IMAGEM DESTACADA – Óleo sobre tela de Pierre-Auguste Renoir ( 1876) intitulada O Baile no Moulin de la Galette. Obra Impressionista medindo 75.5 x 99. Acervo Museu d’Orsay.
BAUX DE PROVENCE
Trata-se de uma comuna francesa (“comuna” é o menor nível de uma divisão administrativa na França) que, apesar de pouquíssimos habitantes (pelo que pesquisei em 2013 eram cerca de 450!), atrai cerca de 1.500.000 visitantes por ano! O número é esse mesmo, não me enganei. BAUX DE PROVENCE fica pertinho de Saint-Rémy de Provence (8 km) e de Arles (16 km).
Trata-se de uma das regiões do sul da França que mais atrai turistas no Verão. Saiba o porquê no texto seguinte.
Além do lago de águas serenas onde o visitante poderá se refrescar em um bonito banho, ainda terá a oportunidade de praticar alguns esportes aquáticos oferecidos em determinados pontos do lago. Acrescente-se às várias modalidades de diversão, a caminhada aquática na Garganta do Verdon. Confesso que nunca tinha ouvido falar na especialidade, mas existe. Saiba mais clicando aqui.
LAC de SAINTE CROIX – ORIGEM
Le Lac de Sainte Croix é o resultado de uma barragem construída entre 1971 e 1974, em arcos de concreto, na entrada do Desfiladeiro Baudinard. É alimentado pelo rio Verdon, o mesmo que passa apertado entre os imensos paredões do desfiladeiro conhecido como Gorge (garganta) du Verdon. O reservatório suporta o máximo de 761 milhões de metros cúbicos de água e gera 142 KW/h de eletricidade por ano. São 94 metros de altura. A base dos pilares tem quase 8 metros de espessura e 3 metros de espessura em sua parte superior.
CURIOSIDADE
A antiga aldeia chamada Salles-sur-Verdon teve que ser destruída para ceder espaço para a construção da barragem. Em compensação, nova aldeia foi construída em um platô nas proximidades. Cavernas paleolíticas e ainda a Ponte d’Aiguines, construída na Idade Média, também desapareceram sob o verde jade das águas do lago. É o domínio do progresso sobre a História. Desse evento surgiu um lago imenso e bonito de água pura, emoldurado por uma paisagem inesquecível.
A FUNÇÃO DO LAGO
A superfície abrangida pelo Sainte Croix é de 2.200 hectares: são 10 km de comprimento por 3 km de largura. Além de ter a função de reservatório para a Provence, o lago garante eletricidade às aldeias vizinhas, faz bonito como ponto turístico e transforma-se em área de lazer no Verão.
A PARTE SUL
do lago oferece mais divertimento aos turistas: barcos elétricos, caiaques, stand up padle, pedalinhos…, todos disputadíssimos no Verão. É de quem chegar primeiro; caso contrário, enfrentará filas. Por que barcos elétricos? Porque barcos movidos a motor de gasolina são proibidos.
A PARTE NORTE,
bem diferenciada, oferece como atrações: em Valensole, os campos floridos e perfumados de lavandim; e em Moustier Sainte Marie, você poderá conhecer a produção de porcelanas de alta qualidade.
EM SALLES SUR VERDON,
na parte mais habitada do lago há estrutura hoteleira, restaurantes e praia. Mesmo assim, não perca a oportunidade de fazer um bom pique-nique às margens de uma das paisagens mais bonitas da Provence. Garanto que não se arrependerá por ter-se integrado a um hábito comum dos franceses.
CAMPOS DE GIRASSÓIS
Nessa história de as lavandas serem o foco da atenção dos turistas, os girassóis acabam ficando relegados a segundo plano e isso é decepcionante. Fico com pena dos girassóis… São admirados…, fotografados…, é um “Ai, que lindos!” prá lá, outro prá cá, mas não conheço ninguém que tenha tido, pelo menos, curiosidade em saber para que servem tantos girassóis.
SAIBA MAIS A RESPEITO DOS GIRASSÓIS, ISTEPÔ!
A IMPORTÂNCIA DOS GIRASSÓIS
Justiça seja feita: os girassóis são tão maravilhosos quanto seus vizinhos lilazes perfumados. O contraste que fazem junto do trigo e do lavandim não há quem defina. Girassóis são originários da América do Norte e receberam esse nome por acompanharem a trajetória do Sol desde o nascente ao poente.
