Nosso destino era o Cerro Tronador/Ventisquero Negro e assim que Bariloche ficou para trás nossa curiosidade aumentava a cada curva. Como uma criança inquieta, me perguntava: – Será que falta muito para chegarmos ao Ventisquero Negro? O nome meio assustador impressionava, impunha respeito. Como seria essa tal geleira? Pois bem. Faltava ainda um respeitável trecho de estrada e o alvo da viagem estava exatamente! no fim da linha. É esse trajeto que tentarei descrever prá você.
RUMO AO VENTISQUERO NEGRO
Trafegamos pela RN-40. Essa rodovia é emoldurada por lagos, rios e montanhas cobertas por árvores típicas da Patagônia tais quais lengas, coihues, ciprestes, ñires e ainda muita neve em seus cumes.
A vegetação é abundante e fechada, mas vez ou outra cede espaço para alguma árvore ou arbusto florido.
Essa imensidão de diversos tons e nuances de verde alternam-se com o azul do céu refletido nos lagos e formam paisagens inesquecíveis. Tal qual em um caleidoscópio, o cenário vai mudando a medida em que trafegamos, e novas cores, luz e sombra, mostram-se aos olhares mais atentos.
Não há caminho circular conforme fizemos quando estivemos em San Martín de los Andes. Aqui o percurso é de ida e volta pela mesma estrada.
Acima: Lago Nahuel Huapi, em Bariloche (ponto de partida), fotografado ao amanhecer.
Saindo do perímetro de Bariloche pela mesma RN-40, o primeiro lago com o qual nos deparamos foi o Gutierrez.
A rodovia percorre uma das margens do lago em quase sua totalidade e atravessa o rio que você vê abaixo em dois momentos.
Este lago está localizado entre o Cerro Catedral, importante estação de esquiagem, e a Sierra de la Ventana. Por suas margens pode-se caminhar, passear de automóvel ou cavalo. Às margens do Gutierrez argentinos ricos construíram belas e luxuosas casas que você poderá admirar nesse rolê.
Não demora muito e a seguir vem o Lago Mascardi, bem maior em volume d’água que o Gutierrez. Bom para nós, que desfrutamos de sua companhia desde o Camping Las Carpitas até o Camp Los Cesares. Para quem não sabe onde ficam, trata-se de 24.2 km e o tempo aproximado de percurso é de 54 minutos (informação Google Earth). Tempo longo para um percurso relativamente pequeno, é verdade, mas não nos esqueçamos de que a estrada não é totalmente asfaltada, o que requer mais cuidados.
Em Playa Negra, margem do Mascardi, fizemos uma parada para fotos e apreciar a paisagem. “Sentir o clima”, como costumamos dizer. Ventava e fazia um frio de congelar a alma.
O Las Carpitas serve de aviso para que, logo após suas instalações, o motorista deva dobrar à direita e enveredar por um caminho sem pavimentação asfáltica – a RP 82 –, que o levará até seu destino final, o Cerro Tronador.
Apesar de ser de cascalho a estrada não oferecia desconforto. Nada de buracos, “costelas”, valas ou qualquer outra coisa do qual pudéssemos reclamar.
Prosseguindo, tivemos a primeira parada técnica no Camping Los Rápidos. Houve tempo suficiente para fazermos uma curta caminhada, tomarmos um café bem quentinho, apreciar a natureza e sacar algumas fotos.
Esse rio de águas cristalinas que vemos nas fotos chama-se Rio Mando: une a Laguna Los Moscos ao Lago Mascardi. Sem dúvida, uma bela opção para quem gosta de acampar e pescar trutas e salmões do Pacífico, além de ser um convite para um bom mergulho em suas águas congelantes. O rio é longo e nem todos os trechos oferecem segurança para a prática da pesca e rafting.
A segunda parada foi no Mirador Mascardi que você vê na foto abaixo.
O Lago Mascardi é tão especial que construíram um ponto de vista muito bem estruturado para que o turista desfrute de toda sua grandeza.
Verdade seja dita, a Argentina está preparada para oferecer a seus visitantes excelentes condições para usufruir de suas principais atrações turísticas. Isso é indiscutível.
Acima, a Ilha Corazón (coração visto com boa vontade).
Tal qual a maior parte dos lagos da região, este também é de origem glacial. Seu formato é de um V, mas… é conhecido por ter a forma de uma ferradura. Vai entender.
