FRANÇA . PARIS . Vagenende Brasserie – Herança Art-Nouveau no 6 ème.

 

Já havíamos passado pela porta da Vagenende Brasserie algumas vezes, quando me dei conta de que aquele era o restaurante indicado por uma brasileira residente em Paris, autora de famoso blog focado nesta cidade.

 

IMAGEM DESTACADAParcial do interior da Vagenende Brasserie.

 

Horário de Atendimento: Diariamente de 12.00 h às 24.00 h.
Telefone: 01 43 26 68 18 (De 2ª a 6ª de 8.00h às 17.00h). O salão privativo comporta de 10 a 45 pessoas sentadas. A reserva pelo site é bem fácil: basta marcar o dia pretendido no calendário, número de pessoas e horário desejado. Simples assim.


Vamos começar pelo brevíssimo vídeo só prá você ter uma idéia do ambiente. Clique aqui e a seguir em Accueil.

1 – POR QUE BRASSERIE?

Brasserie quer dizer cervejaria. Na França, algumas casas são heranças da Belle Époque e sob este aspecto o Vagenende está mergulhado neste contexto. Nada a ver com o perfil das cervejarias que conhecemos aqui no Brasil – passa ao largo.
Pelo menos aqui no Rio, não conheço nada que se assemelhe a esse perfil, e esclareço que estou levando em conta o aproveitamento de prédios e decoração de época. O que temos na cidade e que mais se aproxima  a essas características, a meu ver, é a Confeitaria Colombo.

 

2 – VAGENENDE ou LIPP?

Difícil aceitar que a Vagenende ou a Lipp, duas conhecidas, tradicionais e vizinhas brasseries do Boulevard Saint Germain tenham alguma ligação com cervejaria. Mas, a França é o berço das brasseries e isso não se discute.
Estivemos em ambas para jantar, sendo que a Lipp, pelo que pude observar, é mais conservadora. Sente-se que procura não fugir aos hábitos da época, a começar pelo figurino dos garçons, extremamente elegantes.

Não importa em qual das duas estejamos, inevitavelmente, você voltará no tempo ou, no mínimo, vai se lembrar do filme “Meia-Noite em Paris”. E se der muitas asas a sua imaginação, como a Degas aqui costuma dar, a qualquer momento poderá topar com Ernest Hemingway, Salvador Dali ou Gertrude Stein. De quebra, quem sabe?, esbarrar em Josephyne Bakerlinda, maravilhosa, esfuziante, brilhando em um traje “melindrosa” chiquérrimo e beeem ousado. Sua estréia em Paris aconteceu em 1925! Portanto, se foi para lá que você se reportou…

 

3 – UM POUCO DE SUA HISTÓRIA

“O prédio data de 1878 e a brasserie nem sempre teve esse nome. Na loja do térreo, reformada em 1904, os irmãos Eduardo e Camilla Chartier, fundadores de uma cadeia de restaurantes especializados em “caldos”, instalaram um desses restaurantes populares no local e aí fizeram reputação e fortuna .
Eles mesmos assinaram a decoração, dando-lhe todo o charme e luxo da Belle Époque. Espelhos bisotados que refletem o infinito, emoldurados por madeira entalhada em curvas e arabescos. 

 

Estivemos duas vezes na Vagenande, em anos diferentes. Como não voltar, se houve oportunidade?
Estivemos duas vezes na Vagenande, em anos diferentes. Como não voltar, se houve oportunidade?

 

Vagenende Brasserie.

 

Cabides em bronze, ricamente trabalhados, vimos distribuídos em praticamente todas as paredes.

 

A clarabóia que cobre um antigo pátio interior, o roda-meio de faiança com motivo de frutas trançadas, as 36 paisagens pintadas sobre pasta de vidro criadas e assinadas por Pivain e os cabides ricamente trabalhados em bronze ainda estão lá para serem admirados.

 

Clarabóias esbanjam requinte onde, inicialmente, havia um pátio interno.
Clarabóias esbanjam requinte onde, inicialmente, havia um pátio interno.

 

 

Riqueza em detalhes no roda-meio da brasserie.
Riqueza em detalhes no roda-meio da brasserie.

 

Após alguns anos de exploração, a casa foi assumida por Rougeot, seu maior concorrente, que, por sua vez, cedeu-a nos anos 20 à família Vagenende. Por mais de cinquenta anos esta família se esforçou para conservar e salvaguardar todo o charme do início do século deste endereço popular, que quase tornou-se um supermercado em 1966!
Felizmente, após uma campanha da imprensa, a intervenção do Ministro da Cultura de Charles de Gaule, André Malraux, frustrou o projeto de demolição.
Desde 1983 a inscrição de tetos, paredes e pisos no inventário suplementar de Monumentos Históricos garante a preservação desta jóia da Belle Époque, sob o olhar atento de seus proprietários Monique e Marie Egurreguy”.

