Eu e Ângela trabalhamos juntas e tivemos excelente relação de amizade. Tomei rumo diferente na empresa e só fui reencontrá-la muitos anos após essa mudança. Nossa reaproximação aconteceu em um almoço de confraternização dos antigos funcionários daquela agência onde havíamos trabalhado. Conversa vai, conversa vem, acabamos descobrindo algo em comum: nossa paixão por viagens. Daí, istepô, agora, mesmo cada uma em seu canto, não deixamos mais de nos comunicar e aqui estou para passar suas experiências em Ushuaia.
IMAGEM DESTACADA – Vista do Quarto do Tolkeyen Hotel.
Pontualmente chegamos ao lugar marcado para visitarmos a PINGUINEIRA DA ISLA MARTILLO, a ESTÂNCIA HARBERTON e o MUSEU ACATUCHÚN. Estávamos mais uma vez no porto de Ushuaia antes de 7.45 da manhã. Ou seja: de madrugada, como costumo dizer.
Quando vi o tamanho da condução, confesso que fiquei assustada. O que nos aguardaria, para precisarmos de um veículo daquele porte?
FOTO EM DESTAQUE: As estrelas da ilha – os pinguins.
Sabe quando você percebe que tomou o bonde errado? Para quem não andou de bonde e/ou nem desconfia o que é, lá vai: era um veículo longo que ficava mais longo ainda quando carregava o reboque (outro bonde mais simples em aparência do que o principal) e que quase o jogava na rua todas as vezes que fazia uma curva, caso você não se agarrasse bem em algum lugar.
EU ADORAVA O REBOQUE. SABE POR QUE?
Particularmente, por conta dessas manobras radicais a deslocamentos mínimos por hora, eu adorava viajar no reboque. Digo deslocamentos porque seria um absurdo falar em velocidade em se tratando de bonde. Naquela época não havia aquela tabuleta – como a gente vê agora atrás das carretas, não tem? -, avisando o comprimento do veículo. As ruas eram de mão dupla e ultrapassar um bonde com reboque, algumas vezes era um parto. Andava lentamente sobre trilhos – nada a ver com o VLT, embora fosse o protótipo – e os itinerários variavam de acordo com o número da linha. Caso você tomasse um bonde errado, istepô, tinha que se virar para refazer o trajeto e isso levava horas!!!
BONDE NA PATAGÔNIA?
De acordo com a matéria postada no link a seguir – basta clicar aqui -, “a velocidade do bonde combinava com o caminhar do pedestre” – diz o arquiteto Pedro da Luz. Sentiu? Vai daí que quando percebemos que havíamos pegado o bonde errado (e logo na Patagônia!) não dava mais para refazer o trajeto e tivemos que seguir em frente.
SONHAR NÃO CUSTA NADA…
O ritmo era de aventura, perfeito para crianças e jovens – nada a ver com dois idosos iguais a nós (69 e 76 anos). Acontece que há muito sonhava com esse roteiro e chegava a me ver caminhando sobre o gelo com botas cheias de grampos na sola. Já me sentia até calçando um porco-espinho, feliz da vida, mas não foi bem assim. Chegamos a ir ao médico! para nos certificarmos de nossas condições físicas e… partimos Patagônia.
UMA CONEXÃO DE INVEJAR MARATONISTA!
A conexão em Buenos Aires é sempre uma surpresa e dessa vez não foi diferente. Primeiramente, não havia indicação dos voos nas esteiras de entrega de bagagens. Repentinamente, uma delas começou a funcionar e uma das primeiras malas a aparecer foi a de meu fiel escudeiro. Aconteceu que minha mala só foi aparecer cerca de 40 minutos depois, em outra esteira, por ter chegado em outro voo!
Apesar desse imprevisto nosso embarque para Ushuaia demoraria um pouco… portanto, havia tempo de sobra para fazer o check-in, câmbio (li a respeito da dificuldade que há na cidade para se trocar moedas), e ainda sobraria tempo para tomarmos um café. No guichê de câmbio havia apenas dois funcionários mau humorados trabalhando e a fila era enorme.
O CÂMBIO
Havíamos separado notas de 100 dólares para trocar, mas como só estavam aceitando de 50, tivemos que nos afastar para pegar as notas na doleira – aquela manobra em que a gente se sente quase nu diante de todos quando é pego de surpresa e que muitos viajantes conhecem. Não podíamos perder o lugar na fila e eu me meu fiel escudeiro nos revezamos nessa modalidade de saque.
