BRASIL . SANTA CATARINA . FLORIANÓPOLIS – O Decadente Hotel Maria do Mar.

HOTEL MARIA DO MAR – Este nome, ainda bem conhecido em Florianópolis, conquistou fama ao hospedar nomes de prestígio da sociedade, ao organizar festas que viravam notícia em colunas sociais e ao promover, religiosamente, até hoje, uma feijoada que acontece aos sábados, nos meses de inverno, que conquistou fama, mas não deitou na cama.
Infelizmente, há anos, transformou-se em um hotel de hospedagem barata e motivos não faltam para ter-se desvalorizado tanto.

A NOVIDADE NO BAIRRO
Durante sua construção no bairro João Paulo (ex Saco Grande), em 1980 – foi inaugurado em 21.3.1981 -, não se falava em outra coisa.
Meus pais moravam próximo ao terreno do hotel e cansaram de ouvir considerações a respeito dos objetivo, andamento e tamanho da obra.
Inegável que sua construção foi um acontecimento que agitou o bairro e adjacências e provocou argumentos hipotéticos que se alastravam rapidamente.

A bisbilhotagem teve seu lado positivo, porque contribuiu para que o Hotel Maria do Mar se tornasse objeto dos desejos de muitos, destacando-se os próprios novidadeiros. Entretanto, o preço da feijoada que serviria de gancho para que todos conhecessem o hotel, moquiridu, não era acessível a qualquer tipo de carteira de notas…

O HOTEL MARIA DO MAR
está localizado em uma ribanceira e ocupa um terreno grande que alcança o nível do mar.

Hotel Maria do Mar.

Praia do Hotel Maria do Mar.
O mar em nada se parece àquele da Ilha do Campeche e nem sempre está apropriado para banhos, mas a praia pode servir para uma boa caminhada.

 


2 – A RECEPÇÃO
impressiona por suas dimensões e ainda pelo mobiliário que a decora. Há peças distribuídas por todo o hotel que merecem atenção, tais como cristaleiras, bancos de cerâmica em forma de patos, um baú que serve como mesa de centro (fotos), a cafeteira antiga instalada no restaurante e os rechauds em forma de porquinho que aquecem os caldeirões da feijoada, lindos e muito originais.

  • Na foto acima, em último plano, vê-se o prisma que é utilizado como jardim de inverno e através do qual chega-se ao restaurante e às áreas de lazer. Os corredores de acesso aos quartos também aparecem no fundo da foto.
Recepção do Hotel Maria do Mar.
Recepção no penúltimo plano.

3 – O PRISMA e o RESTAURANTE
No prisma e em outras partes do hotel percebe-se que a decoração do ambiente passou por modificações que empobreceram o visual. Se bem me recordo, um funcionário comentou que no centro deste jardim de inverno havia uma fonte. Um bate-papo tendo como fundo o barulhinho da água, convenhamos, não era para qualquer um.

Essa atmosfera caseira se justifica se levarmos em conta a boa vontade da administração do hotel em oferecer conforto aos hóspedes, e só.
Não conheci o Hotel Maria do Mar em sua melhor fase, mas nem é preciso tanto para perceber que muita coisa foi modificada prá pior, a começar por esse jardim de inverno de gosto duvidoso.

Mais três cristaleiras idênticas à da recepção protegem aproximadamente 100 rótulos de bebidas; em sua maioria, de licores.

A porta que se vê ao fundo é o limite entre o prisma/jardim de inverno e o restaurante e dependências de lazer.
Em frente à cristaleira ficam essas duas áreas de estar (abaixo), e logo a seguir acessa-se o restaurante.

Este estar é o mais próximo da porta para a área de lazer, que fica à direita (detalhe na foto abaixo).
Um biombo ricamente entalhado disfarça a entrada para os banheiros – todos simples, mas modernizados.

No estar mais próximo ao restaurante, duas raquetes que foram utilizadas por um dos manezinhos mais queridos da ilha, Guga Kuerten, são exibidas como preciosidades. Afinal, era na quadra do Hotel Maria do Mar que o tenista e o mestre Larri Passos treinavam as melhores raquetadas.

Hotel Maria do Mar.
Quadra de tênis onde Guga Kuerten treinava com o mestre Larri Passos.

Vista do Hotel Maria do Mar.Vista do Hotel Maria do Mar.


O RESTAURANTE
Penduraram As Chuteiras! Snif.

Quatro tachos que fizeram sucesso nas mesas do restaurante do hotel, agora são destaques na decoração. Os demais encontram-se na parede à direita de quem chega ao salão. Fica muito claro que, literalmente, penduraram as “chuteiras”.

Buffet do café da manhã do Hotel Maria do Mar.Buffet do café da manhã do Hotel Maria do Mar.

A máquina antiga ainda cumpre seu papel e estava sendo utilizada para conservar o leite quente.

SÁBADO É DIA DE FEIJOADA
– Mas, só no Inverno!

