BRASIL . Cidade do RIO DE JANEIRO . O Surpreendente Museu do Amanhã.

 

PRAÇA MAUÁ – COMO CHEGAR 

Os meios de transporte público que o deixam na porta do MUSEU do AMANHÃ são: o VLT (Veículo “Lentíssimo” sobre Trilhos), desde o Aeroporto Santos Dumont. Taxis o deixam bem próximo das atrações. Consulte todas as opções clicando aquiônibus de diversas procedências, Metrô, barcas.

FOTO EM DESTAQUE:  detalhe da marquise da entrada do museu.

O VLT que circula no Centro do Rio de Janeiro.
O VLT que circula no Centro do Rio de Janeiro.

Você terá que ser muito paciente (não tenho essa virtude) para suportar a lentidão do tal bonde.

Há uma área específica designada para exposições temporárias, na qual o Museu do Amanhã apresentou u’a mostra audiovisual em sua inauguração.
A exposição seguinte, a que comparecemos, foi dedicada à Santos Dumont. Interessante ressaltar que um sósia do aviador posava próximo a um modelo 14-bis em frente à entrada do museu. O jovem fez o maior sucesso! Atraiu muitos olhares por sua parecência com o aeronauta mineiro e por isso foi alvo de muitos cliques e selfies.

 

O TRIÂNGULO da MAUÁ

O EDIFÍCIO A NOITE

1- Na foto abaixo, três gerações de arquitetura compõem esse triângulo: o edifício conhecido como A NOITE, à direita na foto, em estilo art-décoratif, começou a ser erguido em 1927.
Terminada a obra, em 1930, o Edifício Joseph Gire foi considerado o maior arranha-céu da América Latina – imaginem isso.
Atualmente destoa em aparência dos demais prédios que circundam a Praça Mauá. Abandonado, foi alvo de rede hoteleira…, anunciaram reformas com finalidade residencial…, enfim, várias hipóteses levaram em conta para recuperar o prédio, mas até agora necas de pitibiriba – assunto de cachorro grande.
Neste link da jornalista Simone Cândida você poderá acompanhar esta novela.

2- RIO BRANCO Nº 1:

O prédio da esquerda, o RB1, ergueram no lugar da Casa Mauá, construída em terreno de propriedade do Mosteiro de São Bento.
As negociações para a demolição do antigo prédio começaram em 1970, mas apenas em 1983 a obra do moderníssimo número 1 da Rio Branco começou a engatinhar.

CASA MAUÁ, demolida para ceder lugar ao RB1. Inaceitável…

A foto acima ilustra um blog bastante informativo a respeito do Rio Antigo. Caso você se interesse em saber como era a Cidade Maravilhosa de outrora, clique aqui.
Você se perguntará do porquê da demolição de tantos palácios semelhantes a esse. Neste caso, especificamente, substituíram esse prédio lindíssimo por uma montanha de vidros. Não consigo entender a falta de atenção e o descaso com que lidaram (e lidam) com esses monumentos extraordinários, que favorecem uma cidade a contar sua História.
Outras demolições lastimáveis foram: o Palácio Monroe, no final da Av. Rio Branco, e o edifício do Jóquei Club na esquina da Rio Branco com a Almirante Barroso – outro que foi abaixo para ceder lugar a outra vidraçaria de gosto duvidoso.

Inconcebíveis demolições para quem olha para um passado supostamente marcado pela elegância. Digo supostamente, por tratar-se de uma época que conheço apenas por fotos. Passado transformado pela batuta do prefeito Pereira Passos,  inspirado, nada mais, nada menos, que na cidade de Paris.

3- MUSEU do AMANHÃ:

Sua inauguração ocorreu em 19 de dezembro de 2015; nesta ocasião, li muitos comentários desfavoráveis quanto ao acabamento da obra, mas não foi o que vimos meses depois em uma terça-feira – dia da semana mais tumultuado para conhecer o museu. Além do mais, não fomos ao Museu do Amanhã para criticar acabamentos, mas para saber o porquê desse “Amanhã”.
Toda terça-feira, além de a entrada ser gratuita, é o dia da semana reservado para profissionais ligados à mídia e à visita de estudantes. Não recomendo devido ao tumulto.

Espelho d’água na lateral do museu. Ao fundo, a Ilha das Cobras.

