Simples esclarecimento: em lugar de caixinhas – outro sistema de captação de energia -, essas rodas possuem “lemes”, ou aletas, que ficam em contato com a água de um rio ou de outra fonte que tenha correnteza.
A qualidade da energia gerada por essa fonte em movimento está diretamente ligada a sua velocidade. Foi este rio que gerou energia (cinética) para alimentar a estância durante muito tempo.
Onde permaneceu por mais tempo foi no bloco de gelo que você verá a seguir clicando aqui.
Jamais pensei que fosse me aproximar tanto de um iceberg! Foi o mais impactante, o que permitiu ao piloto encostar, com maestria, em um de seus lados – momento de deslumbramento por ver tão de perto, quase ao alcance de nossas mãos, essa escultura única, talhada pela mágica natureza.
Após a atracagem no cais da estância fizemos uma caminhada de aproximadamente 20 minutos até chegarmos ao restaurante. De lá seguimos até o Rio Caterina – nascente no Lago Anita e desembocadura no Lago Argentino – onde a guia nos apresentou à antiga fonte de energia que nutria a estância: a roda d’água que você vê na foto em destaque e aqui embaixo.
Aqui abaixo, um pé de calafate – uma frutinha que nasce em arbusto extremamente espinhento.
Almoçamos, fizemos uma visita a um antigo galpão de tosqueamento de ovelhas transformado em museu, e de lá seguimos em veículo 4×4, por 10 km, até ao Refúgio Upsala.
No restaurante, objetos preservados ajudam a contar a história da estância fundada em 1914.
Para quem procura isolamento para descansar é o lugar ideal: a propriedade conta com um hotel (Estância Cristina Lodge) de acomodações muito confortáveis, espaçosas e decoração digna de nota. Não tive tempo para visitá-lo, mas pesquisei a respeito e as indicações são positivas e elogiosas.
A decoração rústica do restaurante chama atenção pela originalidade: a quantidade significativa de utensílios destinados a uso doméstico, conservação da propriedade e locomoção de seus habitantes, mostram aos visitantes que quase nada mudou desde então. Explico: houve, sim, aprimoramentos e empregos de novos materiais para determinados instrumentos tais qual o esqui, considerado o meio de transporte mais antigo de que se tem notícia.
O garrafeiro preso na parede, outro exemplo, é antigo!… Mas, quem há de dizer que não se trata de design atual?!
A título de curiosidade: fósseis encontrados na Sibéria e no norte da Escandinávia apontam que em 8000 A.C. o esqui já era utilizado como meio de locomoção. Mais informações a respeito do assunto, clique aqui.
O restaurante é amplo, limpíssimo e de aconchegante simplicidade. De qualquer lugar onde você esteja, terá a natureza como companhia.
O almoço foi soberbo: pães quentes e deliciosos (fabricados na própria estância) abriram os trabalhos. Como entrada, a única empanada que comi na vida que estava deliciosa. Massa fina como se fosse folheada. Ah, se todas fossem iguais a essa.
Como prato principal escolhemos massa – a outra opção era o tradicional e famoso Cordeiro Patagônico, que não chegamos a experimentar. Muito bem temperada, ao dente, veio fumegante para a mesa. Delícia!
De sobremesa, fomos contemplados com essa torta maravilhosa que dispensa qualquer comentário. Uma dose de glicose na veia, mas… fiz um sacrifício e abri uma excessão.
Após o almoço fizemos um rolê pelo galpão de tosqueamento de ovelhas, que hoje abriga um museu.
A seguir da visita ao museu rumamos para o ponto de vista do Glaciar Upsalla. Na volta fizemos uma parada no refúgio a fim de assistirmos a uma palestra a respeito de tudo que você possa imaginar referente à estância. O assunto despertou tamanho interesse nos visitantes, que só ouvíamos o forte assobio do vento cantando lá fora. Nota dez para o palestrante.
Essa caminhada até ao “ponto de vista” nós dispensaríamos numa boa. Primeiro, porque o vento frio e cortante incomodou na caminhada; o terreno é irregular e em aclive – lindo, mas cansativo demais. Pode ser muito interessante para os mais jovens, mas para nós foi sacrificante. E mais: não nos deixaram permanecer onde estacionaram os jipes: tivemos que embarcar nessa canoa furada mesmo contra nossa vontade, e ainda por cima… à beira de um enfarto. A paisagem é linda, mas não valeu o esforço.
Na foto abaixo, o Glaciar Upsalla visto à léguas de distância do ponto em que estávamos – pura enganação. Por isso citei acima que essa parte do mirante não foi compensatória.
O ponto positivo ficou por conta do discurso do jovem guia. No mais… se você pensa que verá o Glaciar Upsala tal qual vê o Perito Moreno, vai “mofar com as pombas na balaia”*.
A geleira, repito, está muito distante, e por isso acho que deveríamos ter sido avisados. Incluem na programação um atração “pega-turistas” justo no final, claro.
O Upsalla visto pelo zoom de minha máquina fotográfica que não é lá essas coisas; ou seja, não adiantou nada.
Sem receio de exagerar: nem com o auxílio do mais recente lançamento da Hitachi – o microscópio MET – seria possível apreciá-la satisfatoriamente do ponto em que estávamos.
Voltamos para sede da estância e de lá retornamos para El Calafate. Felizmente os jipes nos levaram até ao cais, o que ajudou bastante: poupou-nos daquela caminhada de 20 minutos. Excluindo esse arremate do glaciar, o passeio valeu.
E como não poderia faltar uma “foto mico”, aqui estão algumas. Publico-as sem constrangimento. Afinal, tivemos o privilégio de mastigar uma pedra de gelo de um iceberg de quantos anos?
MAS QUE GRANDE AVENTURA NAS TERRAS DE ÁGUAS. UMA CURIOSIDADE A FRUTINHA DO CALAFATE É COMESTÍVEL? BJUS
Realmente, querida amiga, uma aventura e tanto que pretendemos repetir. Da frutinha fazem geléias, sorvetes. Muito gostosa. Bjks e obrigada por seu pitaco.