O Hotel Maria do Mar também tornou-se conhecido por sua feijoada de sábado, servida no Inverno, mas atualmente em nada lembra o antigo sucesso. Triste dizer, mas é verdade: a procura foi nenhuma no dia em que optamos por almoçar mais uma vez no hotel. Montaram vários caldeirões em um porta-aviões, mas só cinco pessoas, nós, serviram-se dela durante o tempo em que permanecemos no restaurante.
Infelizmente, o hotel está decadente, mas louve-se a cozinha que não deixou a peteca cair no período em que lá estivemos hospedados: os fogões permaneceram abertos para almoço e jantar e serviram a feijoada com a mesma fidelidade desde a época da inauguração do hotel.

Doeu na alma ver o salão arrumado com esmero, engenho e arte, para servir apenas 5 (eu escrevi “cinco”) pessoas: cunhada, irmão, um grande amigo, fiel escudeiro e eu.

Feijoada servida com tudo que você possa imaginar e mais alguma coisa. Igual a essa, nunca vi…

  • O restaurante do hotel no dia da feijoada. À direita, meu fiel escudeiro perdido na imensidão de mesas e cadeiras vazias aguardando nossos três convidados. Triste. Muito triste constatar que até o mais famoso prato do Hotel Maria do Mar perdeu o prestígio e não é mais o “Feijão Maravilha”.

Em frente ao estar dispuseram em u’a mesa várias opções de mastiguetes para acompanhar o caldinho de feijão que fumegava no caldeirão ao lado. Nunca vi tanto milho prá tão pouca galinha…

Feijoada do Hotel Maria do Mar.
Em toda feijoada que se preza, uma boa cachaça não pode faltar no abre alas. E quando é apresentada com tanto charme, parece que o buquê aumenta e torna-se mais saborosa.


… mais & mais exageros.


ÁREA DE LAZER

Acesso às piscinas, ao play ground, às quadras de vôlei e tênis, às mesas de ping-pong e sinuca e à praia.

Nas partes supostamente mais utilizáveis pelos hóspedes percebi cuidados na limpeza e manutenção, mas o mesmo não pude dizer com referência aos quartos e ao estado deprimente da curta ladeira que antecede a passagem (um portão) para a praia.
À direita de quem desce essa rampa há um depósito de móveis quebrados e enferrujados – lixo amontoado, isto sim – que não tiveram o cuidado de esconder. Mas, pensando bem, esconder de quem?


QUARTOS e BANHEIRO
dispensam comentários em aparência e limpeza. O lado positivo ficou por conta das dimensões de ambos. Armário bom. A falta de telas mosquiteiras nas janelas obriga o ocupante do quarto a mantê-las fechadas. Não só insetos e pássaros podem entrar nos quartos, bem como os visitantes mais frequentes do hotel, os saguis.

O primeiro quarto que nos ofereceram foi rejeitado devido ao adiantado estado de decomposição em que se encontrava. Nem nos demos ao trabalho de solicitar troca de habitação e logo o recepcionista nos ofereceu o 121 – menos sujo e despedaçado. Pelas fotos seguintes é possível imaginar o estado do quarto anterior.

Tampo da mesa em péssimo estado de conservação: extremamente arranhado e sujo, bem como o estofamento das cadeiras. Ambos, davam nojo!

O cabide estava encostado na parede por um milagre. Caindo da parede de tão frouxo (observe a inclinação), não o utilizamos.

Chuveiro com pouquíssimo caimento de água.

Colchas gastas,encardidas, com péssima aparência.

O que dizer do estado do lençol? Evidentemente, pedimos para trocá-lo e examinamos o que nos trouxeram para ver em que condições estavam.

Cabides quebrados.

As condições da porta do banheiro em cima e embaixo. Lastimável!

O que dizer do forro das cadeiras? Vergonha!

EU SÓ QUERIA ENTENDER
o seguinte: por que, aos primeiros sinais de decadência, a administração do hotel não diminuiu a capacidade de ocupação dos quartos a fim de manter os demais em condições de habitabilidade? Não seria mais negócio?

O hotel foi construído com 3 andares acima do térreo, acessíveis apenas por escadas. Ora, na baixa temporada, por que não desativar algumas unidades?
Não sei de quantos quartos o hotel dispõe no térreo, mas sei que são 85 no total e que há alguns anos o hotel não completa a lotação.
Só não afirmo que no período de 10 a 16/6/2019 o hotel estava vazio, porque eu e fiel escudeiro estávamos lá.

CADEIRANTES
não precisam de rampa para chegarem aos quartos do térreo, é fato, mas, o hotel só preparou um quarto! para quem tem mobilidade reduzida. E para transitarem pelas principais dependências, será preciso contar com ajuda de alguém para carregá-los porque nem ao restaurante e às áreas de lazer têm acesso! E agora?

O ABSURDO DOS ABSURDOS!
Telefonei para a recepção do hotel hoje pela manhã, 03/9/2020, e obtive a seguinte informação: caso o cadeirante queira acessar o restaurante e áreas de lazer terá que ir de carro pelo caminho da garagem e chegar até onde for possível; depois, contar com a boa vontade dos funcionários do hotel, que terão que improvisar uma rampa para que o hóspede possa alcançar o restaurante! Uma maratona absurda!… Um despropósito sem tamanho, uma falta de respeito sem precedentes!
Meus deuses!
Fiquei pensando no cadeirante que viaja sozinho e que chega de taxi – e desavisado – ao hotel…
Maria não é mais do mar. Maria, faz tempo, não é de ninguém…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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