O EMPREGO DAS SEMENTES DE GIRASSOL
Sua utilização data do ano 1.000 A.C. São flores poderosas em termos de aproveitamento, sendo que as sementes constituem a melhor parte da planta. Isto porque, além de o óleo ter utilização na culinária, essa mesma gordura é empregada no azeitamento de máquinas e motores, incluindo maquinaria de usinas de energia elétrica. O óleo é utilizado virgem, resultante da prensagem a frio.
O APROVEITAMENTO DO BAGAÇO
Cada quilo de semente produz entre 350 a 450 gramas de óleo. Quatro quilos de sementes produzem 45 mil plantas por hectare , plantando uma semente em cada cova.
Essas plantas produzem entre 1,5 a 3 mil quilos de sementes e entre 30 e 70 toneladas de bagaço que destinam-se à ração animal e à adubação para o próximo plantio.
COMO CULTIVÁ-LO
Seu cultivo é fácil, mas tem um porém. Apesar de a planta ser resistente à pragas, suas folhas são sensíveis à voracidade de lagartas… Por este motivo protegem os girassóis com produtos especializados. As sementes, se bem armazenadas, ficam ao abrigo de fungos e de outros ataques, e são utilizadas ao longo do ano.
O óleo de girassol produz glicerina que, com o acréscimo de etanol e de catalizadores, constitui o biodiesel, isto é: um combustível de preço mais acessível que o próprio diesel (um produto derivado do petróleo).
Os girassóis são flores lindas e marcantes, que valorizam a decoração de uma sala quando colocados em vasos, ou fazem parte de um jardim bem elaborado. Para saber mais clique aqui.
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Saignon, um povoado com pouco mais de mil habitantes, foi mais uma das charmosas aldeias pelas quais passamos quando voltávamos de Sault para Aix.
Como já estávamos cansados, ficamos em Saignon o tempo necessário para clicar algumas fotos e seguir viagem.
Sault e Canela são os assuntos de hoje. Você poderá achar estranho o porquê de eu estar me referindo a uma cidade provençal francesa, Sault, e a uma brasileira badaladíssima como Canela. Porém, no fim da postagem, quem sabe não concordará comigo?
Sault é considerada a capital das lavandas por ser a localidade ideal para sua plantação. Como assim? Lavandas gostam de sol e ar fresco, e a vila fica a 765 m de altitude.
CANELA, RS
Mas, no Brasil, mais precisamente no Sul, temos duas cidades famosas que primam por sua beleza, pelas atrações natalinas e pelas hortênsias que emolduram quilômetros de estradas e crescem abundantemente sem que necessitem de cuidados especiais. Temos campos floridos maravilhosos dos quais muito nos orgulhamos, considerando, claro, as devidas diferenças. As lavandas são plantadas com finalidades comerciais diversas, enquanto que as hortênsias proliferam, praticamente, por conta da própria natureza.
Interessante salientar que neste mesmo dia outra blogueira brasileira também saiu de Aix, onde reside, e foi para Sault. Como assino sua newsletter, vi as imagens que postou e achei interessante que os mesmos objetivos chamaram nossa atenção (?). Na verdade, fica difícil fugir da mesmice porque os pontos de vista de algumas cidades são os mesmos e Sault não fugiu à regra. Obviamente, as fotos acabam parecendo cópias. Sacamos fotos muito parecidas nos mesmos lugares e por este motivo fiz questão de escrever esta observação.
RIO GRANDE DO SUL, BRASIL – OUI, NÓS TEMOS HORTÊNSIAS!
Para terminar essa postagem, fica a seguinte pergunta: será que nossas hortênsias atraem turistas estrangeiros da mesma maneira que as lavandas francesas atraem os brasileiros?
AS CORES DAS HORTÊNSIAS
Estas flores podem ter as seguintes cores: azul, branco, lilás, rosa, roxo, verde e vermelho – dependerá do PH da terra.
Solos com PH abaixo de 5.5 são ácidos e produzem flores azuis e lilazes, enquanto que os que têm PH alcalino, isto é, acima de 6.5, produzem flores rosadas ou avermelhadas.
Isto significa que é possível projetar um jardim de hortênsias nas cores desejadas, desde que o PH do solo esteja de acordo com o projetado. E como é possível corrigir o PH do solo, não fica difícil.
HORTÊNSIAS BRANCASobtêm-se com o PH do solo acima de 8.0!