 

4 – O ATENDIMENTO

Fomos recebidos com muita simpatia, gentileza e bom humor pelos maître e garçom. E ao comentar a beleza pela qual nos vimos cercados, ambos colocaram-se à disposição para nos mostrar os demais ambientes assim que desejássemos.
Pagamos a conta e começamos nossa visita, sendo apresentados, inicialmente, a um antigo realejo datado da época da inauguração do restaurante (melhor dizer assim). Infelizmente a relíquia não teve a merecida atenção. Não funciona mais e penso que poderia chamar bastante atenção se estivesse funcionando e em lugar de destaque na brasserie.
Viajei naqueles espelhos e imaginei mais uma vez como não deveria ser a Paris daquela época.  Devia ter sido apaixonante.
Tudo nos foi mostrado em mínimos detalhes com a maior boa vontade (e aqui abro este parêntesis para dizer que não entendo a fama dos garçons franceses de serem mau humorados.  À exceção de um garçom que nos respondeu com grosseria em um restaurante de Nice – acabei deixando-o quietinho ao lhe responder no mesmo tom -, sempre fomos muito bem atendidos em qualquer lugar na França).

 

O cardápio é variado e os preços são convidativos, o que vale mais ainda a visita a esse autêntico ambiente da década de 20. Recomendo sem restrições.

 

De entrada pedimos tomates, mussarela de búfala e pistache e uma porção de escargot.
De entrada pedimos tomates, mussarela de búfala e pistache e uma porção de escargot.

 

 

Meu companheiro de viagens optou por Filé Chateaubriand com fritas e eu por camarões. Sugestões saborosas e sem complicações estavam no cardápio, tais como atum com ratatouille, risoto de legumes, linguado com batatas cozidas e por aí vai.

 

 

O ambiente é excessivamente decorado, como pede o próprio estilo Art-Nouvearu.
O ambiente é excessivamente decorado, como pede o próprio estilo Art-Nouveau.

 

Espelhos e trabalho rebuscado em marcenaria encontrava-se conservados.
Espelhos e trabalho rebuscado em marcenaria encontrava-se conservados.

 

Tudo valeu à pena em nossa ida à Vagenende Brasserie. Desde a decoração original, à riqueza de ofertas do cardápio e o atendimento especial que nos dispensaram.
Tudo valeu à pena em nossa ida à Vagenende Brasserie. Desde a decoração original, à riqueza de ofertas do cardápio e o atendimento especial que nos dispensaram.

 

O antigo realejo que não passa de uma peça decorativa da brasserie. Uma pena...
O antigo realejo que acabou servindo apenas como peça decorativa da brasserie. Uma pena…

 

Nas fotos seguintes, os dois senhores que abrilhantaram nosso jantar com suas simpatia, bom humor e cordialidade. Atendimento impecável! As fotos não ficaram boas, mas fiz questão que a dupla figurasse no blog.

 

Este senhor, gentilíssimo, em companhia do garçon fez as honras da Vagenande Brasserie e, além de nos mostrar todo o salão, fez questão de nos contar sua história. E que história!
Este senhor, gentilíssimo, em companhia do garçon fez as honras da Vagenende Brasserie e, além de nos mostrar todo o salão, fez questão de nos contar sua história. E que história!

 

O garçom que aparece na foto ofereceu-se para nos fotografar na Vagenende Brasserie.
O garçom que aparece na foto acima ofereceu-se para nos fotografar. Percebi que ele balançou a máquina ao apertar o obturador e imaginei que a foto ficaria toda borrada. Acertei em cheio e por isso a descartei.

 

 

 

4 comentários em “FRANÇA . PARIS . Vagenende Brasserie – Herança Art-Nouveau no 6 ème.

  1. Outra dica anotada e já por mim compartilhada com amigos, sobre esse lugar charmoso de Paris. Afinal, o que não fica bonito com o tempero de sua narrativa, não é mesmo amiga?

    Abraço!

    1. Ô amigo… Quem dera soubesse escrever…
      Esse restaurante sussurra sua História (sim, com letra maiúscula) assim que você entra. Indo à Paris, vale muito à pena conhecê-lo. Está bem próximo do Le Deux Magots.
      Há um outro lugar maravilhoso para se curtir, a Brasserie Lipp, que está na fila da postagem.
      Chegaremos lá.
      Obrigada por suas prestimosas colaborações.
      Abraços da Marilia.

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