CAMP LOS CESARES
Meia hora na estrada e fizemos outra parada em mais um camping. Desta vez foi o Camp los Cesares no Parque Nacional Nahuel Huapi, 82, Villa Mascardi, Río Negro, Argentina.
O cenário não poderia ser outro: o Lago Mascardi. Água tranquila, sonolenta…, bem diferente da que vimos em Playa Negra – surpresas que a natureza desse planeta fantástico em que vivemos nos oferece.
Passamos por lugares contemplativos como esse que você vê acima. Paisagens tranquilizantes em que o silêncio é apenas interrompido pelo canto de pássaros ou o zumbido de uma abelha que segue veloz em sua caminhada.
Cenários ideais para meditarmos, mas não de olhos fechados. Nada disso! Ao contrário, mantê-los bem abertos para que tenhamos consciência de que a Terra nos presenteia com o que há de melhor e que o único preço que nos cobra é o respeito.
O lugar, bem afastado de Bariloche, é ideal para quem deseja descansar, relaxar, jogar sua canastra ouvindo canto de pássaros, dormir…, comer…, dormir…, comer de novo… (a fórmula da bomba), comer trutas… (mais ainda: fisgar seu prato naquela água geladinha, geladinha – brrr!) e exercitar-se em caminhadas.
PAMPA LINDA
Aqui paramos para almoçar e os passageiros puderam escolher entre dois restaurantes: eu e meu fiel escudeiro optamos pelo Pampa Linda e os demais pela Hosteria Pampa Linda, onde fomos nos servir mais tarde de um final de sobremesa.
Três campings ocupam esta área: Rio Manso, Pampa Linda e Vuriloche. Almoçamos no restaurante Los Vuriloches, na foto acima.
Cardápio simples, mas comidinha saborosa valorizada pelo atendimento simpático. A funcionária que nos atendeu havia estado no Brasil e fez questão de ensaiar algumas frases em português. Percebemos que seu intuito era de nos agradar. A dificuldade em pronunciar algumas palavras era grande e a ajudamos algumas vezes. Traduzimos seu esforço como uma grande homenagem e saímos de lá felizes por esse gesto tão simples, mas tão significativo.
Ao caminharmos em direção ao outro restaurante nos deparamos com o poder do Cerro Tronador e passamos a entender seu significado.
Momento inesperado em que a ciumenta e insistente nuvem que o encobria permitiu-me que o fotografasse trajado com seu eterno manto branco.
Como a respeito do Ventisquero Negro há muita informação e esta postagem ficaria muito maior, optei pela divisão do assunto. Na próxima página você saberá também o que é o Cerro Tronador.
Esse passeio recomendo sem restrições. É maravilhoso!
Suas fotos e sua descrição dos lugares nos incentivam a
o passeio. A Argentina é assim mesmo! Cada cantinho descoberto, um encanto!
Um prato cheio prá quem gosta eco-turismo!
Adorei!
Bjs!
Querida Angela! Suas palavras doces e incentivadores me impulsionam. Obrigada mais uma vez. Bjks da amiga Marilia.
Amiga Marília,
Como sempre você detalha muito bem as suas experiências de viagem! Nessa postagem eu acabei “viajando” junto com você.
O roteiro que você fez foi oferecido pelo guia que me acompanhou em Bariloche. Como eu tinha que escolher entre ele e a Rota dos Sete Lagos, acabei escolhendo a Rota (da qual não me arrependo de nada), pois não havia tempo suficiente para tudo.
Porém, um casal de amigos do RJ, que conheci durante o Cruce de Lagos desde o Chile, optou por fazer o Cerro Tronador + Ventisquero Negro e voltou falando maravilhas de lá. Somente agora vi as fotos do roteiro e realmente pude perceber que também é muito lindo.
Portanto, dica anotada para um futuro retorno a Bariloche!
Amigo Rodrigo,
Agradeço penhorada por seus comentários, sempre pautados em valiosas informações.
Seja sempre bem-vindo!
Abraço cordial da Marilia.
Que bom que continuo viajando com você e conhecendo os mais inusitados lugares do planeta Terra, através de suas lentes, seus olhos e sua sensibilidade descitiva. Grata amiga pela viajem.
Ô amiga!… Quisera ter sua companhia em todas as viagens!…Garanto que seria muito mais divertido. Agradeço por seus elogio e comentário. Bjks da amiga Marilia.