. E quando penso que já viajei do Rio ao Caribe Colombiano apenas com uma bolsa de mão…

Fotos de bolsas de formatos originais
Bolsa Balde de Champanhe. E pensar que endinheirados e/ou famosos extravagantes (de bom gosto ou não), mostraram todas estas bolsas em seus braços. 

 

Bolsas originais do Tassenmuseum
Esta em formato de navio achei original e a usaria sem temer críticas como as muitas que já ouvi pelo tamanho de minhas bolsas.

Bolsa em forma de vaso, com direito à uma plantinha bem crescida que deve ter sido bem adubada.
Quanto ao cupcake, não entendi sua função. Seria uma niqueira?
A bolsa em formato de navio é uma viagem interessantíssima na qual embarcaria numa boa.

Bolsa com Incrustações de conchas e caracóis.

Tenho gosto desigualado para certas coisas, mas não sei se teria coragem para sair com uma bolsa tipo “Caldeirada de Frutos do Mar” onde até um cavalo marinho foi incrustado.

Dois casais de cachorros enfeitam a cesta branca, sendo que, nas fêmeas, colocaram até chapéus!

 

Requinte e beleza nestas duas bolsas obras de arte em bordado.

 

A “Caldeirada de Frutos do Mar” e a caixa de lenços descartáveis. Observem a “simplicidade” da tampa.

 

Bolsas bordadas .
Bolsas maravilhosas e descomplicadas em seu uso. A riqueza e originalidade dos bordados faz toda diferença.

 

Bolsa executada com lacres de latas de refrigerantes.
Um modelo bastante conhecido por todos os brasileiros. Poderia ter perguntado a procedência desta bolsa, mas deixei escapar a oportunidade.

 

Niqueira em formato de disco de telefone.
A niqueira da esquerda esbanja originalidade. E como sai da bolsa vez ou outra – e às vezes nem sai! -, seria minha escolha, caso fosse possível. Gostei imensamente.

 

Bolsa em formato de um girassol dobrado.
Duas maravilhas. Porém, meu voto vai para a bolsa girassol pela originalidade e pelo trabalho pormenorizado no couro.

 

 

 

O RESTAURANTE DO MUSEU

Mostra o requinte das pessoas que ali viveram. Apesar de não entender absolutamente nada de arquitetura, ouso dizer que o tipo de cadeiras que incluíram nestes ambientes, chocou-me.
Composições do clássico com o moderno são permitidas e aconselháveis, mas, no meu humilde entender, exageraram.
Cadeiras estilosas, de design moderno e confortável, poderiam ter destaque nesses ambientes, mas essas brigam furiosamente com o restante da decoração.

 

 

O contraste na decoração do restaurante do museu.
Permite-se contrastar, é verdade, mas acho que exageraram no modelito das cadeiras, mesmo que seja de autoria de algum famoso. Impliquei com as pernas das cadeiras… 

 

 

Pintura do teto de uma das salas do restaurante do Tassenmuseum.
Detalhe do teto de uma das salas do restaurante.

 

A CAFETERIA
conta com dois ambientes. Este abaixo, em ambiente fechado, e outro em uma varanda envidraçada e com vista para a rua, onde tomamos um delicioso café acompanhado por torta.

Bar da cafeteria do Museu das Bolsas e das Carteiras.

 

Reabastecer as energias com café e torta de amêndoas é agradecer aos céus por este momento lindo e correr para o abraço.

 

Cafeteria do Museu das Bolsas e das Carteiras, em Amsterdam.
Tomar um café em boa companhia e em um lugar como esse da foto, é indefinível.

 

O BANHEIRO FEMININO

impressiona pelos espelhos, móveis bem conservados e mármores nobres. Em cada compartimento do vaso sanitário, pasmem!, havia um nicho iluminado e bem protegido onde incluíram uma peça do museu.

Bancada do banheiro feminino do Museu de Bolsas e Carteiras, em Amsterdam.
Flores naturais enfeitavam o bem cuidado banheiro feminino, onde vários tipos de papéis estavam a nossa disposição. 

 

Carteira totalmente recoberta por rico bordado.
Esta carteira requintada, verdadeira obra de arte, estava em exposição em um dos compartimentos do banheiro feminino. Evidentemente, os nichos iluminados estavam protegidos por um vidro espesso, e não me admiraria se me dissessem que havia alarmes instalados.

 

A minúcia do bordado desta carteira foi algo que admirei por algum tempo – felizmente, ninguém entrou no banheiro neste momento. Ao apreciá-la, me fazia perguntas a respeito da obra, como por exemplo:  Em quanto tempo o artista bordou esta carteira? 

 

A BOUTIQUE DO MUSEU

 

Foto do interior da loja de bolsas e carteiras do museu.
Ao sairmos foi que visitamos a loja, onde vimos bolsas belíssimas de vários estilistas. Eram lindas e caras.

 

 

 

 

 

Uma bolsa em acrílico a fim de que o visitante deposite sua contribuição.
E na saída, não é que encontramos a famosa “sacolinha” de contribuições? 

HORÁRIOS DE ABERTURA:

Diariamente de 10:00h às 17:00h

ENDEREÇO:
Herengracht 573 
1017 CD Amsterdam Holanda 

Obs: localizado atrás da Rembrandtplein.
info@museumofbagsandpurses.com

Para maiores informações acesse o site: http://tassenmuseum.nl

 

 

Nota: Os parágrafos escritos entre aspas são informações que estão ao alcance de todos que visitam o museu.

 

“Pouco a pouco viaja-se muito.” – maladeaventuras.com

 

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