 

Espelho d’água lateral do museu. ao fundo, o Cais do Porto, totalmente remodelado.

No MUSEU
tudo é impactante – desde sua localização (tem como pano de fundo a baía de Guanabara – destaque para a Ponte Rio-Niterói) à refinada e monumental obra de arte do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, de cuja arquitetura fiquei fã ao visitar a Estação Oriente, em Lisboa, em 2013.

 

VISÃO PRIVILEGIADA

O vídeo de autoria de Matheus Pestana mostra a Praça Mauá em sua plenitude e abrange parte do Cais do Porto. São imagens filmadas por um drone sob seu comando. Trata-se de uma viagem sensacional por ângulos que você nunca viu.

O arquiteto de fama mundial afirmou ter-se inspirado nas bromélias para traçar o projeto do museu.

VER e SENTIR o MUSEU

O COSMOS

Logo na entrada, uma escadaria lateral dá acesso a um minúsculo planetário, onde rapidamente o visitante assiste a um vídeo a respeito do Universo: galáxias, constelações, satélites, planetas etc.
Pelo que entendi, o objetivo dessa apresentação (há limitação de pessoas) é mostrar-nos onde nos localizamos neste espaço chamado Universo.

AS IMAGENS SÃO PÉSSIMAS!

São borrões que não se via nem em cinema mudo, que oferecem um show de falta de resolução para a resumida platéia. Um horror! Há de se ter muita coragem para apresentar aquilo.

Felizmente o vídeo é rápido e, logo, logo, perdemos aquela impressão de que algo caiu no olho e passamos e enxergar tudo embaçado. Muuuiiito ruim.
O museu procura integrar o visitante ao passado, ao presente e, supostamente, ao futuro, mas, pelas imagens apresentadas, um futuro caótico – diga-se de passagem.

Levando-se em consideração tratar-se de um espaço moderníssimo, totalmente informatizado e interativo, tamanho desleixo não se justifica.
O Museu do Amanhã deveria fazer jus ao nome e se preocupar em oferecer imagens fantásticas que integrasse, logo de início, o visitante a esse Universo. Mas…

O assunto COSMOS  prolonga-se por algumas mesas computadorizadas, onde os visitantes obtêm mais informações a respeito dessa colossal incógnita. Entretanto,
não conseguimos nos aproximar de nenhuma delas. O excessivo público jovem estava, visivelmente, mais interessado em apertar botões que obter informações a respeito do que o museu se propõe. Era um tal de “vamo vê o que acontece apertano esse butão aqui” sem fim. A-do-ro!

TERRA

A seguir vêm as informações referentes ao nosso planeta. E para melhor compreendermos nossa existência, a exposição montou três cubos no salão, representando Matéria, Vida e Pensamento.

No primeiro cubo nos é mostrado o mundo pelo qual estamos cercados. É preciso, urgentemente, conscientizar os povos, que deverá existir cumplicidade entre cada ser humano e o planeta em que vivemos, a fim de que ambos possam viver integrados e saudavelmente.

Necessário entender que depende de cada um de nós mantermos vivos, e em condições de sobrevivência, o Paraíso em que habitamos.

O museu faz um chamamento para o cultura de diversos países – foi outra sala onde só consegui chegar alguns centímetros após a entrada. Tive que esperar muito até conseguir fotografar esses totens sem ninguém na frente.

A terceira e última referente à TERRA, aborda o PENSAMENTO:

 

Depois vem o ANTROPOCENO

termo usado por cientistas para designar as interferências que o Homem exerce no planeta. Clima x ecossistema fazem parte dessas modificações nem sempre positivas, sentidas até pelos mais indiferentes.
Essa parte é a mais impactante do museu: o visitante entra em um ambiente onde ficará cercado por 8 totens de 10 metros de altura.
Cada um mostra estatísticas alarmantes a respeito de desmatamento, mortes relacionadas com água, aumento de população (Nova York, Singapura, São Paulo são mostradas nos painéis), extinção de corais devido ao excesso de poluição nos oceanos e muitos, muitos etecéteras.
Uma das cenas mais chocantes exibe um senhor em um barco a remo, navegando em um mar de lixo! Puro lixo! Não aparece um milímetro de água sequer. Apenas lixo.