TIPOS DE HORTÊNSIAS
A Hydrangea Paniculatatem o formato de um cone. Particularmente, nunca vi, bem como a Hortênsia Hydrangea Quercifolia. A mais comum, é a Macrophylla, abundante em Canela e Gramado.
Aquisição de espécies raras de hortênsias você poderá obter clicando aqui. São belíssimas! Agora, um site que “Dá um banho, istepô”, é este aqui.
Pronto! Para quem desconhecia outras espécies de hortênsias, já poderá até arriscar uma importaçãozinha…
IMAGEM DESTACADA –Imagem típica da Provence – janelas de madeira e flores no parapeito.
ENQUANTO AGUARDÁVAMOS LEONOR A visita a Saint Saturnin-les-Apt estava agendado para 14/7/2014, e a programação foi cumprida. Mas, como nossos passeios começavam no centro de Aix, nada melhor do que mostrar mais um pouquinho do Cours Mirabeau,a principal avenida onde Leonor passava de carro diariamente para nos pegar.
E esse dia foi especialíssimo porque nos reservou surpresas inesquecíveis.
UM POUCO DE (MINHA) HISTÓRIA
Chegávamos muito cedo ao Café La Belle Époque. Sonolentos e ainda com a cama nas costas, encontrávamos a avenida mais adormecida que nós – o que não era novidade. Vez ou outra víamos pessoas se arrastando nas largas calçadas, bem como um ou outro automóvel passar em baixa velocidade. Tudo e todos parecendo dormir um sono só.
A PRIMEIRA APARIÇÃO
Aconteceu, que neste dia duas figuras serviram para nos despertar enquanto aguardávamos nossa guia para visitarmos Saint Saturnin-les-Apt.
A primeira, impressionou-me bastante pelo conjunto da obra pelo seguinte: era alta e magra como um espaguete, e para não destoar do perfil assombrante, seu rosto fino e magro estava perdido em uma imensa juba triangular e acinzentada. A figura lembrava, sem tirar nem por, as feiticeiras que vemos em filmes infantis e desenhos animados. O nariz longo, pontiagudo e ondulado como um tobogã, estava coroado com uma armação de óculos que só piorava sua aparência bizarra. Uma figura saída de um livro de contos infantis – ou seria de um filme de Almodóvar? – estava ali em minha frente ao vivo e em cores. Não tive como evitar, mas assim que vi a figura logo pensei em uma vassoura. Onde estaria?
Hipnotizada por aquela visão da qual não tirava o olho e sequer piscava, fiz-me algumas perguntas em silêncio entre um gole e outro do cafezinho que tomava, e acabei entendendo o porquê de minha mãe adorar ficar sentada em um banco da Avenida Atlântica, aqui no Rio, e observar o vai-e-vem das pessoas no calçadão. Com certa frequência ela me dizia:
– Distrai, minha filha… distrai muito; vejo cada coisa!…
Depois dessa, é óbvio que passei a lhe dar razão.
– Como distrai, mãe! Como distrai e como assusta também! Bem dizia o poeta Vinícius de Morais: ” As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental ” – sábias palavras.
A SEGUNDA APARIÇÃO
A segunda aparição, antes de nossa partida para Saint Saturnin-les-Apt, ficou por conta do “pormaior” (não do pormenor) do vestido de uma bonita loura prá lá de descolada. La blonde transbordava de um decote exagerado e prático que podia afacilitar, de imediato, algumas necessidades físiológicas – algumas prazerosas, e outras nem tanto.
Foi a primeira vez que vi uma roupa (?) em um decote e não o contrário. Quem pode, pode, vamos combinar, e a louríssima podia se dar ao desfrute de mostrar a retaguarda quase que por completa. Sou totalmente a favor da peruagem, desde que o criador da originalidade obedeça a determinados critérios. Acho que todo cuidado é pouco quando alguém se propõe a atravessar a tênue linha existente entre a elegância e a vulgaridade. Agora, de uma coisa tenho certeza: que esse poderosérrimo e generosíssimo decote despertou muita gente sonolenta àquela hora da manhã, ah despertou. Viva Aix!!!
SAINT SATURNIN-LES-APT
Aos poucos fomos deixando Aix para trás e trafegando em direção à Saint Saturnin-les-Apt, distante em 60 km de Aix.
Trafegando por carro, o percurso leva aproximadamente 1 hora. Caso opte por viajar de ônibus, o passeio ficará um pouco mais cansativo, porque levará o dobro do tempo, ou seja, 1 h e 50 m.
