COPA BACANA… Copacabana!
E pensar que não passava de um areal…Quem diria?
Até ganhar fama internacional, a Princesinha do Mar fez história, fama e soube deitar na cama. Quem imagina que banhistas tomavam leite “no pé da vaca” assim que acabavam de mergulhar? Ou que os terrenos onde construíram a Avenida Atlântica não passavam de fundo de quintal para os moradores da Avenida N. S. de Copacabana? Pense em um rendez-vous, tipo far west, localizado na esquina da Atlântica com a Francisco Otaviano e próximo à Igrejinha de Copacabana… Ou na Cervejaria Brahma, no Leme, onde, em 1907, os moradores das 600 casas do bairro se divertiam. Detalhes curiosos de Copacabana, desde que era um areal, estão registrados em ordem cronológica em sites muito interessantes. Saiba mais clicando aquie aqui.
IMAGEM DESTACADA– Avenida Atlântica . Leme e Copacabana no clique de Maria Irece Targino em 10/9/2020.
IMAGEM DESTACADA –Imagem típica da Provence – janelas de madeira e flores no parapeito.
ENQUANTO AGUARDÁVAMOS LEONOR A visita a Saint Saturnin-les-Apt estava agendado para 14/7/2014, e a programação foi cumprida. Mas, como nossos passeios começavam no centro de Aix, nada melhor do que mostrar mais um pouquinho do Cours Mirabeau,a principal avenida onde Leonor passava de carro diariamente para nos pegar.
E esse dia foi especialíssimo porque nos reservou surpresas inesquecíveis.
UM POUCO DE (MINHA) HISTÓRIA
Chegávamos muito cedo ao Café La Belle Époque. Sonolentos e ainda com a cama nas costas, encontrávamos a avenida mais adormecida que nós – o que não era novidade. Vez ou outra víamos pessoas se arrastando nas largas calçadas, bem como um ou outro automóvel passar em baixa velocidade. Tudo e todos parecendo dormir um sono só.
A PRIMEIRA APARIÇÃO
Aconteceu, que neste dia duas figuras serviram para nos despertar enquanto aguardávamos nossa guia para visitarmos Saint Saturnin-les-Apt.
A primeira, impressionou-me bastante pelo conjunto da obra pelo seguinte: era alta e magra como um espaguete, e para não destoar do perfil assombrante, seu rosto fino e magro estava perdido em uma imensa juba triangular e acinzentada. A figura lembrava, sem tirar nem por, as feiticeiras que vemos em filmes infantis e desenhos animados. O nariz longo, pontiagudo e ondulado como um tobogã, estava coroado com uma armação de óculos que só piorava sua aparência bizarra. Uma figura saída de um livro de contos infantis – ou seria de um filme de Almodóvar? – estava ali em minha frente ao vivo e em cores. Não tive como evitar, mas assim que vi a figura logo pensei em uma vassoura. Onde estaria?
Hipnotizada por aquela visão da qual não tirava o olho e sequer piscava, fiz-me algumas perguntas em silêncio entre um gole e outro do cafezinho que tomava, e acabei entendendo o porquê de minha mãe adorar ficar sentada em um banco da Avenida Atlântica, aqui no Rio, e observar o vai-e-vem das pessoas no calçadão. Com certa frequência ela me dizia:
– Distrai, minha filha… distrai muito; vejo cada coisa!…
Depois dessa, é óbvio que passei a lhe dar razão.
– Como distrai, mãe! Como distrai e como assusta também! Bem dizia o poeta Vinícius de Morais: ” As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental ” – sábias palavras.
A SEGUNDA APARIÇÃO
A segunda aparição, antes de nossa partida para Saint Saturnin-les-Apt, ficou por conta do “pormaior” (não do pormenor) do vestido de uma bonita loura prá lá de descolada. La blonde transbordava de um decote exagerado e prático que podia afacilitar, de imediato, algumas necessidades físiológicas – algumas prazerosas, e outras nem tanto.
Foi a primeira vez que vi uma roupa (?) em um decote e não o contrário. Quem pode, pode, vamos combinar, e a louríssima podia se dar ao desfrute de mostrar a retaguarda quase que por completa. Sou totalmente a favor da peruagem, desde que o criador da originalidade obedeça a determinados critérios. Acho que todo cuidado é pouco quando alguém se propõe a atravessar a tênue linha existente entre a elegância e a vulgaridade. Agora, de uma coisa tenho certeza: que esse poderosérrimo e generosíssimo decote despertou muita gente sonolenta àquela hora da manhã, ah despertou. Viva Aix!!!