E como dizia Confúcio, “Uma imagem vale mais que mil palavras” .

A reportagem do G1 de 03/11/2017 exemplifica o que acabo de citar. Clique aqui e veja a situação do Canal das Taxas, aqui pertinho, no Recreio dos Bandeirantes.

Imagens grandes e nítidas dos totens atingem em cheio o coração dos mais atentos, ao exibirem a realidade cruel que nos cerca: a fome…,a miséria do mundo…, o poder que desencadeia sérios conflitos políticos e religiosos, bem como a posse pela riqueza extraída da terra. Muito sofrimento…

 

SOCIEDADE

 

A SAÍDA

Uma estrutura semelhante a uma rede de madeira, em forma de oca, nos remete à simplicidade de uma cabana indígena. No  centro, espetado em uma bolacha na qual se lê pequenas frases em diferentes idiomas, uma peça igualmente simples me pareceu servir de integração entre povos de idiomas distintos.

 

UM CHOQUE DE REALIDADE

O museu é um convite a muitas reflexões… Expõe feridas, nem sempre cicatrizáveis, de um planeta despreparado para qualquer tipo de agressão. Revela a triste e cruel realidade daqueles que teimam em viver – ou agonizar? – em algum lugar bem longínquo desse mesmo planeta em que vivemos, “muito bem, obrigado”.

O Museu do Amanhã é um choque de realidade, e não por acaso incluíram o texto do escritor, poeta, crítico literário e tradutor argentino Jorge Luiz Borges, que nos ensina o seguinte: ” A uns trezentos ou quatrocentos metros da Pirâmide me inclinei, peguei um punhado de areia, deixei-o cair silenciosamente um pouco mais adiante e disse em voz baixa: – Estou modificando o Saara. O ato era insignificante, mas as palavras nada engenhosas eram justas e pensei que fora necessária toda a minha vida para que eu pudesse pronunciá-las.”

E quando você pensa que não há mais nada para se ver do museu propriamente dito, e aprender com sua mensagem gritante, o visitante se depara com a paisagem da foto abaixo.

É hora de respirar o ar que nós mesmos poluímos e constatar que o mar que nos cerca está longe, muito longe de ser balneável, pelo mesmo motivo.

Passou da hora de termos consciência de que fazemos parte deste contexto chocante a que acabamos de assistir, e de que tudo que nos cerca depende de cada um de nós. Cada vez mais.

 

O OBSERVATÓRIO DO AMANHÃ

O assunto alvo do Museu do Amanhã é de tamanha seriedade, que duas vezes por mês o museu abre suas portas, gratuitamente, para os interessados nos sinais vitais da Terra.
Esse laboratório, digamos assim, chama-se Observatório do Amanhã. Obtenha informações clicando aqui.

EXPOSIÇÃO SANTOS DUMONT

Foi atraente, informativa e leve como seu 14-bis.
Achei bastante interessante a proposta da exposição, em não ocultar a polêmica a respeito de quem seria, na verdade, o “pai” da aviação.
Fotos e fatos contam a trajetória dos irmãos Wilbur e Orville Wright.
Entretanto, a dupla que afirma ter voado pela primeira vez em um veículo mais pesado que o ar, em 1903, não comprovou o feito. Ao contrário, Santos Dumont voou nos campos de Bagatelle, em Paris, em voo homologado e diante de platéia.
Sua máquina voadora evoluiu rapidamente: em seu voo inaugural, Santos Dumont elevou o 14-bis a 2 e 3 metros de altura e percorreu a distância de 60 metros. Dias após, em 12 de novembro, percorreu 220 metros a uma altura de 6 metros.
É o que nos conta a história da aviação. Pelo sim, pelo não, evidentemente que atribuiremos ao brasileiro esse invento fantástico.

O museu apresentou diversos modelos de aeronaves e possibilitou os curiosos…

… de experimentarem um voo vertical no modelo abaixo. Não preciso dizer que a fila era imensa.

A mostra não se limitou em focar apenas nosso mineirinho voador; foi rica em detalhes a respeito da aviação em geral, o que achei de muito bom gosto.

Visitará o Rio de Janeiro? Não deixe de incluir o Museu do Amanhã em seu roteiro. Imperdível!

CULTURA. APRECIE-A SEM MODERAÇÃO!