Além da longa feira de antiguidades e objetos usados (as brocantes) que você logo vê ao chegara à Apt, que atrai um movimento expressivo de turistas, a aldeia conta com dois moinhos de vento do século XVII e com ruínas de um castelo medieval. Saint Saturnin é um lugar cercado de História. Ao caminhar pelo centro da pequena vila, o visitante encontrará belas mansões antigas, pórticos esculpidos, além de portas e molduras de janelas delicadamente trabalhadas. A maioria conserva o estilo provençal, belíssimo em sua simplicidade, mas há muitos destaques arquitetônicos em meio a esta simplicidade.
Das três muralhas construídas como fortificação nos séculos XIII, XIV e XVI, só existe o Portal Aiguier.
Há um site bem informativo e bonito que descreve Apt em mínimos detalhes. Caso tenha curiosidade em saber o que Apt tem para oferecer ao turista, principalmente no que diz respeito à parte histórica, basta clicar aqui.
EIRA, BEIRA e TRIBEIRA – DO QUE SE TRATA?
Na foto abaixo está o exemplo de uma pessoa considerada rica, simplesmente pelo detalhe das três beiras (tribeira) do telhado; ou seja, a eira e a beira que vemos abaixo do telhado, formam três beirais. Havia quem tivesse apenas uma fileira de acabamento, a eira, e quem tivesse duas: a eira e a beira.
Chamou-me atenção a beirada do telhado de alguns prédios em St. Saturnin… Sabemos que aqui no Brasil algumas residências ainda exibem características da arquitetura portuguesa, e fileiras de telhas abaixo da calha é uma dentre várias heranças (foto acima). Esse adorno foi adotado pelos portugueses que colonizaram o Brasil. Embora em desuso, a expressão “Fulano não tem eira nem beira” ouvia-se com certa frequência aqui no Brasil, quando alguém se referia à situação financeira de outrem.
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR,
no texto EIRA, BEIRA e TRIBEIRA, define esse aspecto da arquitetura como fator discriminatório.
Diz o autor: “A discriminação religiosa, política e social no Brasil Colonial estava presente em todos os lugares, por exemplo, na igreja, nas casas urbanas e rurais, pois, “[…]” os ricos construíam suas casas com três acabamentos no telhado. De baixo para cima, as partes eram chamadas eira, beira e tribeira. As casas dos pobres eram feitas apenas com tribeira”. Clique aquipara ler o texto interessantíssimo.
Quem não tinha fileira nenhuma, apenas o telhado (a cobertura), era o pobretão, o “sem eira nem beira“. Agora, rico mesmo, era aquele que construía um prédio de dois pavimentos no qual o andar térreo era destinado ao comércio. Esses, além da tribeira, também eram prováveis “donos” de escravos, uma condição que impunha respeito. Esse detalhe que vi em alguns prédios da aldeia intrigou-me, justamente por ser uma característica da arquitetura portuguesa.
BRÁULIO MOURA, ETC
Por outro lado, o autor do blog supra citado, que se denomina turismólogo, historiador, artista plástico, curioso, cachaceiro e falastrão, afirma que essa história é uma baita mentira. Explica que as eiras nada tinham a ver com arquitetura, mas tudo a ver com quem não tinha quintal (eira) e muito menos um terreno (beira).
Nas eiras (quintais), era hábito plantarem cereais e colocá-los para secar. E quem não tinha nem quintal e nem terreno, lógicamente, não tinha “eira nem beira”.
O autor termina sua postagem com um parágrafo bem interessante, no qual faz uma crítica bem humorada a respeito de crenças populares. Vale à pena clicar aqui para ficar bem informado.
Além do mais, a leitura é engraçada e bastante informativa. Tenho certeza de que você gostará de saber como criaram esta grande mentira…
Endereço: Impasse Port Royal – 30700 Uzès.
Tel.: 04.66.22.38.21 / 09.52.68.38.22
Email: jardinmedievaluzes@gmail.com
UM POUCO DE SUA HISTÓRIA No século XI havia dois castelos em Uzès: o castelo Bermond e o castelo de Raymond, nomes dos “senhores” da cidade. O castelo Bermond se converteria em ducado mais tarde.