Feito o câmbio, corremos para a fila do check-in para Ushuaia e ouvimos o seguinte do funcionário da Aerolíneas: corram porque o avião sai em 5 minutos.!!! Saímos correndo (pode não acreditar, mas velho consegue correr), atropelando escada rolante acima, vimos qual o portão de embarque e quando lá chegamos não havia avião. Pronto! Perdemos o voo e não havia ninguém no balcão de embarque. Mau sinal. E agora? Felizmente não era o que pensávamos: o avião estava atrasado – Ufa!- e só fomos voar para Ushuaia muuuito tempo depois (outro Ufa! aqui). Deu tempo para tomarmos um bonito café e ainda digo mais: daria tempo para fazermos um lauto piquenique.
USHUAIA
Ao desembarcarmos, o jovem do receptivo que nos pegou no aeroporto nem nos deixou esquentar o banco do carro – o que seria até difícil levando-se em conta o frio que estava fazendo -, e foi logo passando a programação do dia seguinte. Teríamos que chegar ao porto em torno de 7.30 h da madrugada e faríamos um passeio até às 14.00 horas. O porto era próximo ao hotel em que ficamos, mas teríamos que fazer uma boa caminhada até chegar lá. Sem problemas. Afinal, estávamos lá para topar qualquer parada. Há – há!
Juro que tivemos boa vontade. Acordamos muito cedo, mas…, ao vermos o tempo horroroso, a cama ainda quentiiinha, e sentindo o cansaço tomando conta dos dois garotões, não tivemos dúvida: foi ali mesmo que ficamos. Ligamos para a empresa para avisar que havíamos desistido do passeio e voltamos pra cama. Não havíamos dormido tarde, mas as emoções do dia anterior pesavam em nossos corpos e prova disso foi que acordamos após as 13.00 horas. O Parque Nacional da Terra do Fogo e as Baías Ensenada e Lapataia ficarão para uma próxima.
Demos um rolê pela cidade, lanchamos, fomos ao supermercado, jantamos no próprio hotel e fomos dormir porque no dia seguinte, aí sim, começaria nossa aventura pela Patagônia. E que aventura!
Já era tarde; e como não almoçamos, fizemos um lanche reforçado neste bistrô e gostamos muito. Há fartura de ofertas: cafés, chás, refrigerantes, sucos, sanduíches simples e incrementados, omeletes, saladas, frutas, pães, doces, sorvetes… Um quebra-galho e tanto e mais: um excelente lugar para ir acompanhado de amigos, para colocar o papo em dia.
O SUPERMERCADO
Próximo ao hotel encontramos um supermercado chamado La Anônima (San Martin 1506), rico em suprimentos, onde funciona um sistema de pagamento semelhante ao que vi no Madero (hamburgueria) aqui no Brasil, mais precisamente em Florianópolis.
Ao entrar, a pessoa retira esta peça do cesto e a valida, quase ao lado, em um aparelho pendurado na parede – u’a maquininha parecida com aquela leitora de etiquetas de preços que encontramos em supermercados. Esse aparelho registra o chamador com um número – que nada mais é que uma senha eletrônica.
O cliente então vai às compras, mas tem que ficar de olho em painéis como esse que você vê na foto abaixo, distribuídos pelos corredores. Há caixas diferenciados para cobrar os portadores desses chamadores; na hora em que aparece o número do aparelho no painel, basta comparecer no caixa indicado e pagar a conta.
Na foto, pessoas aguardam pela chamada dos caixas especiais. Por alguns momentos fiquei observando o movimento dessas filas (que não eram para existir, levando-se em consideração que o propósito do sistema é evitá-las) e não vi nenhuma vantagem. O mercado estava cheio…Seria por isso? Não sei. Funciona como fila para idosos, que nem sempre vale à pena.
Ó, istepô! Não pense que você encontrará restaurantes em profusão em Paranaguá porque vai dar com os burros n’água. O que existe de melhor (e que melhor!) está sob a batuta de Dona Norma: a Casa do Barreado.
IMAGEM DESTACADA – A Casa do Barreado.
Pelo roteiro rascunhado, sairíamos de Florianópolis, de carro, em uma segunda-feira com destino a Paranaguá; mas, como às segundas-feiras os restaurantes e as poucas atrações da cidade fecham (?), não seria desta vez que visitaríamos o aquário, e passaríamos pelo restaurante de D. Norma.
Em um site de viagens havia visto informações de que a chef só abria a Casa do Barreado em fins de semana e feriados; portanto, nosso desejo de saborear o prato mais famoso da cidade seria adiado.
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