SAINT SATURNIN-LES-APT
Aos poucos fomos deixando Aix para trás e trafegando em direção à Saint Saturnin-les-Apt, distante em 60 km de Aix.
Trafegando por carro, o percurso leva aproximadamente 1 hora. Caso opte por viajar de ônibus, o passeio ficará um pouco mais cansativo, porque levará o dobro do tempo, ou seja, 1 h e 50 m.
Além da longa feira de antiguidades e objetos usados (as brocantes) que você logo vê ao chegara à Apt, que atrai um movimento expressivo de turistas, a aldeia conta com dois moinhos de vento do século XVII e com ruínas de um castelo medieval. Saint Saturnin é um lugar cercado de História. Ao caminhar pelo centro da pequena vila, o visitante encontrará belas mansões antigas, pórticos esculpidos, além de portas e molduras de janelas delicadamente trabalhadas. A maioria conserva o estilo provençal, belíssimo em sua simplicidade, mas há muitos destaques arquitetônicos em meio a esta simplicidade.
Das três muralhas construídas como fortificação nos séculos XIII, XIV e XVI, só existe o Portal Aiguier.
Há um site bem informativo e bonito que descreve Apt em mínimos detalhes. Caso tenha curiosidade em saber o que Apt tem para oferecer ao turista, principalmente no que diz respeito à parte histórica, basta clicar aqui.
EIRA, BEIRA e TRIBEIRA – DO QUE SE TRATA?
Na foto abaixo está o exemplo de uma pessoa considerada rica, simplesmente pelo detalhe das três beiras (tribeira) do telhado; ou seja, a eira e a beira que vemos abaixo do telhado, formam três beirais. Havia quem tivesse apenas uma fileira de acabamento, a eira, e quem tivesse duas: a eira e a beira.
Chamou-me atenção a beirada do telhado de alguns prédios em St. Saturnin… Sabemos que aqui no Brasil algumas residências ainda exibem características da arquitetura portuguesa, e fileiras de telhas abaixo da calha é uma dentre várias heranças (foto acima). Esse adorno foi adotado pelos portugueses que colonizaram o Brasil. Embora em desuso, a expressão “Fulano não tem eira nem beira” ouvia-se com certa frequência aqui no Brasil, quando alguém se referia à situação financeira de outrem.
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR,
no texto EIRA, BEIRA e TRIBEIRA, define esse aspecto da arquitetura como fator discriminatório.
Diz o autor: “A discriminação religiosa, política e social no Brasil Colonial estava presente em todos os lugares, por exemplo, na igreja, nas casas urbanas e rurais, pois, “[…]” os ricos construíam suas casas com três acabamentos no telhado. De baixo para cima, as partes eram chamadas eira, beira e tribeira. As casas dos pobres eram feitas apenas com tribeira”. Clique aquipara ler o texto interessantíssimo.
Quem não tinha fileira nenhuma, apenas o telhado (a cobertura), era o pobretão, o “sem eira nem beira“. Agora, rico mesmo, era aquele que construía um prédio de dois pavimentos no qual o andar térreo era destinado ao comércio. Esses, além da tribeira, também eram prováveis “donos” de escravos, uma condição que impunha respeito. Esse detalhe que vi em alguns prédios da aldeia intrigou-me, justamente por ser uma característica da arquitetura portuguesa.
BRÁULIO MOURA, ETC
Por outro lado, o autor do blog supra citado, que se denomina turismólogo, historiador, artista plástico, curioso, cachaceiro e falastrão, afirma que essa história é uma baita mentira. Explica que as eiras nada tinham a ver com arquitetura, mas tudo a ver com quem não tinha quintal (eira) e muito menos um terreno (beira).
Nas eiras (quintais), era hábito plantarem cereais e colocá-los para secar. E quem não tinha nem quintal e nem terreno, lógicamente, não tinha “eira nem beira”.
O autor termina sua postagem com um parágrafo bem interessante, no qual faz uma crítica bem humorada a respeito de crenças populares. Vale à pena clicar aqui para ficar bem informado.
Além do mais, a leitura é engraçada e bastante informativa. Tenho certeza de que você gostará de saber como criaram esta grande mentira…
E PARA FINALIZAR NOSSO DIA…
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