Em 1242 e 1280, os bispos – e mais tarde o Rey Carlos VIII, em 1493 -, adquiriram cada um, uma parte da propriedade de Raymond. Os três senhores de Uzès ficaram então assim definidos: o descendente dos Bermond, o Bispo e o Rei. Desse modo, as três torres de Uzès acabaram por simbolizar os três poderes rivais até a revolução. Continuar lendo “FRANÇA . UZÈS . Jardim Medieval . Passeio Dispensável.”→
L’Isle-sur-la-Sorgue, distrito de Avignon, é uma comuna no Sudeste da França no Departamento de Vaucluse, que cresceu às margens do Rio Sorgue, cuja nascente fica em Fontaine du Vaucluse.
Dista em 707 km de Paris, 84 km de Marselha e 33 km de Avinhão.
COMO CHEGAR
L’Isle-Sur-La-Sorgue é servida por uma estação de TGV (Trem de Grande Velocidade) em Avignon, que fica a 25 minutos do Centro, por outra de trem comum (8 km a pé). Serve-se de dois aeroportos, a saber: um em Avignon, 15 km distante, e outro em Marseille, a 1.15 horas de viagem. Clique aqui para saber mais a respeito do Aeroporto Avignon-Provence.
FOTO EM DESTAQUE – Campos de Girassóis entre Aix-en-Provence e Cavaillon. O assunto de hoje é Carpentras, mas vamos começar por…
…AIX-EN-PROVENCE
Saímos cedo de Aix-En-Provence porque tínhamos uma estrada um pouco longa pela frente, mas mesmo assim não deixamos de passar na feira após o café da manhã – feira quase embaixo de nossas janelas.
Alugar imóvel no exterior tem suas vantagens; por outro lado, limpezas em geral, café da manhã e vez ou outra um jantarzinho ficavam por nossa conta. Vai daí que nesse dia acordamos muito cedo por conta das compras – e da arrumação do apartamento que já estava bem descabelado – e saímos em direção a…
CARPENTRAS
Em Carpentras, Isle-Sur-La-Sorgue, Uzès e Apt vimos as maiores feiras dentre todas as comunas por onde andamos. Anaté escolheu a dedo as cidades por onde poderíamos serpentear entre as centenas de barracas. Esse tipo de comércio é atração turística na Provence por muitos motivos, e a prova disso é o número expressivo de turistas se esbarrando nas ruas estreitas. E para quem gosta do babado, unirá o útil ao agradável sem erro algum. “E vou-te dizê-te uma côza” (dicionário manezês): bobagem pensar que você sairá desses imensos mercados a céu aberto de mãos abanando. Prá isso a pessoa tem que ser firme! Ter muita personalidade, e eu não tenho nenhuma quando o assunto é comprar. Para forçar a barra me pergunto algumas vezes: – Você vai, realmente, aproveitar isso? Tem funcionaaado, mas…, quem há de resistir a um patezinho preparado com as mais genuínas receitas provençais, ou a um pedaço de queijo daqueles bem fedorentos, mas deliciosos? Nenhuma feira escapou de nossas investidas. Em todas encontramos alvos saborosos que saciaram nossa gula e curiosidade em experimentar os produtos da terra. Algumas vezes fechei os olhos em frente à barracas de embutidos e farejei o ar como um cachorro vira-latas faminto. Não resisto, e confesso que sou fraca quando o assunto é comer.
O QUE COMPRAR NAS FEIRAS PROVENÇAIS?
A feira de Carpentras não é tão grande quanto a de Uzès – penso que esta seja a maior de todas. As feiras, sem exagero, são maravilhosas. Ora é o perfume das flores que está no ar, ora é o dos condimentos, e não posso me esquecer daquele cheirinho dos queijos e salames. Isso, sem contar as barracas que vendem azeitonas, champignons, alhos e outras delícias já devidamente temperadas. E dá-lhe aromas. Ai, Jesus! Gula é pecado. Roupas, calçados, bijuterias, camisetas pintadas, especiarias, peixes, legumes, frutas, verduras, champignons, doces, sabonetes, sachês, roupa de mesa, cama, banho, objetos para decoração, artesanatos variados e até redes do nordeste!!! vimos na feira de Carpentras. Enfim, dá prá fazer um belo estrago na carteira.
CARPENTRAS
Carpentras é uma comuna francesa na região administrativa da Provença-Alpes-Costa Azul, no departamento de Vaucluse. Tem perfil de cidade grande apesar de a estatística apontar 30.000 habitantes. Nem chega a isso, é um pouquinho menos. Dista de Aix-en-Provence em 96,3 km, e de Fontaine-du-Vaucluse em 22,3 km. Visitamos as duas cidades no mesmo dia. Leonor, brava motorista, dava conta de todos os recados independentemente das distâncias.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Carpentras foi capital do Comtat Venaissin de 1320 a 1791. Trata-se de uma região que faz parte do Departamento de Vaucluse entre o Rhône e Durance, Monte Ventoux e Dentelle de Montmirail, compreendendo as cidades de Carpentras, L’Isle-sur-la-Sorgue e Cavaillon. Esse condado ficou sob a administração papal durante cinco séculos. Profundamente marcada pelas diferentes ordens que se estabeleceram na cidade, Carpentras conserva um patrimônio religioso importante. Exemplo é a Catedral de Saint-Siffrein, linda, edificada entre 1405 e 1531 em estilo gótico meridional.
SINAGOGA do SÉCULO XIV
A sinagoga, sempre em atividade, evoca a história dos judeus perseguidos no Reino de França que encontraram refúgio no condado sob a proteção da Santa-Sé. Esta particularidade histórica encontra-se no movimento do judaísmo provençal e seu dialeto judeu-provençal falado pela comunidade judaica.
Obs: Não fosse a insistência de Leonor, nossa guia, não teríamos visitado a sinagoga. Apesar de termos tocado a campainha várias vezes e termos chegamos no horário de visitação, aguardamos muito tempo até que uma senhora abrisse a porta. A certeza de Leonor de que havia movimento na sinagoga foi fundamental para não perdermos essa preciosidade de Carpentras. Sinceramente, aguardamos aproximadamente 30m até que abrissem a porta. Valeu a insistência. O que não valeu foi a falta de atenção da senhora responsável pelo atendimento. Não entendi o motivo da demora absurda.
A TORÁ
Trata-se de um livro sagrado dos judeus onde 613 mandamentos orientam como devem agir em determinadas situações. É considerada o Antigo Testamento da Bíblia Cristã.
A FONTE DO ANJO
Quase em frente à sinagoga está a Fonte do Anjo, ” A MAIS LINDA DE TODAS”. Em 17 de março de 1730, o Conselho Deliberativo da Prefeitura de Carpentras decidiu pela instalação de uma fonte no espaço que ainda hoje ocupa quase em frente à sinagoga e à Prefeitura, considerado o coração econômico e ativo da cidade.
OS RENOMADOS ESCULTORES QUE PROJETARAM A FONTE
Para sua concepção foram convidados dois escultores renomados: Jean-Paul Guigue, que concebeu uma pia hexagonal, um pedestal helipsoidal e não menos que oito máscaras das quais jorrasse muita água.
O outro escultor chamava-se Jacques Bernus, natural de Carpentras, sobrinho do célebre escultor barroco de Mazin, contratado para elaborar o anjo, em chumbo. Esta estatueta foi colocada no alto do chafariz. Esta figura alada representa o gênio da cidade.
Sua mão esquerda se apóia em um escudo no qual constam as armas municipais. Em sua mão direita ele desenrola um filactério* com a insignia de Carpentras: ” Unitas fortitudo, dissentio fragilitas”. Algo parecido com “A união faz a força, a discordância fragiliza” (não garanto a tradução).
A fonte foi cantada pelos poetas e tornou-se símbolo da cidade, chegando a figurar em cartões postais. Aconteceu que em 1904, apesar dos protestos dos habitantes de Carpentras, ela foi destruída por decisão do Conselho Municipal. Alegaram que a fonte era um desperdício de água e por isso deveria ser demolida. A ordem era substituí-la por uma fonte de ferro em que a água só sairia quando manipulada por uma manivela (a bomba manual que conhecemos). Sem nenhuma piedade nem consideração por seu valor arquitetural, a fonte foi derrubada a golpes de picareta! Somente o anjo escapou por milagre e hoje faz parte das coleções da Biblioteca Municipal Inguimbertine – 234 Boulevard Albin Durand 84200 Carpentras – +33 4 90 63 04 92
Cem anos após, em 2004, a Municipalidade optou por reconstruir a fonte tal qual o modelo anterior, consciente da importância desse patrimônio para a cidade.
COMTAT – FROMAGERIE
Saímos da sinagoga e fomos para a fromagerie chamada COMTAT, onde Leonor havia agendado uma degustação de queijos e vinho. Solicitamos a orientação de Leonor na compra de queijos, salame, ovos e paté, já imaginando o lanche da noite. Como sobremesa, nos serviríamos das frutas frescas que “colhemos” na feira pela manhã e, voilá, faríamos uma refeição digna de um rei.
NOSSO ALMOÇO
Vez ou outra saímos para jantar, mas, normalmente, eu preparava um bonito lanche (no apartamento que alugamos na Praça da Prefeitura) com produtos fresquíssimos que tínhamos em casa. Omeletes, saladas, massas ou então um café ou chá devidamente acompanhado por queijos, frios, patés, geléias e ainda aquele pãozinho francês estalando de fresco era o que tínhamos em nossos lanches. Nossa mesa era colorida e variada como mesa de festa.
PARA FINALIZAR, UMA CURIOSIDADE
Quando falamos em Provence nos reportamos imediatamente às lavandas e pensamos logo na cor lilás. Os vinhedos ficam em segundo lugar, e os girassóis acabam nem sendo lembrados!
– Ué!… nasce girassol lá, é?
– Nasce. E como nasce!…
E quando dizemos que o maior produto provençal é o azeite, aí mesmo é que a surpresa aumenta. – Azeite? – É. Azeite. Também “nasce” azeite na Provence. E amêndoas, e nozes, e cerejas, e trigo. E morangos, conhecidos como “fraise”. Na França nasce tudo isso e também nasce francês.
OS MORANGOS DA PROVENCE…
O morango, originário da América do Sul, foi importado na Europa por um navegador de nome Frézier. Graças à criação do canal de Carpentras, as primeiras plantações de morango foram em 1882. Nos anos 1960 as primeiras estufas apareceram e a produção alcançou 12.000 toneladas.
Mas, a concorrência de países vizinhos levou Carpentras a uma diminuição na produção. Hoje em dia Carpentras produz 4.000 toneladas anuais com 300 produtores, e coloca-se em primeira posição na região da Provence.
COMO COMPRAR MORANGOS
de Carpentras, um dos primeiros da produção francesa a aparecer no ano, é procurado por suas qualidades gustativas:são doces, derretem na boca e são perfumados. Criada em 1999, a Confraria do Morango de Carpentras tem como objetivo tornar conhecido o morango do Comtat Venaissin.
Um conselho: escolha morangos bem vermelhos, sem manchas, brilhantes e firmes. Privilegie o aroma, porque é mais importante que seu tamanho.
ANATÉ MERGER
Nossos roteiros de 2013 e 2014 foram elaborados por Anaté Merger, jornalista brasileira residente em Aix-en-Provence há mais de dez anos, e comandante de uma agência de viagens que você poderá alcançar clicando no link com seu nome.
Anaté, além de dedicar-se à carreira de escritora – vários livros editados após firmar residência em Aix-en-Provence -, aliou seus conhecimentos jornalísticos à atividade que vem desempenhando com afinco na Provence: turismo especializado no Sul da França. Mas, Anaté não parou por aí, pois expandiu sua atividade e atravessou fronteiras. Saiba mais clicando aqui.
Conheci o trabalho da jornalista brasileira por intermédio do blog de outra brasileira radicada em Paris, o http://www.conexaoparis.com.br. Desde de 2011 venho perseguindo as novidades postadas diariamente por essas duas guerreiras de sucesso.
Ménerbes e Cucuron foi nosso primeiro passeio de 2014 sugerido por Anaté Merger.
Em Aix montamos nosso quartel general nos dois verões que passamos no sul da França – 2013 e 2014. A Logística ficou por conta de Anaté Merger, que tomou as seguintes providências: aluguel de apartamento em um ponto maravilhoso em frente à Mairie (Prefeitura), roteiro original (tal qual nos filmes), e aluguel de automóvel guiado pela doce Leonor, dublê de motorista e guia turístico, falando português, évidemment.
NA IMAGEM DESTACADAvemos o detalhe de uma rua de Ménerbes.
Saindo de Nice para Marseille, saquei a penúltima foto do Jardim Alberto I, em fase de acabamento para receber o Festival de Jazz, e rumamos para a Gare com destino a Marseille.
Digo “penúltima” parodiando minha avó paterna que não gostava de pronunciar as palavras “azar” e “última”. Além do mais, como pretendo retornar em breve, o “penúltima” serve para dar uma força no astral.
IMAGEM DESTACADA –A sequência de residências, bares e restaurantes ao longo do Vieux Port.
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